Edson Dias Moura, 36 anos, é casado e tem quatro filhas. Ele viveu duas fases bem distintas em sua vida: a primeira marcada pelo sofrimento, na criminalidade e a segunda, com a vida transformada, onde ganhou uma nova chance de viver.
Em um bate-papo com Adenilson Geraldo, Edson relembrou detalhes de sua trajetória de associação ao crime, que teve início na sua juventude. “Nasci em berço evangélico, mas me afastei. Foi onde encontrei algumas amizades e acabei me aprofundando em coisas que me limitaram, me colocaram em situações confrontantes ao evangelho e ocasionou no meu afastamento mais ainda. Mas, tive uma base muito cristã, nasci na Igreja Presbiteriana, fui batizado aos nove anos de idade, acompanhado por pastores na infância, mas devido algumas circunstâncias houve esse afastamento”.
Ele relembra que ficou de sete a 10 anos afastado da Igreja, o que foi suficiente para sua primeira queda. Não resistiu às armadilhas do dinheiro fácil, levando a ilusão de uma vida melhor. “Por volta dos meus 19 anos, houve uma distorção com o primeiro relacionamento que tive. Por falta de alguma vigilância da família, acabei me afastando do meio evangélico, me casando na igreja católica, saindo totalmente da doutrina da minha igreja. Daí pra lá houve muitos distúrbios e aos 23 anos tive conhecimento com algumas pessoas que me levaram ao mundo da criminalidade. Fiquei algum tempo associado ao tráfico e algumas prostituições, vários tipos de coisas maliciosas. Quando aprofundei, por volta de 2007, comecei a ter contato com o sistema prisional. Fui preso oito vezes. Mas, desde quando resolvi me envolver nessa situação, o Senhor Deus nunca deixou que eu me prosperasse no meio da comunidade do crime”.
Quando completou 32 anos, Edson considera que teve a oportunidade de um “novo nascimento”, ao encontrar pessoas que acreditavam em sua capacidade de mudança. “Comecei a ser trabalhado de novo, acompanhado pela minha igreja, por evangelistas, pastores, porque eles nunca se afastaram da nossa família, que apesar das dificuldades, também sempre permaneceu no Evangelho. Meu pai tinha dificuldades em algumas situações com álcool, mas sempre era presente, tinha a qualidade dele na Igreja e os pastores sempre estavam à nossa volta. 31 de novembro de 2012 tive a volta do Evangelho na minha vida”.
As mudanças foram tantas que hoje ele está no terceiro período da Faculdade de Teologia, incentivado pela Igreja que frequenta e realiza um trabalho social. Edson quer levar palavras sinceras e de conforto, para que outras pessoas também possam seguir um novo rumo. “Graças ao nosso bom Deus e a misericórdia do Senhor Jesus Cristo, o Senhor tem uma promessa na vida da gente, uma aliança que ele não desfaz, desde o nosso nascimento; tive a graciosidade do Senhor me restaurar através de grandes pessoas, pastores, da Igreja, que lutaram pela minha vida e acreditaram na minha restauração. O Senhor me trouxe de volta, hoje continuo no percurso, acompanhado pelo pastor Teodomiro (reverendo Teodomiro Silva Fontes) e em 2014 para 2015 foi uma nova restauração, mais ainda intimamente com o Senhor. Surgiu um grande amor no meu coração, que o que as pessoas fizeram comigo, passei a seguir adiante, ajudando as pessoas no sistema prisional, centro de recuperações e hoje temos um ótimo trabalho. A Igreja tem um curso teológico dentro do presídio, graças ao Senhor ter me levado já convertido e restaurado. Temos grupos de estudos bíblicos; quase 20 pessoas que praticam esse curso”.
Para Edson, o apoio foi fundamental para sua mudança e ele quer levá-lo àqueles que muitas vezes são esquecidos pela sociedade. “Perdi o primeiro casamento com toda a situação maquiavélica que existia na minha vida, destruiu o relacionamento. Hoje estou casado com uma esposa maravilhosa, graças a Deus, reestruturado, porque pessoas acreditaram que poderia haver uma restauração. Temos famílias aqui que nasceram de novo também, estão saindo de dentro do presídio mudadas ou lá dentro mesmo, que o poder de Cristo mudou essas pessoas”.
Considerando-se um homem recuperado, ele deixa uma reflexão sobre a importância de sabermos compreender o sofrimento alheio, sem julgamentos, mas com o objetivo de estender a mão a quem precisa. “O nascimento não é feito por nós, o Senhor que nos dá a vida de novo, Jesus Cristo nos dá a vida. Mas, as pessoas são condutores para outras serem restauradas. A maior forma que Deus tem para restaurar pessoas é usando outras. O maior condutor que o Senhor usa é o ser humano, se ele não deixar ser usado pelo Senhor na vida dos outros, se torna um destruidor, não um auxiliador. Aquele que não ama seu próximo, não ama nem a si mesmo. Aconselho as pessoas que antes de olhar o externo, olhe por dentro. Se imagine no lugar dela, antes de julgar”.