CARATINGA – Uma carga de 12 toneladas de alho, que foi roubada no estado de Goiás, foi vendida a um comerciante de Caratinga. Parte dessa carga foi recuperada na tarde de ontem pela Polícia Militar. O produto foi encontrado em um depósito localizado na Rua Coronel Antônio Saturnino (Rua da Cadeia), no Bairro Esperança.
O ASSALTO
O assalto aconteceu no dia 20 de julho de 2015. O motorista, que também é proprietário do caminhão, pegou as 12 toneladas de alho na cidade goiana de Nerópolis. A carga está avaliada em 121 mil reais e seria entregue em Presidente Dutra, interior do Maranhão. Quando o motorista parou para fazer um lanche em Mara Rosa, outra cidade goiana, foi rendido por três bandidos encapuzados e armados. Ele foi feito refém e abandonado às margens de uma rodovia, próximo à cidade de Porangatu (GO).
Ao saber do assalto, o dono da carga entrou em desespero. A carga não era segurada e ele, junto do filho, percorreu mais de três mil quilômetros no estado de Goiás e em parte do Nordeste à procura da mercadoria. Ele conversou com a reportagem do DIÁRIO, mas pediu para não ter o seu nome citado. “Trabalho com venda de alho há 20 anos e isso nunca me aconteceu. Acredito que os bandidos pensaram que se tratava de outro tipo de carga”, disse o comerciante maranhense que veio até Caratinga para reaver o que foi lhe roubado.
Com a ajuda do monitoramento via GPS foi possível identificar que a carga estava nas proximidades de Caratinga. A Polícia Militar foi acionada e iniciou rastreamento. O baixo preço da venda de caixas de alho na região chamou atenção e a PM chegou até Clodoaldo José Gomes, 43 anos, um conhecido comerciante deste tipo de produto. Parte da carga foi encontrada num depósito usado pelo comerciante.
O caminhão roubado pelos bandidos ainda não foi encontrado e o seu proprietário esta preocupado com a situação. “Não tenho seguro total. Espero ainda ter meu caminhão de volta, mas tenho medo que ele possa ter sido levado para desmanche”, contou o caminhoneiro, que assim como o comerciante maranhense, pediu para não ter o seu nome citado pela reportagem.
Por enquanto foram recuperadas cerca de seis toneladas do produto roubado.
ALEGAÇAO
Clodoaldo foi levado para delegacia para prestar esclarecimentos. Ele disse ao DIÁRIO que estava tranquilo sobre sua inocência, mas chateado por ter seu nome envolvido neste tipo de situação. Ele contou que comprou a carga de uma empresa de Uberlândia, no triângulo mineiro. “Fizeram contato comigo e me ofereceram o produto. Como tenho cadastro em várias empresas, acredito que tenham passado o meu contato. Trabalho neste ramo há 27 anos, comecei aos 16 e nunca tive o meu nome envolvido com coisa ilegal. Estou acostumado a comprar alho de outros estados e até da Argentina. Tenho bom nome na praça e isso me deixou bastante contrariado”, disse o comerciante.
Ele não revelou o valor, mas disse que pagou à vista pelas 1.232 caixas com alho, cada uma pesando dez quilos. “A pessoa da empresa falou que nas duas primeiras compras teria que pagar à vista, a partir da terceira compra é que a empresa emitiria boleto bancário”, ressaltou.
O comerciante também alegou que se sente enganado. “Me deram nota fiscal e o preço da empresa era compatível com o mercado. Por isso não suspeitei de nada”, justifica Clodoaldo.
A nota fiscal de compra foi apreendida pela polícia e o documento passará por análise. Mais quatro pessoas foram conduzidas para delegacia para serem ouvidas, pois elas compraram caixas das mãos do comerciante caratinguense.