Foram identificadas uma série de intervenções irregulares no manancial
CARATINGA – Em nota à imprensa na segunda-feira (2), a Copasa informou que, detém outorga de direito de uso de água no Ribeirão do Lage de 242 litros por segundo e que desta vazão outorgada, atualmente necessita de 200 litros/segundo, para manter o abastecimento de toda população.
No entanto, outra nota encaminhada pela Copasa, ontem, dá dimensões da gravidade da situação na cidade. Foi verificada uma queda da vazão na Estação de Tratamento de Água de Caratinga, baixando para 170 litros/segundo, quantidade esta insuficiente para a garantia da normalidade do abastecimento na cidade de Caratinga.
Mas, através de vistoria no manancial do Ribeirão do Lage, foram identificadas uma série de intervenções irregulares no manancial, ocasionadas por irrigantes de propriedades rurais à montante da captação da Copasa, que estão potencializando a redução da vazão no ponto de captação da empresa.
Imediatamente, a Copasa acionou os órgãos ambientais, tais como: Ministério Público Curador de Meio Ambiente, Superintendência de Regularização Ambiental do Leste Mineiro (SUPRAM) Leste Mineiro, Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e de Meio Ambiente de Caratinga e Polícia Militar de Meio Ambiente, que atuam através da fiscalização e da proteção do interesse público, solicitando ações para interrupção imediata destas intervenções no manancial.
A Copasa informa que se estas medidas urgentes não forem tomadas pelos poderes públicos, haverá comprometimento do abastecimento de água nos próximos dias na cidade.
ESCASSEZ
Na tarde de ontem, a Reportagem esteve na captação da Copasa e o cenário é preocupante. A baixa do nível é evidente e deixa a população em alerta. Para se ter uma ideia, o Ribeirão do Lage, que tem um nível histórico de 70 a 80 cm está apenas com 10 cm.
A Copasa esteve no local e realizou o desvio de 100% do ponto de captação, na tentativa de aumentar a vazão. O vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Caratinga, Wilson Acácio, acompanhou os trabalhos e demonstrou a preocupação com a seca que atingiu a região. Ele disse que já ouviu relatos de uma verdadeira luta pela sobrevivência e que, infelizmente, a falta de chuvas na cidade deixa um cenário extremamente preocupante. “Toda a água da cachoeira secou. Deveria ter havido uma preocupação com o manancial. Agora, o Comitê vai trabalhar campanhas para conscientizar a população e cabe à Copasa vir a público explicar o que vai acontecer”.
Os caratinguenses convivem com incertezas quanto a real situação. A sombra do risco de racionamento é inevitável. Quem passa pelo Ribeirão do Lage percebe os efeitos da seca de maneira bastante clara. As propriedades rurais do entorno ilustram bem isso.
A Copasa está fazendo uma campanha em todo Estado, com uma força tarefa para atingir sua meta de economizar 30% da água, adotando uma série de medidas e ações para evitar os desperdícios de água e preservar os recursos hídricos. A questão atual deixou de ser individual passando a ser coletiva, e por isso, a conscientização da sociedade é muito importante para evitar o desabastecimento.
A empresa colocou no ar, no dia 25 de janeiro o site: www.copasatransparente.com.br, onde traz várias orientações sobre como evitar desperdícios e outras informações de interesse da população. Além disso, a Companhia vem intensificando o seu callcenter “115” para que a população seja sua parceira para denunciar os vazamentos e com isso, acelerar as manutenções.
Resta saber se a Prefeitura de Caratinga vai decretar estado de emergência nos próximos dias e quais serão as informações oficiais da Copasa à população. Autoridades devem se reunir ainda esta semana para trazer orientações aos caratinguenses. O racionamento não está descartado.