Profissionais das áreas de segurança pública, saúde e assistência social participaram do treinamento
CARATINGA- Mais um passo para implementação da Justiça Restaurativa na comarca de Caratinga ocorreu na tarde de ontem. Um curso sobre o tema foi ministrado na sede do 62° Batalhão de Polícia Militar, voltado para os profissionais de segurança pública, saúde e assistência social.
O 1° Círculo da Justiça Restaurativa foi realizado na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) em agosto de 2019. Adriana Luppis, encarregada administrativa, destaca a importância de dar continuidade ao projeto. “Apresentamos ao Tribunal de Justiça de Caratinga, através das verbas pecuniárias, para que nós pudéssemos trazer esse curso para Caratinga, a fim de que toda a rede segurança, educação, assistência social e saúde, pudesse conhecer o que é a Justiça Restaurativa. Ela está sendo implantada hoje nas demais comarcas, um desejo do Dr. Consuelo com os demais juízes promotores do Ministério Público, que fizesse parte também da comarca de Caratinga, para que pudesse ser implantado tanto nas escolas, quanto nos outros setores. É um curso que faz com que cada pessoa possa refletir no processo de conciliação dessas demandas que surgem do nosso trabalho no dia a dia, os desafios, então é muito interessante”.
Lucas Jerônimo, instrutor do curso, frisa que o objetivo é capacitar e formar 35 profissionais de Caratinga para trabalhar com conflitos e violências em diferentes contextos. “Escolas, atos infracionais, situações de crimes, conflitos dentro das instituições públicas, privadas. Os facilitadores de Justiça Restaurativa trabalham colocando e trazendo para dentro das instituições, comunicação não violenta e gestão de conflito, de pessoas, técnicas de abordagem conflitivas, sempre pautas em não violência e mediação”.
Lucas enfatiza os benefícios de trabalhar estas técnicas. “é um paradigma de Justiça que tem várias metodologias, encontros vítima-ofensor; conferências restaurativas entre comunidade, vítima e ofensor. Estamos falando da oportunidade que a comunidade tem de ser partícipe dentro do cenário de conflitos e violência. No paradigma tradicional tiramos a comunidade e passamos para a mão de um juiz, promotor ou advogado a função de solucionar conflitos. No paradigma restaurativo a comunidade é chamada a participar, ela faz parte, para trabalhar pertencimento, resiliência, construção de vínculos e acordos restaurativos”.
Mayara Carvalho, que atua como instrutora do curso, explica que, além de resolver o conflito, é fundamental restaurar os laços e, em alguns casos, até a convivência entre as partes envolvidas. “Trabalhar em conflitos prevenindo violência, como conflitos que já levaram à violência; de maneira humanizada, trabalhando sentimentos e necessidades de todos que estão envolvidos, sejam eles vítimas, ofensores ou comunidade. Não só conflitos, mas também criação de vínculos de pertencimento, conexão e significado, como caso de escola, sistema de saúde ou assistência social. É uma visão de Justiça diferenciada, que envolve antes de tudo a satisfação dos usuários”.
Conforme Mayara, é importante oferecer um contato humanizado para as relações. “Isso que podemos esperar daqui, instituições que vão atuar de maneira ainda mais humanizada, considerando os sujeitos, trabalhando participação e responsabilização. O próprio sujeito entender o impacto de como age, que pode ser responsabilizado e também uma responsabilização ampla, porque não envolve somente o sujeito específico que causou o dano, mas também outras pessoas que junto daquilo fomentaram isso”, finaliza.