Professor Destaque do DIÁRIO em 2018, Noé Comemorável Neto ama o que faz. Ele leciona Física e ainda encontra tempo para escrever artigos que transmitem paz, amor e esperança
CARATINGA – Admirado pelos alunos e pelos colegas de profissão. Este é o professor de física Noé Comemorável Neto. Ele foi escolhido o Professor Destaque pelo DIÁRIO no ano de 2018. Essa escolha se deu pelas suas qualidades. Professor Noé é capacitado e sabe transmitir seus conhecimentos. Tem o dom da comunicação. Ele ainda tem outra qualidade importante: sabe ouvir. Outro de seus predicados é pensar “fora da caixa”, ou seja, ter ideias fora do padrão de pensamento e aplicá-las em suas aulas, tornando-se assim essencial para os alunos. Prova disso são os projetos ‘Metafísica Literária’ e ‘Versificando a Física’. Isso mostra que seu processo de aprendizado e ensinamento não é apático, todos devem estar ativamente envolvidos.
E sobre sua capacitação, Noé é mestre em Ensino de Física pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduado em Ensino de Física pelo Centro Universitário de Caratinga, possui como graduação Licenciatura Plena em Física pelo Centro Universitário de Caratinga (UNEC) e Licenciatura Plena em Matemática pelo Centro Universitário de Jales (UNIJALES). Tem experiência na área de ensino de Física, com ênfase em Física Clássica como professor do Ensino Superior e do Ensino médio regular, tendo atuado ainda por longo tempo na Educação de Jovens e Adultos, com a qual desenvolveu a dissertação de mestrado: Desconstrução/reconstrução dos conceitos de Calor e Temperatura: Um olhar sobre o ensino de Física na Educação de Jovens e Adultos. Ele leciona Física na Escola Estadual Princesa Isabel e na Escola Professor Jairo Grossi. Seu apreço pela literatura o levou a ser correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Em seus artigos, professor Noé, que também é colunista do DIÁRIO, encontra um refúgio para suas angústias e uma forma de ajudar as pessoas,
transmitindo a elas mensagens de paz, amor e esperança.
Enfim, Noé Comemorável Neto é uma pessoa que representa a essência do magistério.
Quando o senhor decidiu ser professor?
Foi uma escolha muito natural. Ainda no ensino médio tive excelentes professores, mas entre eles um muito me marcou, o professor Caio, que sempre me colocava junto aos grupos de colegas para auxiliar na resolução das atividades e ali desenvolvi o prazer por ensinar. Ainda durante a graduação tive a oportunidade de estagiar no antigo colégio Polivalente, onde comecei realmente a dar aula em sala e assim me descobri professor e nunca mais afastei da sala de aula.
Assim como a Matemática, a Física ainda é vista como um ‘bicho de sete cabeças’? Por que existe esse estigma?
Vejo que são vários fatores. O primeiro deles é a certeza que as pessoas são diferentes e por isso tem habilidades distintas, então, sempre uns vão gostar e outros não. Porém, creio que a maior dificuldade das ciências exatas existe quando o aluno não consegue enxergar a aplicação do conceito na prática, na vida. Isso melhorou muito nos últimos anos com a inserção das tecnologias, pois mesmo o aluno que não tem tanto prazer em desenvolver um exercício de circuito elétrico quer saber como funciona seu celular. Então, sabendo utilizar tais atrativos o professor torna mais fácil o seu trabalho.
É possível ensinar Física de modo fácil e divertido?
Certamente. Física é muito divertido. Um grande professor, Eduardo Valadares, tem inclusive um livro chamado ‘Física mais que divertida’. Esse é um entre tantos projetos. Os laboratórios de Física são muito divertidos, os experimentos que podem ser realizados com materiais alternativos, mesmo nas escolas que não possuem laboratório são importantes para esses momentos de descontração. Eu encontrei essa diversão misturando Física e poesia no projeto ‘Versificando a Física’, eu me divirto, acredito que os alunos também.
Fazendo um paralelo da época em que o senhor foi aluno, quais as principais transformações sofridas pelo ambiente escolar?
Acredito que muita coisa mudou, mas não sou saudosista de dizer que “na minha época era melhor”. Se eu tiver que apontar a principal mudança eu diria que é o acesso a informação. Antes tínhamos que ir todos os dias as bibliotecas pesquisar nos livros, hoje temos a internet na ponta dos dedos e informações novas a todo o momento. Isso para mim é um grande avanço. Um ponto em que acredito que perdemos foi no respeito ao professor.
Sobre sua capacitação, o senhor considera que é importante que os professores participem de cursos ou oficinas para reciclagem de conhecimentos ou aprendizado de novas técnicas para o ensino de disciplinas?
Alguns neurocientistas apontam que duas coisas dão prazer aos homens: fazer algo que nunca fez e aprender algo novo. A capacitação é a ferramenta do prazer. É por meio dela que conseguimos nos manter conectados as novidades que chegam a todo o momento e ao mesmo tempo aprender algo que nos motiva, executando um trabalho novo. O professor, ou qualquer outro profissional, que não se atualiza se perde no tempo e dificilmente terá sucesso e prazer em suas atividades.
O senhor coordenou os projetos ‘Metafísica Literária’ e ‘Versificando a Física’. Fale sobre essas iniciativas e de sua importância na capacitação do aluno.
O ‘Metafísica Literária’ foi um projeto desenvolvido ao lado do professor Walber, uma amizade que é um dos presentes que a escola me deu. O objetivo maior desse projeto era apresentar aos nossos alunos e à comunidade, vários olhares, de pessoas com formações diversas, sobre a sociedade e seus problemas. O ‘Versificando a Física’ foi diferente, tive a oportunidade de, juntos aos professores de língua portuguesa e artes da Escola Estadual Princesa Isabel, ver os alunos estudando, discutindo e se esforçando para desenvolver textos poéticos com temas da Física. Um grande desafio, muito reconhecido, não apenas pela escola mas por todos que tiveram acesso à obra. São duas obras distintas, mas grandiosas, pois foram feitas por muitas mãos.
O senhor acredita que o professor tem o seu valor reconhecido pelo Brasil?
É difícil generalizar, pois há quem reconhece e há quem não o faz. Contudo, tenho certeza que falta muito reconhecimento por parte principalmente do poder público. Uma prova disto é que são raríssimos os jovens que querem ser professores. Os mais novos enxergam a profissão como algo sem valor, isso é muito preocupante para o futuro.
Seu dia a dia é muito corrido, leciona em duas escolas e ainda encontra tempo para escrever artigos sobre os mais variados temas. O que lhe motiva a escrever?
Realmente é uma jornada extensa e muitas vezes cansativa, mas como disse anteriormente, uma profissão que me alegra muito. Essa alegria, as vivências da sala de aula, as angústias e anseios dos alunos, são sempre os temas dos meus artigos, pois são eles que me motivam. Encontrei na escrita um refúgio para minhas angústias e uma forma de ajudar as pessoas, transmitindo a elas mensagens de paz, amor e esperança. Esses são meus grandes motivadores.
Professor Noé, obrigado pela entrevista. Quais são suas considerações finais?
Eu quem agradeço a oportunidade de falar ao Diário de Caratinga. Aproveito para novamente expressar minha felicidade pelo reconhecimento a mim concedido com a escolha de professor destaque no ano 2018. O Diário é meu companheiro informativo de todos os dias, mas muito além, foi o jornal que me deu a oportunidade de publicar o meu primeiro artigo e desde então segue me apoiando em tantas ações. Acredito no poder das palavras, na força da escrita e na importância da informação verdadeira, vocês reúnem tudo isso, o que me muito me envaidece de partilhar com vocês desse momento.