CARATINGA- O artista plástico caratinguense Daniel Pizani Marçal se formou em Artes Visuais na Universide Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2019. Morou em Belo Horizonte durante sete anos, e atualmente vive em Curitiba-PR, onde continua desenvolvendo o trabalho plástico do desenho. Daniel também é escritor, pinta, faz ilustrações e uma série de atividades que envolve esse mundo da arte.
Daniel nasceu em 1994 e tem duas irmãs. Eles não moram mais em Caratinga, mas, têm raízes na cidade. Inclusive, foi na terra das palmeiras que ele da dava seus primeiros passos como artista. “Minha irmã mais velha, Aline Pizani, já se mudou para o Canadá, faz faculdade lá e em Curitiba moro com minha outra irmã. Morei em Caratinga 19 anos, depois prestei vestibular e fui fazer faculdade”.
Ele se recorda que já no Paraná, começou estudando Ciências da Computação, mas rapidamente, se desiluydiu, pois, percebeu que não era seu caminho. “Tive de ir pra descobrir. Acabei não me envolvendo tanto, embora eu sempre tivesse o desenho, a arte, sempre presente na minha trajetória, desde pequeno, por incentivo justamente dos pais. Me desiludi, voltei pra Caratinga, morei aqui por mais um ano com meus pais, frequentei inclusive o cursinho do João Martins e passei na Escola de Belas Artes de BH. Me mudei pra BH, vivi lá sete anos e meio, que foi quando me mudei pra Curitiba, já faz um ano e quatro meses que estou lá, e desenvolvendo minhas atividades”.
Para Daniel é difícil traçar na linha do tempo uma data como marco para seu início no desenho. “Desenho desde sempre, a gente costuma dizer desde que a gente se entende por gente. É uma coisa até misteriosa localizar muito bem no tempo qual foi aquele momento preciso, mas, consigo reconhecer que desde cedo. Desde muito pequeno havia esse incentivo dentro de casa, uma coisa muito paralela com a alfabetização da gente. Já sou de uma geração mais urbana, a gente já cresce um pouco assim dentro dessas estruturas, já tem a escola, é uma outra geração que começa de um ponto diferente, não é mais, nem menos importante, mas é diferente, essa sucessão de eventos. É importante observar como somos personagens dessa história maior , de como a sociedade se transforma. Mas o desenho está na minha vida desde que me entendo por gente, desde muito pequeno, sempre desenhando, fascinado por essa possibilidade de um papel, um lápis e riscar, e imaginar coisas”.
Daniel cita que seus desenhos tem algumas referências do mundo da arte, em artistas e autores da literatura. “Esse pedaço da gravura muito ligada aos artistas expressionistas alemães, artistas que tiveram muita proximidade com a gravura, com essa história da gravura também. Acho que eles trazem um pouco de alimento para aquilo que faço. Então, meu estilo se alimenta na verdade de muitas outras referências, porque no final você acaba coletando um pouco de tudo aquilo que te interessa, para fazer o seu próprio trabalho, para fazer ele acontecer. Acho que na verdade é um pouco inconsciente, você não consegue contornar toda as suas referências, porque você acaba tendo contato com muita coisa. Mas, minha principal modalidade de trabalho é a gravura, que já é uma coisa um pouco diferente do desenho, depende de uma matriz, da prensa, é uma arte que está muito ligada, a arte da confecção do livro, da ilustração do livro, mas já a partir do século XX em diante, mesmo antes na verdade, começa a despontar como uma modalidade autônoma de arte, é uma coisa mais ligada a expressão”.
Daniel Pizani Marçal considera que tem sido muito feliz em sua escolha profissional. Destaque para a exposição Serien Mappen, que reuniu a produção de portfólios de gravura de cinco artistas na cidade de Viena, Áustria (2021); duas edições da mostra O Estado da Arte no Ofício, realizadas respectivamente em São Paulo e Belo Horizonte (2018), e para as exposições Devaneios: imagens do fantástico no acervo da cAsA, realizada na galeria cAsA – Obras sobre Papel, e Um caminho pelas sombras, realizada no Centro Cultural UFMG, ambas em Belo Horizonte (2019).
“Em Curitiba desde que cheguei tive a felicidade de realizar duas exposições individuais, uma delas inclusive num museu muito importante da cidade que é o Guido Viaro, que abriga um acervo desse pintor ítalo-brasileiro, porque ele nasceu na Itália e se estabeleceu ali em Curitiba, no Paraná e desenvolveu escola de pintura. E esse espaço é mantido pela família desse importante pintor, que foi também um grande mestre, um grande professor, e lá além do acervo dele, eles também mantêm um espaço para exposições itinerantes. Apresentei um projeto expositivo, eles acolheram, acharam o trabalho muito interessante”, enfatiza o artista plástico.
Daniel segue descrevendo que tem colhido frutos ainda do seu trabalho. “Você acaba entrando em contato com pessoas desse universo que têm esse interesse também. Fiz algumas exposições internacionais, como essa em Viena, que apresentei gravuras, então, tem sido uma trajetória bem interessante. Acho que ainda tem muito por acontecer, ainda estou caminhando e a gente tem que ser incansável em nossa caminhada, mas, agora tem sido muito interessante”.
A respeito do livro da família e do evento, que acontecerá no sábado, ele fala da importância do resgate histórico. “Fiquei muito feliz com o convite do Jorge e foi uma coincidência muito grande, esses caminhos são misteriosos, como a gente acaba retornando. Na verdade eu vim a Caratinga para ver meus pais que estão convalescidos, estava antes no Rio de Janeiro, fui a propósito de um concurso, e meus pais pediram pra que eu viesse aqui ficar com eles. Acabou sendo uma coincidência, porque o Jorge também veio e está com o projeto de expor o trabalho que ele tem feito em relação ao resgate das memórias da família, para apresentar para a sociedade caratinguense. A gente acabou se encontrando, ele me ligou e perguntou se eu tinha essa disponibilidade, pra mim é uma honra estar aqui em nome de um avô que eu nem conheci pessoalmente, mas que sempre teve muito presente nas histórias. Minha mãe conta muitas histórias dele”.
A família Marçal segue contando, recontando e criando suas histórias. Para Daniel Pizani Marçal, uma característica marcante é o interesse dos familiares pelas origens. “Sempre foi uma família muito interessada por suas próprias histórias, suas próprias raízes, acho que esse primeiro incentivo do desenho vem muito de casa, então não tem como a gente não ter esse apego, essa disponibilidade por uma história que é muito grande, por uma família que é tão cheia de personagens interessantes, então fiquei muito feliz com esse convite”.