
Silvio Carlos participando de solenidade promovida pela Prefeitura de Caratinga (foto: Arquivo Pessoal)
Na manhã de ontem, Silvio Carlos contou como aconteceu o atentando e mostrava confiança em sua recuperação
A equipe do DIÁRIO esteve na manhã de ontem na casa onde Silvio Carlos se recuperava do atentado. Atencioso como sempre, o locutor recebeu a reportagem e falou sobre o atentado que sofreu. Mesmo se queixando de fortes dores, em nenhum momento Silvio Carlos demonstrou sinais de entrega. Ele mostrou vontade de viver e chegou a dizer: “quero sarar e voltar a trabalhar, fazer as festas que sempre fiz”. Mas como a vida é cheia de surpresas, sejam elas boas ou ruins, Silvio Carlos nos deixou na tarde desta terça-feira (6).
Como foi a noite do atentado?
A festa aconteceu nos dias 19 e 20 do mês passado. O Gogó, que eu não conhecia até então, disse que me mataria. Isso era por volta das 23h50. Levei a sério em termos, mas mesmo assim chamei a polícia, que veio, mas não vi mais o Gogó, só que passei a observá-lo. Às 00h20 ele atirou em mim. Se fosse de frente teria me matado.
O senhor conhecia Marquinhos Gogó?
Não.
Quem te socorreu?
Primeiro vários populares me ajudaram, depois rapidamente chegou o Corpo de Bombeiros e me levou ao hospital.
Como percebeu que tinha sido baleado? Sentiu muita dor?
Muita dor. Não saiu sangue. Percebi que havia sido baleado pela queimação no corpo e caí com o microfone nas mãos. Muitas pessoas gritavam: “mataram Silvio Carlos”.
Foram quantos tiros e onde eles acertaram?
Foram dois tiros e as duas baladas estão alojadas em meu fígado. Os tiros foram pelas costas.
O que o senhor pensou naquele momento?
Pensei que morreria, mas quando fui baleado fiz dois pedidos a Deus. Sou evangélico, quando vou às festas já vou preparado; faço minhas orações. Pedi que se fosse chegada a minha hora, que me levasse; mas se não, que me deixasse na Terra. Costumo dizer que a mãe do Geraldo da Drogacenter é minha segunda mãe, e assim que disse isso pra Deus, eu a vi no palco, mas ela nunca estaria lá, é uma senhora de idade, porém naquela hora sabia que não morreria.
Como foi o atendimento hospitalar em Caratinga?
Foi o melhor possível, fizeram tudo que estava ao alcance deles.
A transferência foi rápida? Ficou quantos dias no Hospital João XXIII em Belo Horizonte?
Foi muito rápida. Agradeço aos companheiros, ao prefeito Marco Antônio, ao vice-prefeito Odiel, ao Serginho Condé (vereador e presidente da Câmara de Caratinga), ao vereador Mauro, ao ex-vereador Bagaleta e muitos outros. Fiquei seis dias em BH. Não ficaria mais para não pegar uma infecção hospitalar.
Como está sendo o tratamento? Quando volta a andar?
Sinto muito mais a perna direita, dói demais, não sentia a esquerda, agora já sinto. Agora o procedimento é em Caratinga. Talvez não possa operar por ser diabético. Mas estou sendo acompanhado por uma equipe de profissionais de saúde dentro da minha casa. Agradeço muito o empenho da Secretaria de Saúde. Minha chance de andar é de 80%. Se serei operado, só saberei no dia 22 de janeiro, quando voltarei ao Hospital João XXIII.
A quem agradece pelas ajudas recebidas?
A todos que estão me ajudando, recebi uma cama hospitalar, um colchão. Silvio Carlos de antes podia ajudar muita gente, mas o de hoje (neste momento ele chora), precisa muito da ajuda de todos, os remédios são caros, uso muitas fraldas, sinto dor demais. Juarez Júnior tem me ajudado com remédios, mas estou devendo muito na farmácia. Quem puder me ajudar, pode me procurar aqui na Rua Augusto de Moraes, 209. Agradeço a todos que estão pedindo a Deus por mim.
Você perdoa o Gogó?
Acho que ele deve ser punido.
Qual seu desejo agora?
Quero sarar e voltar a trabalhar, fazer as festas que sempre fiz.