A GENEROSIDADE COMEÇA DE CIMA-6 Tirando conclusões do TANAK (Antigo Testamento)

Ao examinarmos os livros de Moisés vimos que o pobre e o necessitado são levados muito mais a sério que podemos imaginar em nosso mundo atual.

Quando se refere a dívidas, a palavra não é de repreensão por má administração ou outro tipo de falha ou deslize na área financeira.

Um alento é dado àquele que está às voltas com contas não pagas e credores na porta.

Também, um forte apelo é feito ao irmão de posses para ajudar, para perdoar a dívida, baseando-se na bondade do próprio Deus, o doador de todas as coisas.

Nos diversos assuntos desde a repartição das terras, ao cancelamento das dívidas no sétimo ano, ou no ano jubileu, a regra é a misericórdia.  E ela é medida no tratamento que é dado ao animal do inimigo.

O que Deus quer atingir em nós é o ‘motor’ de nossas ações, a nossa própria consciência.

Nos Livros de Sabedoria e nos Proféticos essas ideias têm precedência sobre quase todas as outras.

Não é, porém, a glorificação da vida ‘simples’, mas a sensibilidade à necessidade alheia. Pois o soberano Senhor requer misericórdia, como Ele tem em relação a seus filhos!

 

As palavras do Novo Testamento confirmam a visão social do Tanakh?

 

Os textos do Antigo Testamento apresentam o pano de fundo do cuidado que Deus teve e tem com os necessitados.

Mas e no Novo Testamento, o que encontramos?

Será que houve mesmo um corte ‘longitudinal’, e uma nova história teve seu início?

De que ponto de vista Jesus enxergava a sociedade – o seu conceito de justiça social era algo novo, inédito?

Não – não é bem assim.

Essa ligação com o pensamento do Antigo Testamento precisa ser vista com bastante zelo.

Às vezes o intérprete do Novo Testamento fala como se Jesus e os apóstolos desenvolveram pensamentos totalmente próprios, como se não tivessem muito a ver com os profetas ou os livros de Moisés. (Parece que com os livros de Sabedoria não há este tipo de problema???).

Escolhemos passagens que respondem às perguntas feitas acima. A interconectividade dos dois Testamentos é profunda. As passagens a seguir ilustram a aplicação das diretrizes do Antigo Testamento, e que eram ensinadas e exemplificadas numa demonstração do método didático que gerou a sensibilização para a necessidade do próximo.

Os Evangelhos mostram as atitudes de Jesus e seu ensino, e no livro de Atos é colocada diante de nós – em seus primórdios – a realidade de uma comunidade na qual a sensibilidade é verdadeiramente solidária, e as Epístolas comprovam que aqueles que Jesus ensinou sabiam o que era necessário acontecer.

 

Como era Jesus segundo os Evangelhos

 

Sendo Jesus um líder par excellence, a pergunta que se impõe é: Como foi que ele preparou os apóstolos para a explosão que estava por vir a partir do dia de Pentecostes?  A resposta mais clara que podemos detectar é o que ele disse no comissionamento deles:

“19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28.19-20).

Deviam ensinar “tudo” o que ele lhes tinha ordenado. Dentre estes ensinos o principal teria sido o exemplo de sua própria vida. Pois ele mesmo tinha ‘assumido’ a visão revelada ao profeta Isaías (61.1-2), e assim registrada por Lucas (4.18-19):

“18 O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos 19 e proclamar o ano da graça do Senhor.

Até seu último momento Jesus permaneceu fiel a esta visão, sendo sensível e generoso com o necessitado e carente. Para seus seguidores, porém, é significativo o teste de autoavaliação que foi inserido no final de seus ensinos segundo o Evangelho de Mateus (25.31-46). As perguntas do teste, parafraseando, são:

“O que você fez quando eu estive com fome […], tive sede […], fui estrangeiro […], precisei de roupas […], estive doente […], estive na prisão […]?

Diante da pergunta, quando vimos a você neste estado, a resposta dele foi:

Sempre que você o fez a um destes mais [ou, meus] pequeninos, você o fez para mim”.

 

(Extraído do nosso livro/e-book A GENEROSIDADE COMEÇA DE CIMA, Parte II – E DEUS, O QUE ELE DIZ EM RELAÇÃO AOS POBRES? Pgs. 55-57)

 

Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum rudi@doctum.edu.br