Maria de Lourdes Benfica foi absolvida
CARATINGA- Nesta terça-feira (29), o Tribunal do Júri de Caratinga absolveu, por unanimidade, Maria de Lourdes Benfica, 54 anos, acusada de matar o filho Areto Henrique, em 2016, na cidade de Imbé de Minas.
De acordo com a denúncia recebida pelo Judiciário, Maria de Lourdes, armada com um porrete de madeira, golpeou por diversas vezes a cabeça da vítima, que estava sentado em uma cama. À época, a denunciada e testemunhas disseram que o adolescente chegou com um comportamento bastante agressivo em casa.
A defesa da ré foi realizada pelos advogados Max Capella e Cleunice Sampaio. Conforme Max, em entrevista concedida antes do início do júri, a defesa pretendia com as teses de legítima defesa própria e de terceiros, inexigibilidade de conduta diversa e homicídio privilegiado pela violenta emoção logo após injusta provocação da vítima. “Mostramos e vamos mostrar agora finalmente para os jurados que ela agiu em legítima defesa própria e também de terceiro, pois o filho, naquela noite, quando se deram os fatos, ameaçou também matar a irmã, filha de Maria de Lourdes”.
O advogado acrescenta que o filho de Maria de Lourdes, à época com 15 anos de idade, estava violento há algum tempo. “Esse comportamento dele agressivo já vinham dois anos antes, desde os seus 13 anos, quando ele começou a se envolver fortemente com uso e tráfico de drogas. Ele foi alcançado pelos traficantes da comunidade. E a partir de então, aquele comportamento do filho mudou drasticamente, agressões físicas durante dois anos pelo menos, quebradeira em casa, furto de coisas para vender, principalmente essas agressões. E naquela noite, começaram as agressões por volta de 22h, quando ele chegou em casa e se estenderam até às 7h, ininterruptamente. Foi quando ela então, sem mais raciocinar de forma alguma, acabou agindo como agiu e deu cabo à vida dele”.
Max Capella também relatou o que teria ocorrido no dia do crime: uma madrugada de tortura contra a mãe, que terminou com a morte do filho. “Esse porrete inclusive foi tomado das mãos dele. Após todas as agressões com chave de fenda, ele a prendeu no quintal da casa na corrente do cachorro e deixou lá na chuva, humilhações como jogar farinha na cara dela, jogou água e filmou, tirou fotos. Por fim, por volta de 7h, ele pegou um porrete e falou que agora iria matar a irmã e depois mataria ela. Ela entrou na frente, tomou o porrete e golpeou ele na cabeça, infelizmente foi um golpe fatal”.
Cerca de 25 a 30 dias após a prisão em flagrante, a defesa de Maria de Lourdes conseguiu colocá-la em liberdade, mas, somente agora o caso veio a julgamento. O advogado destaca que houve grande repercussão. “Já havia o clamor social da comunidade de Imbé de Minas pedindo a soltura, porque conheciam, sabiam de toda a situação que era vivida por Maria de Lourdes. Ela foi colocada em liberdade. Não conseguimos absolvê-la sumariamente, para que ela não viesse a julgamento, mas, vamos para o Júri e absolvê-la”.
O RESULTADO
A sessão, que teve início às 8h30 e se encerrou por volta das 14h foi presidida pelo juiz Rodrigo Braga, de Ipatinga, em cooperação em Caratinga. O Ministério Público esteve representado pelo promotor Frederico Duarte.
Max Capella afirma que o resultado foi bastante positivo, com defesa e acusação entendendo pela absolvição. “O resultado já esperado com a absolvição de Maria de Lourdes com a tese defensiva de legítima defesa. Durante o dia foram ouvidas testemunhas, a filha de Maria de Lourdes e irmã da vítima também foi ouvida, um policial militar e, por fim, foi interrogada a Maria de Lourdes. O Ministério Público comungou do entendimento da defesa, também requereu absolvição por legítima defesa. A defesa também se manifestou nesse sentido. Teríamos outras teses, mas, a partir do momento, em que ambas as partes estavam com mesmo pensamento não foi necessário aprofundar mais no assunto. Os jurados então, por unanimidade, acolheram a tese defensiva de legítima defesa, culminando com absolvição”.
O processo está encerrado, pois, defesa e acusação não têm interesse em recorrer. “Ela ficou muito emocionada, chorou quase todo o julgamento. Estamos aqui hoje com a absolvição, dando apenas um alento a ela, tirando o fardo do processo criminal que tinha contra ela. O fardo verdadeiro, aquele peso que ela vai carregar no coração de ter tirado a vida do filho, esse, infelizmente, enquanto aqui homens, não poderemos tirar”, finaliza.