Doenças respiratórias crescem no outono e inverno: médica pneumologista alerta para sintomas e cuidados

Médica pneumologista Nayara Trigo Marçal, graduada pela Universidade de Vassouras, com residência em Clínica Médica pela Universidade Federal de Viçosa e especialização em Pneumologia pela Santa Casa de Belo Horizonte

Em entrevista, Nayara Trigo Marçal, médica pneumologista, fala sobre os riscos nos meses mais frios, como diferenciá-las e os cuidados essenciais para a prevenção

CARATINGA – Com a chegada do outono e do inverno, aumenta a incidência de doenças respiratórias. Além das conhecidas gripes e resfriados, condições mais graves como pneumonia, covid-19 e bronquiolite podem exigir atenção médica urgente. Para esclarecer os riscos e orientar a população, conversamos com a médica pneumologista Nayara Trigo Marçal, graduada pela Universidade de Vassouras, com residência em Clínica Médica pela Universidade Federal de Viçosa e especialização em Pneumologia pela Santa Casa de Belo Horizonte.

ENTREVISTA
Quais são as doenças respiratórias mais comuns que costumam ter um aumento significativo de casos durante os meses mais frios do ano?
Durante o outono e o inverno, é comum observar um aumento nos casos de resfriado comum, gripe (influenza), crises de asma, rinite alérgica, sinusite e pneumonias. Também há crescimento nos episódios de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) descompensada e infecções virais, como a covid-19, que continua circulando, e a Influenza, que exige atenção especial pelo aumento de casos em Minas Gerais. A Influenza, por exemplo, pode evoluir com complicações sérias em grupos de risco, como pneumonia viral ou bacteriana secundária, insuficiência respiratória e até óbito.

O que exatamente contribui para o aumento de problemas respiratórios nesse período? Fatores como clima seco, poluição e aglomerações em locais fechados têm um papel importante?
Sim, todos esses fatores influenciam. O clima frio e seco resseca as vias aéreas, tornando o sistema respiratório mais vulnerável. Além disso, as pessoas costumam permanecer mais tempo em ambientes fechados e mal ventilados, facilitando a transmissão de vírus e bactérias. A poluição do ar e a queima de lenha ou resíduos, em algumas regiões, também agravam doenças respiratórias pré-existentes.

A baixa umidade do ar pode agravar ou facilitar a propagação de doenças respiratórias? Como isso afeta diretamente o trato respiratório?
Sim. O ar seco resseca a mucosa do nariz e da garganta, que são as primeiras barreiras contra micro-organismos. Isso aumenta o risco de infecções e, além disso, partículas virais ficam mais tempo suspensas no ar seco, favorecendo a propagação de vírus respiratórios.

Quais grupos da população estão mais vulneráveis nesse período e por quê? Crianças, idosos e pessoas com comorbidades devem ter cuidados redobrados?

Sim. Os idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas com doenças crônicas (asma, DPOC, doenças cardíacas e diabetes) são mais vulneráveis, por terem o sistema imunológico mais frágil ou condições pulmonares que facilitam complicações. Por isso, esses grupos exigem cuidados especiais.

Como diferenciar os sintomas de doenças respiratórias comuns, como resfriado, gripe, rinite e sinusite, de infecções mais graves, como pneumonia ou covid-19?

É comum haver confusão, mas alguns sinais ajudam:
Resfriado comum: coriza, espirros, febre baixa.
Gripe (influenza): febre alta, dores no corpo, cansaço.
Rinite/sinusite: espirros, coceira, congestão nasal, dor de cabeça.
Pneumonia ou covid-19: febre persistente, falta de ar, tosse intensa, dor no peito, cansaço extremo.
Na dúvida, o ideal é procurar avaliação médica.

Quais são os sinais de alerta que indicam que uma pessoa deve procurar atendimento médico com urgência ao apresentar sintomas respiratórios?
Falta de ar
Dor no peito
Febre alta persistente
Tosse com secreção purulenta ou com sangue
Confusão mental ou sonolência excessiva
Queda na saturação de oxigênio
Esses sintomas podem indicar complicações e exigem atendimento imediato.

Além do uso de medicamentos, que outras medidas preventivas e cotidianas a senhora recomenda para proteger o sistema respiratório durante o outono e inverno?
Manter a vacinação em dia, especialmente contra gripe e covid-19
Evitar ambientes fechados e aglomerações
Manter boa hidratação

Lavar as mãos frequentemente
Evitar exposição a fumaça de cigarro ou poluição
Ventilar e limpar bem os ambientes
Usar máscara em caso de sintomas gripais
Manter hábitos saudáveis

O uso de umidificadores de ar e a ingestão de líquidos realmente ajudam na prevenção de doenças respiratórias? Há cuidados específicos com esses métodos?
Sim. Umidificadores ajudam, mas precisam ser higienizados com rigor, pois podem acumular fungos e bactérias. A ingestão de líquidos mantém a mucosa hidratada e facilita a eliminação de secreções — essencial para a saúde respiratória.

Quais avanços recentes na pneumologia têm ajudado no diagnóstico e tratamento mais eficaz das doenças respiratórias sazonais?
Exames como espirometria, que avaliam a função pulmonar
Testes moleculares rápidos para vírus respiratórios
Novas medicações inalatórias para asma e DPOC
Terapias imunobiológicas, usadas em asmas graves
Essas ferramentas permitem diagnóstico precoce e tratamentos mais eficazes.

Com a convivência entre covid-19 e outras doenças respiratórias sazonais, como os profissionais de saúde têm lidado com os diagnósticos diferenciais e sobrecarga nos atendimentos?

Usamos critérios clínicos, exames laboratoriais, de imagem e testes rápidos para diferenciar os quadros. Os serviços de saúde adaptaram protocolos e fluxos específicos para síndromes respiratórias. O mais importante é que as pessoas procurem avaliação médica, pois o diagnóstico correto define o tratamento.

O que é a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)? Como acontece a contaminação, quais os sintomas e tratamentos?

A SRAG é um quadro respiratório grave e potencialmente fatal, exigindo atendimento urgente. Geralmente causada por vírus como influenza, covid-19 e VSR, ou por bactérias.
Contaminação:
Pelas vias respiratórias, através de gotículas eliminadas ao falar, tossir ou espirrar, ou pelo contato com superfícies contaminadas.
Sintomas:
Febre alta persistente
Tosse intensa

Falta de ar
Desconforto torácico
Lábios arroxeados
Queda de saturação
Em crianças: gemência, dificuldade para mamar, apatia.

Tratamento:
Inclui internação hospitalar, oxigenoterapia, antivirais ou antibióticos (quando necessário), além de suporte clínico e, em casos graves, ventilação mecânica.

Quais os sintomas e riscos da bronquiolite nas crianças?
É uma infecção respiratória aguda comum em crianças menores de 2 anos, causada principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
Sintomas:
Nariz entupido, coriza
Tosse persistente
Dificuldade para respirar
Chiado no peito
Falta de apetite
Riscos:
Pode evoluir para insuficiência respiratória e exigir internação hospitalar. Prematuros e crianças com doenças cardíacas ou pulmonares são mais vulneráveis.
Prevenção:
Boa higiene das mãos
Evitar contato com gripados
Amamentação
Imunização específica em casos indicados

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Quais são as doenças respiratórias mais comuns que costumam ter um aumento significativo de casos durante os meses mais frios do ano?

Durante o outono e o inverno, é comum observar um aumento nos casos de doenças respiratórias como resfriado comum, gripe (influenza), crises de asma, rinite alérgica, sinusite e pneumonias. Também há uma elevação nos casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) descompensada e infecções virais, como a covid-19, que ainda circula entre a população e a Influenza que merece atenção especial, devido ao aumento considerável dos casos em Minas Gerais.
A Influenza é uma infecção viral aguda que em pessoas com fatores de risco – como idosos, gestantes, imunossuprimidos e portadores de doenças crônicas – pode evoluir com complicações sérias, como pneumonia viral ou bacteriana secundária, insuficiência respiratória e, em casos graves, pode levar à internação ou ao óbito.

O que exatamente contribui para o aumento de problemas respiratórios nesse período? Fatores como clima seco, poluição e aglomerações em locais fechados têm um papel importante?

Sim, todos esses fatores têm influência. O clima frio e seco resseca as vias aéreas, tornando o sistema respiratório mais vulnerável a infecções. Além disso, é comum ficarmos mais tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que facilita a transmissão de vírus e bactérias. A poluição do ar e o aumento da queima de lenha ou resíduos, em algumas regiões, também agravam doenças respiratórias pré-existentes.

A baixa umidade do ar pode agravar ou facilitar a propagação de doenças respiratórias? Como isso afeta diretamente o trato respiratório?

Sim. O ar seco resseca a mucosa do nariz e da garganta, que são nossas primeiras barreiras de defesa contra micro-organismos. Com isso, o risco de infecções aumenta. Além disso, partículas virais permanecem mais tempo suspensas no ar seco, o que favorece a propagação de vírus respiratórios.

Quais grupos da população estão mais vulneráveis nesse período e por quê? Crianças, idosos e pessoas com comorbidades devem ter cuidados redobrados?

Os idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas com doenças crônicas como asma, DPOC, doenças cardíacas e diabetes são mais vulneráveis. Isso acontece porque o sistema imunológico pode ser menos eficiente, ou porque essas pessoas já têm um pulmão ou alguma comorbidade que faz com que estejam mais propensos a complicações em caso de infecções respiratórias. Por isso, os cuidados devem ser redobrados com esses grupos.

Como diferenciar os sintomas de doenças respiratórias comuns, como resfriado, gripe, rinite e sinusite, de infecções mais graves, como a pneumonia ou a covid-19?

É comum haver confusão, mas alguns sinais ajudam:
– Resfriado comum: coriza, espirros, febre baixa.
– Gripe (Influenza): febre alta, dores no corpo, cansaço.
– Rinite/sinusite: espirros, coceira, congestão nasal, dor de cabeça.
– Pneumonia ou covid-19: febre persistente, falta de ar, tosse intensa, dor no peito, cansaço extremo.
Na dúvida, o ideal é procurar avaliação médica para um diagnóstico correto.

Quais são os sinais de alerta que indicam que uma pessoa deve procurar atendimento médico com urgência ao apresentar sintomas respiratórios?

-Falta de ar
-Dor no peito
-Febre alta persistente
-Tosse com secreção purulenta ou com sangue
-Confusão mental ou sonolência excessiva
-Queda de saturação de oxigênio
Esses sintomas podem indicar uma infecção grave ou uma complicação e exigem atendimento imediato.

Além do uso de medicamentos, que outras medidas preventivas e cotidianas a senhora recomenda para proteger o sistema respiratório durante o outono e inverno?

-Manter a vacinação em dia, especialmente contra gripe (influenza) e covid-19
-Evitar ambientes fechados e aglomerações
-Manter boa hidratação
-Lavar as mãos frequentemente
-Evitar exposição a fumaça de cigarro ou poluição
-Manter os ambientes arejados e limpos
-Usar máscara em caso de sintomas gripais
-Manter hábitos saudáveis de vida

 

O uso de umidificadores de ar e a ingestão de líquidos realmente ajudam na prevenção de doenças respiratórias? Há cuidados específicos com esses métodos?

Sim. Umidificadores ajudam a reduzir o desconforto causado pelo ar seco, mas é fundamental higienizá-los frequentemente, com muito cuidado pois podem acumular fungos e bactérias, então devem ser usados com muita cautela, pois podem ser prejudiciais. Já a ingestão de líquidos mantém a mucosa hidratada e ajuda na eliminação de secreções, sendo essencial para a saúde respiratória

Quais avanços recentes na pneumologia têm ajudado no diagnóstico e tratamento mais eficaz das doenças respiratórias sazonais?

-Exames como a espirometria, que avaliam a função pulmonar
-Testes moleculares rápidos para diagnóstico de vírus respiratórios
-Novas medicações inalatórias para asma e DPOC
-Terapias imunobiológicas, usadas em casos graves de asma
Essas ferramentas melhoram o diagnóstico precoce e a eficácia do tratamento.

Com a convivência entre covid-19 e outras doenças respiratórias sazonais, como os profissionais de saúde têm lidado com os diagnósticos diferenciais e sobrecarga nos atendimentos?

A convivência com a covid-19 trouxe desafios importantes. Hoje, usamos critérios clínicos, exames laboratoriais e de imagem, além de testes rápidos, para diferenciar as doenças. Os serviços de saúde se adaptaram com fluxos específicos e protocolos para manejo de síndromes respiratórias. O mais importante é que a população continue buscando avaliação médica ao apresentar sintomas, pois o diagnóstico correto é essencial para um bom tratamento.

O que é a síndrome respiratória aguda grave? Como acontece a contaminação? Quais os sintomas? Quais os cuidados e tratamentos?
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é uma condição clínica caracterizada por um quadro respiratório grave e potencialmente fatal, que exige atenção médica imediata. Ela é causada, na maioria das vezes, por infecções virais ou bacterianas, como vírus da gripe (Influenza), Covid-19, vírus sincicial respiratório (VSR) ou, em casos menos frequentes, por bactérias.
Como acontece a contaminação?
A transmissão da maioria dos agentes causadores da SRAG ocorre por vias respiratórias, principalmente:
-Pelo ar: através de gotículas eliminadas ao falar, tossir ou espirrar.
-Por contato: ao tocar superfícies contaminadas e depois levar as mãos ao rosto (boca, nariz, olhos).
Por isso, ambientes fechados, aglomerações e baixa ventilação aumentam o risco de contágio, especialmente durante o outono e inverno.

Quais são os sintomas da SRAG?

Os principais sinais de alerta que podem indicar um quadro de SRAG são:
-Febre alta persistente
-Tosse intensa
-Falta de ar ou dificuldade para respirar
-Desconforto torácico
-Lábios ou extremidades arroxeadas (cianose)
-Queda na saturação de oxigênio
-Em crianças: batimento das asas do nariz, gemência, dificuldade para mamar, apatia ou sonolência excessiva
Esses sintomas indicam que a infecção comprometeu o funcionamento dos pulmões, podendo evoluir rapidamente para insuficiência respiratória se não for tratada
Quais são os cuidados e tratamentos?
O tratamento da SRAG depende da causa, mas os cuidados gerais incluem:
-Internação hospitalar: em muitos casos é necessária para monitoramento intensivo e suporte respiratório.
-Oxigenoterapia: para manter níveis adequados de oxigênio no sangue.
-Uso de antivirais ou antibióticos: quando indicado, conforme o agente causador.
-Hidratação, repouso e controle da febre.
-Em casos graves: internação em UTI e ventilação mecânica podem ser necessários.
A SRAG é uma condição grave, mas em muitos casos evitável. O reconhecimento precoce dos sintomas e a busca rápida por atendimento médico podem salvar vidas.

Quais os sintomas e riscos da bronquiolite nas crianças?
A bronquiolite é uma infecção respiratória aguda que afeta principalmente crianças menores de 2 anos, especialmente os bebês até 6 meses de idade. É causada, na maioria das vezes, pelo vírus sincicial respiratório (VSR), embora outros vírus como o rinovírus, adenovírus e influenza também possam ser responsáveis.
Sintomas da bronquiolite:
A doença começa com sintomas semelhantes a um resfriado comum, mas pode evoluir rapidamente. Os principais sintomas incluem:
-Nariz entupido e coriza
-Tosse persistente
-Febre baixa (em alguns casos)
-Dificuldade para respirar (respiração rápida, curta ou com esforço)
-Chiado no peito
-Falta de apetite ou dificuldade para mamar
-Irritabilidade ou sonolência excessiva
-Batimento das asas do nariz e retração das costelas ao respirar
Riscos da bronquiolite:
Embora a maioria dos casos seja leve e se resolva com cuidados em casa, alguns bebês principalmente os mais novinhos, podem desenvolver quadros moderados a graves, com risco de:
-Desidratação
-Baixos níveis de oxigênio no sangue
-Apneia (pausas na respiração)
-Internação hospitalar ou em UTI
-Evolução para insuficiência respiratória aguda
Os grupos mais vulneráveis são os bebês prematuros, com doenças cardíacas congênitas, doenças pulmonares crônicas ou imunidade baixa.

Quando procurar atendimento médico com urgência:

-Dificuldade visível para respirar
-Recusa alimentar
-Sonolência excessiva ou apatia
-Chiado intenso ou cor azulada nos lábios e dedos
Cuidados e prevenção:
-Higiene das mãos de quem cuida da criança
-Evitar contato com pessoas gripadas ou resfriadas
-Amamentação materna (fortalece a imunidade)
Em casos específicos, pode-se indicar a imunização com anticorpos monoclonais (palivizumabe) para crianças de alto risco durante os meses de maior circulação do VSR.

“A convivência com a covid-19 trouxe desafios importantes. Hoje, usamos critérios clínicos, exames laboratoriais e de imagem, além de testes rápidos, para diferenciar as doenças”, explica a médica pneumologista Nayara Trigo Marçal