Caratinga registrou em 2019, até o momento, seis casos suspeitos da doença. Saiba como se prevenir
CARATINGA- Caratinga já registrou em 2019, até o momento, seis casos suspeitos de febre maculosa. Destes casos, nenhum foi confirmado. Para alertar a população sobre a doença, o enfermeiro investigador da Vigilância Epidemiológica, Paulo Henrique Nunes Borges, traz algumas orientações para a população.
De acordo com Paulo, a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril e de manifestação variável, ou seja, registra casos de maior e menor gravidade. “O agente é uma bactéria que fica dentro da célula, transmitida por várias espécies de carrapato. Ela começa da seguinte maneira, uma febre alta e súbita, dor muscular, calafrio, cefaleia, mialgia, vômitos, náusea, diarreia, dor abdominal e se a pessoa não começar a procurar tratamento pode passar a ter icterícia, a pele fica amarelada. Entre o segundo e sexto dia, aparecem manchas vermelhas nas palmas das mãos, solas dos pés, também nos punhos e vai piorando. Não tratando a pessoa pode ter hemorragia, insuficiência renal e continuando o quadro, pode ter uma parada respiratória, ao ponto de ter uma paralisia”.
O carrapato vive em torno de um ano e meio a três anos e o período de incubação, da picada aos primeiros sintomas é de 2 a 14 dias, em média sete dias. A princípio, o diagnóstico clínico é difícil, pois a doença se confunde com várias outras, como febre amarela, leptospirose ou sarampo, como explica Paulo. “O profissional de saúde tem que se atentar a fazer uma pesquisa e também o paciente informar ao médico se ele teve contato com carrapato e se foi em área rural, porque pelo sintoma e os antecedentes epidemiológicos, podemos já ter uma suspeita”.
Dentre os exames confirmatórios, o primeiro seria a reação da imunofluorescência indireta, exame que são detectados os anticorpos contra a bactéria. “Por meio desse exame coletamos uma primeira amostra 7 a 9 dias após os primeiros sintomas. 14 a 21 depois é coletada a segunda. Se a quantidade anticorpos entre a primeira e a segunda amostra for o quádruplo, confirma o diagnóstico de febre maculosa. Também nas lesões de pele pode ser feita uma biópsia. É menos frequente, mas pode pegar o carrapato e levar para o laboratório para isolar a bactéria”.
Como medidas de prevenção, o enfermeiro investigar cita alguns cuidados necessários. “Quem tem animais, fazer a higiene dele e da casinha. Quem for na área rural, ir com roupa de manga comprida clara para detectar o carrapato; não deitar na grama; manter os vidros fechados, pois se a área estiver infestada o carrapato vai para dentro do carro. Quem for pescar também, olhar o local se não tem carrapato. Ao limpar os pastos, ir também com essa mesma indumentária, calça comprida, colocar dentro da bota e colar também a fita com a parte colante para fora, de preferência bota branca sete léguas, para detectar o carrapato subindo. O objetivo dessa fita é prender o carrapato”.
O tratamento é composto de dois antibióticos. A doxiciclina tem a vantagem de além de combater a febre maculosa, combater, por exemplo, a leptospirose. “Pois, quando é um caso muito grave, que a pessoa está internada, intubada, fazemos outros exames. Alertamos à população então a esse cuidado, pois é uma doença que se não tratar é 80% de letalidade”.
O estudo histórico do Departamento de Epidemiologia contabiliza, em 12 anos, a ocorrência de 62 casos suspeitos de febre maculosa, sendo nove confirmados e três que evoluíram para óbitos. “Atualmente a situação está mais tranquila. Em 2019, foram seis casos suspeitos, sendo que nenhum foi confirmado”, finaliza Paulo.