As enchentes que assolaram Caratinga

Os rios sempre tiveram grande importância para o surgimento dos povoados. Desde o surgimento das primeiras civilizações, na Mesopotâmia, os rios desempenham um papel crucial na vida da humanidade.
A exemplo de tantas outras cidades, o sítio urbano da sede do município de Caratinga cresceu margeando um rio, o Rio Caratinga e seus afluentes: Córrego São João e Córrego do Laje. A chegada dos primeiros colonizadores na região é também, um exemplo preciso da importância do rio.
Assim, devido às terras planas que margeiam o Rio Caratinga, o embrionário município, em 1848, foi se desenvolvendo e ocupando cada vez mais as margens do rio com construções, edificações, modificações dos recursos naturais, entre eles o desmatamento, o desvio de cursos d’água, o esgotamento de brejos e remoção de terras, para aterros e desaterros. Todavia, sabemos que esse desenvolvimento se deu de forma totalmente sem planejamento e nem tão pouco prevendo situações adversas que no futuro poderiam geras situações danosas aos moradores da cidade.
Com o desenvolvimento desordenado ocorrido nas margens do rio e córregos, o que acabou provocando um estreitamento da calha dos cursos d’água, dentre outros problemas provenientes do crescimento da cidade, que se somou a períodos de altos índices pluviométricos, as populares chuvas torrenciais, observa-se constantemente o surgimento pontos de alagamentos e em alguns anos fortes enchentes, que inundam áreas da parte central da cidade e provocam, devido à precariedade social e urbanística, deslizamento de encostas, desmoronamentos e aflição nos moradores das partes de relevo em aclive.
A primeira grande enchente, em Caratinga, ocorreu no ano 1945, o considerável volume de água invadiu ruas e residências e trouxe enorme prejuízo para os munícipes. Em 2003 outra enchente de grande proporção aconteceu na cidade, ruas, residências e comércio foram inundados pelas águas. Neste ano prédios desabaram e há registros de mortes. No ano de 2004, portanto um ano depois, a tragédia se repete, novas enchentes, o caos novamente se instala na cidade.
Entretanto há relatos anteriores, às enchentes registradas em Caratinga, de enchentes em outras áreas do município. Como exemplo, quase que anualmente, no distrito de Santo Antônio do Manhuaçu, banhado pelo rio Manhuaçu, segundo relatos era comum pontes serem levadas pelas enchentes.
Desde então, o período de chuvas, que em Caratinga acontece próximo às festividades do final do ano, ressuscitam na memória de moradores e comerciantes o medo pelo desastre, assim, dentro do possível, buscam formas de se protegerem de futuras consequências dos períodos chuvosos.
E fica sempre a eterna discussão dos problemas causados pela forma desordenada que a cidade foi sendo criada. E se de fato será possível impedir outras enchentes, caso as chuvas venham em grandes proporções. Mas pelo visto, aprendemos muitos pouco com a história, pois continuamos a repetir os mesmos erros do passado, todavia com ares de modernidade.

Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

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