Pelo menos 80 % dos carteiros da agência da Avenida Tancredo Neves declararam adesão ao movimento nacional. Principal reinvindicação é melhoria do plano de saúde
CARATINGA – Os funcionários dos Correios em todo o país decidiram entrar em greve na noite de terça-feira (15). A decisão ocorreu após assembleia do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintect), na qual a proposta do Tribunal Superior do Trabalho (TST) foi recusada. Os trabalhadores pedem reposição da inflação e mais 10% de aumento real, além de reajuste no benefício de alimentação.
A reunião de mediação realizada pelo TST em Brasília/DF terminou com uma proposta do vice-presidente do tribunal, ministro Ives Gandra, que incluiu reajuste salarial zero, com uma gratificação de R$ 150 mensais a partir de agosto e mais R$ 50 a partir de janeiro de 2016, até o fim da vigência do acordo coletivo, ou seja, agosto de 2016.
Segundo nota dos Correios, o TST prevê “incorporação de 25% dos R$ 200 em agosto de 2016”. Essa última proposta inclui também reajuste de 9,56% nos benefícios.
O sindicato reiterou a preocupação de que esse percentual não seja incorporado aos salários, afirmando que “o grande problema é que só há previsão de incorporação de R$ 50 aos salários, o restante continuaria ‘por fora’ indefinidamente, e poderia acabar sendo retirado pela empresa”.
CARATINGA
Na manhã de ontem, os funcionários da agência da Avenida Tancredo Neves declararam adesão ao movimento. Já nas outras duas agências de Caratinga, situadas na Rua Nova e na Rua dos Correios, não houve adesão e os estabelecimentos funcionaram normalmente durante o dia de ontem.
De acordo com o funcionário Márcio de Sena, os grevistas já estão tentando negociação com a empresa há algum tempo, mas sem uma resposta satisfatória. “Foram pelo menos 25 reuniões sem acordo. Foi elaborada uma proposta que financeiramente até nos atenderia se fosse um aumento real de salário, mas o Correio está querendo colocar um abono e isso não entra no FGTS, férias; temos o nosso 30% de periculosidade, que também não entraria e quem trabalha aos sábados não receberia esse aumento nos 15%”.
Mas, o principal ponto na pauta de reinvindicações dos funcionários de Caratinga é o plano de saúde. Márcio destaca que o serviço não tem mais funcionalidade em Caratinga. “Nosso plano há um tempo era muito bom em Caratinga, tínhamos vários credenciados, ortopedista, ginecologista e pediatra. Mas hoje estamos sem atendimento e precisamos nos deslocar para outras cidades. O Correio quer criar um novo plano de saúde para oferecer aos novos funcionários, mas ainda não está previsto concurso. O último foi em 2011, trabalhamos com dobra, está faltando funcionário. O nosso foco maior agora, nesse momento de greve, é o plano de saúde, porque o novo, além de ter uma mensalidade de 12,98 % do salário bruto, não contempla os pais. O nosso anuênio vai para o nosso bruto, então vai entrar e sair. Por isso estamos reivindicando”.
80% dos carteiros estão parados. Márcio alerta os impactos do movimento. “Com certeza não vai ter distribuição de correspondências, boletos. Acredito que o máximo que vão conseguir fazer é entregar as encomendas expressas, Sedex. PAC, encomendas que não tem tanto prazo provavelmente não serão entregues rapidamente. Hoje somos 26 carteiros, tem ainda os que estão de férias e quatro carteiros que estão afastados”.
Como a greve é por tempo indeterminado é recomendado que aqueles que estiverem à espera de boletos próximos do vencimento, que retirem a via através de canais alternativos, tais como internet, aplicativos de celulares ou nos próprios locais em que serão destinados estes pagamentos.