Eugênio Maria Gomes
Há milhares de anos, assim que passou a fazer melhor uso de seu cérebro, o ser humano começou a inventar coisas, com vistas a facilitar a sua sobrevivência e a utilização dos recursos naturais do planeta. Utilizando sua inteligência, ele inventou: a comunicação verbal; as ferramentas feitas com madeira e posteriormente, de pedras; a roda; o vidro; a escultura e a pintura; as primeiras regras de convivência social; a escrita, que propiciou um dos avanços em seu desenvolvimento; o processo de dominação dos outros animais; a escravidão, usando a sua força para dominar os mais fracos; o processo de troca, quando passou a comercializar, entregando o que sobrava e recebendo o que lhe faltava; a crença e os deuses; as religiões; os demônios; as edificações grandiosas; a cerveja; o vinho; a Filosofia, quando começou a raciocinar com base em argumentações e contra-argumentações; a expansão da Cultura através das invasões, conquistas e extermínio de povos; a estrada, os aquedutos; a fechadura; o sabão; o Império; a peste; a miséria, a pobreza e a nobreza; o Cristianismo, a superstição e a feitiçaria; as guerras, o medo e a insegurança; o feudo, o senhorio e a burguesia; os exércitos; as grandes navegações, o mercantilismo; o sistema de esgoto; o moinho de vento; a escova de dentes; o lápis comum; o calendário; a cadeira de rodas; o termômetro; a bússola magnética; a pólvora; o relógio; o telescópio; o submarino; o barômetro; o pêndulo do relógio; o cálculo; a máquina a vapor; os óculos; o cronômetro; o refrigerante; o balão de ar quente; a lâmpada a óleo; a lente bifocal; o cadarço; a guilhotina; o rolamento de esfera; o sistema métrico de medida; o paraquedas; a imprensa; a bateria; o navio a vapor; a conserva alimentar; a bicicleta; o estetoscópio; o sistema Braille, o cimento, o fogão a gás; a locomotiva; o termostato; o motor elétrico; a fotografia; o código Morse; a energia elétrica e a lâmpada; a célula de combustível; a borracha vulcanizada; o selo postal; a máquina de costura; o plástico; o fac-símile; a geladeira; o cartão de natal; o elástico; o saxofone; o alfinete; o dirigível; o elevador, a seringa; a batata frita; a limpeza a seco; o aço; o papel higiênico; o abridor de latas; o motor de combustão interna; os poços de petróleo; a pasteurização; o grampeador; a dinamite; a máquina de escrever; a margarina; o saco de papel; a vaselina; o papelão ondulado; a tabela periódica; o catálogo; o PVC; o jeans; o arame farpado; o telefone com fio; o fonógrafo; o processamento de laticínios; o microfone; a caixa registradora; a lâmpada incandescente; a sacarina; o ferro elétrico; o cinema; a montanha russa; o arranha-céu; a motocicleta; o lava-louças; a lente de contato; a câmara fotográfica portátil; a porta giratória; a cadeira elétrica; o pneu; o automóvel; a filmadora; a escada rolante; o trator; a torradeira elétrica; o zíper; os flocos de cereais; o cupom de mercearia; o rádio; o fogão elétrico; a aspirina; a gelatina; a secretária eletrônica; a lanterna a pilha; o clipe de papel; o aspirador de pó; o ar condicionado; o urso de pelúcia; o avião movido por motores; o lápis de cor; o lápis de cera; o eletrocardiograma; o cabide de arame; o silicone; o café descafeinado; o motor de popa; a máquina de lavar roupa elétrica; o gotejamento de café; o vidro de segurança; o neon; o celofane; a linha de montagem; a palavra cruzada; o aço inoxidável; o tubo de batom; o sonar; o tanque militar; o secador de cabelos; o detector de metais; o curativo; a insulina; o polígrafo; o semáforo automático; o alto-falante; o tecido descartável; o aerosol; o quartzo para relógio; o audiotape; o pão em fatias; a máquina de barbear; o eletroencefalograma; o banco de sangue; a fita adesiva; o supermercado; a toalha de papel; o sistema de gravação de som; o algodão; o parquímetro; o microscópio eletrônico; a televisão; a lavanderia automática; a lâmpada fluorescente; o polietileno; a Escala Richter; o nylon; a fotocópia; a fibra de vidro; a caneta esferográfica; o teflon; o computador; o helicóptero; a guitarra elétrica; os mísseis guiados; o reator nuclear; o equipamento de mergulho; a comunicação sem fio; o protetor solar; o rifle; a bomba atômica; o forno de microondas; o biquine; o telefone móvel; a fotografia instantânea; o radar; o bebedouro; a goma de mascar; o transistor; o velcro; a máquina de fazer gelo; o cartão de crédito; a fralda descartável; o controle remoto para televisão; a fita de vídeo; o corretivo, o airbag; o código de barras; a bomba de hidrogênio; o contraceptivo; o desfibrilador; o diamante artificial; a fibra óptica; satélite; o circuito integrado; o laser; o skate; a ultra-sonografia obstétrica; o cinto de segurança transversal; o LED; o display de cristal líquido; o aspartame; a calculadora eletrônica portátil; o caixa automático; detector de fumaça; a internet; o videocassete; a clonagem animal; o relógio digital de pulso; o e-mail; o processador de alimentos; a ressonância magnética; o post-it; a tomografia computadorizada; o videogame; a engenharia genética; o computador pessoal; o mouse; o celular; a fertilização in vitro; o CD; a pele sintética; o computador portátil; o DVD; o viagra; as redes sociais; o whatsapp… Pela inteligência, o homem descobriu quase tudo para viver melhor no planeta, exceto a maneira correta de preservá-lo, de usufruir adequadamente de tudo que ele pode oferecer, sem destruí-lo! Neste aspecto, o homem continua um completo ignorante, habitando, ainda, as cavernas da obscurescência, preso à falsa ideia de que a Natureza lhe pertence, sem perceber, posto que cego por sua arrogância, que os recursos do planeta são finitos, e que o preço a ser pago pelo mau uso da Terra, já não tarda a ser cobrado e sem dúvida, será muito alto…
* Eugênio Maria Gomes é professor e escritor.