Cardiologista André Rausch explica os principais sintomas e importância do diagnóstico precoce
CARATINGA- As doenças cardiovasculares são líderes em morte em todo o mundo e, dentre elas, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a principal causa.
Para alertar sobre a doença, sintomas e prevenção, o DIÁRIO SAÚDE traz entrevista com o cardiologista André Rausch. Ele frisa a importância do diagnóstico precoce e alerta: “Tempo é vida em um infarto. Quanto mais precocemente tratado, melhor o resultado”.
O que é o infarto?
O infarto, popularmente conhecido como ataque cardíaco é a morte de parte do músculo cardíaco, que normalmente é decorrente da obstrução da artéria coronária. O coração depende de uma irrigação, de uma artéria que leva o sangue para nutri-lo. Quando isso é interrompido normalmente por um rompimento de uma placa de depósito de gordura, fato este que pode ter como estímulo o estresse ou atividade física, isso provoca a formação de um coágulo dentro da artéria, que impede que o sangue chegue ao músculo cardíaco levando morte de parte desse músculo.
Automaticamente associamos a dor no peito ao infarto. Mas, quais outros sinais podem indicar este quadro clínico?
A dor no peito é o fator mais importante. Muitas vezes ela pode até deslocar-se para outras regiões, como cervical, braço esquerdo, mandíbula ou região epigástrica. Pode estar associada à falta de ar, sudorese, náuseas e vômitos. É muito importante contextualizarmos essa dor. Normalmente a dor do infarto não dura segundos, precisamos de uma duração aproximadamente de 20 minutos para podermos começar a pensar em um infarto.
Há fatores de risco modificáveis?
Quando sabemos que a doença inicia com depósito de gordura nas artérias, quais são os principais colaboradores para isso? É a obesidade, hipertensão, diabetes, doença renal crônica; o próprio processo de envelhecimento é um fator de risco, então a idade também é muito importante. O próprio sexo, a mulher costuma ter um fator protetor hormonal, que normalmente não infarta tão jovem quando comparado com homem. Um fator importante também que não podemos deixar de lado é a história familiar, pessoas que têm parentes na família com infarto precocemente, estão expostas a um risco maior para a doença.
Quais são os primeiros socorros em caso de suspeita?
Acalmar o paciente, deitá-lo e ligar para a emergência. É o primeiro passo, porque precisamos realmente de uma avaliação médica para definir se realmente se trata de um infarto. Esse paciente precisa ser levado à emergência, onde será submetido a eletrocardiograma e exames de sangue, no qual conseguimos identificar lesão do músculo cardíaco. Tempo é vida em um infarto, porque o tratamento depende de um diagnóstico precoce para se ter melhor resultado para o paciente.
Se tratando de prevenção, quais são as principais medidas para evitar a doença?
As medidas que podemos tomar para evitar o infarto são realmente o controle dos fatores de risco. A perda de peso, controle da hipertensão, quem é hipertenso tem que fazer um acompanhamento médico regular; controle do diabetes, da doença renal crônica e praticar atividades físicas. Temos também medicamentos que auxiliam aqueles pacientes que já têm certo grau de doença coronariana, que podem ser medicados de acordo com critério médico.
Uma vez diagnosticado o infarto, quais as opções para o tratamento?
Hoje, a medicina teve um grande avanço com o serviço de hemodinâmica, mais conhecido como cateterismo. Nos lugares que temos o serviço disponível, o cateterismo precoce é muito importante, pois permite a identificação do vaso obstruído e a abertura com maior eficiência e menor risco ao paciente. Esta é preferencialmente a opção de escolha. Nos lugares em que não se têm este serviço, nós utilizamos terapia medicamentosa. Medicamentos que vão ralear o sangue, impedir o aumento da formação do coágulo e tentar dissolvê-lo, o que não deixa de ser importante. Muitas vezes conseguimos desobstruir com medicamentos, depois, transferimos o paciente para o serviço de hemodinâmica, para uma segunda checagem.
O que devem fazer os pacientes que já tiveram infarto e temem ter outro?
Esse paciente, automaticamente, se já infartou é considerado um paciente de alto risco. Pelo resto da vida terá que ter um acompanhamento médico regular, tomar medicações para tentar diminuir esse processo de acúmulo de gordura dentro das artérias e usar medicações que previnam o rompimento dessa placa de gordura, para que não tenha a oclusão total do vaso. É um paciente que além do cuidado médico, deve fazer uma atividade física programada, onde estabeleceremos metas semanais, para ele que possa se condicionar, melhore seus fatores de risco, perca peso, controle diabetes e colesterol e diminua o máximo possível a recorrência do infarto.