Ildecir A.Lessa
Advogado
“Se você tentar agarrar o tempo com as mãos, ele estará sempre deslizando por entre seus dedos” – Julian Barbour, físico britânico e autor de “O Fim do Tempo: A Próxima Revolução Na Física”. Independentemente do continente em que o homem esteja, de alguma maneira, vive em função do tempo. O homem guia o cotidiano, por meio de relógio. Já estamos no horário de verão, em alguns Estados da Federação, no Brasil. Ninguém reflete sobre o tempo. Ninguém é capaz de defini-lo. E, afinal, o que é o tempo? Pensa-se e sabe-se que, o tempo é uma divisão do dia em um determinado número de horas, minutos e segundos. Sincronia com o movimento dos astros que, por sua vez, demarcam dia e noite, a duração de um dia, de uma semana, de um ano, etc. O movimento dos astros e da Terra condiciona o calendário.
Em 1955, Einstein declarou: “A distinção entre passado, presente e futuro é uma ilusão”. Toda a natureza pode ser modificada pela passagem do tempo. O físico alemão observou com a Teoria da Relatividade, que não existe um só tempo, existem tempos diversificados e que dependem da individualidade para serem sentidos. O pensador alemão Martin Heidegger também explorou a ideia de que a separação temporal é uma atividade tipicamente humana. Para ele, resumidamente, tal distinção ocorre a partir do momento em que os homens reconhecem suas finitudes, pois neste momento, surge o temor da morte, e esse tema, gera remorsos passados e angústias futuras. Contudo, qual a razão da falta de tempo no mundo moderno? Dias corridos no trabalho gerado pela necessidade de se destacar profissionalmente. Essa busca faz com que o profissional acumule compromissos e tente produzir cada vez mais. No final dessa sentença o resultado é a falta de tempo no mundo moderno e a total falta de perspectivas de como resolver isso. Desde que começou a ser organizado e medido, o tempo tem o mesmo formato. O que faz com que o tempo assuma realidades diferentes nos dias atuais é a forma como estamos vivenciando os nossos dias e como nos relacionamos com as atividades que temos que realizar.
Por que existe a falta de tempo no mundo moderno? A ideia de agilidade e tornar as produções mais rápidas tomou maior proporção com a revolução industrial, quando as máquinas começaram a fazer o trabalho de humanos em menor tempo. Essa mudança na forma de trabalhar saiu das fábricas e passou a fazer parte do cotidiano. O deslocamento de pessoas e produtos, as trocas de informações, a realização de atividades domésticas, tudo se tornou mais rápido e desde então tudo que se produz é pensando em agilidade e redução de tempo gasto. A vida se tornou mais rápida e por isso nossa noção de tempo também mudou. Pesquisas indicam que uma pessoa hoje sente que o tempo passa sete vezes mais rápido que há cem anos, devido a velocidade com que tudo funciona.
As pessoas economicamente ativas hoje, sentem que a vida ao seu redor funciona mais rápida e que falta tempo para acompanhar todas as mudanças e necessidades diárias a serem efetuadas, enquanto as pessoas mais antigas não têm esse sentimento. A busca por uma vida mais veloz acabou por nos tornar reféns de uma sensação sólida de falta de tempo. Ansiedade, correria, urgência, um estado de alerta constante e a impressão que não há tempo para fazer tudo que é preciso. Essas são as principais sensações oriundas da falta de tempo no mundo moderno e o resultado disso é um distúrbio conhecido como “doença da pressa”. Os sintomas seriam a altas taxas de ansiedade, dificuldade para entrar em estado de relaxamento e, em casos mais graves, problemas de saúde e de relacionamento. Os transportes se tornaram mais rápidos, mas semáforos e congestionamentos nos mantém parados. Alimentação é prática e acessível, mas essas comidas rápidas nem sempre são saudáveis e de qualidade. Comunicamos – nos instantaneamente com pessoas distantes, mas desenvolvemos laços cada vez menos íntimos. Com o mundo funcionando em plena atividade, o culto à velocidade nos direcionou ao caos atual, onde vivemos no limite da exaustão, sentindo constantemente nossos corpos e mentes caminharem sem controle e cansados do fardo. Por que estamos sempre com pressa? Qual a cura para a falta de tempo? É possível, ou até mesmo desejável, desacelerar? Com essa breve lembrança do tempo, anotamos que estamos chegando ao final de mais um ano. O tempo estará sempre presente em cada um de nós!