
Pedro Leitão acredita na possibilidade de crescimento da agroindustrialização dos produtos da região (Foto: Éllida Alves)
Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento faz balanço de ações à frente da pasta
O agronegócio tem tido uma expressiva participação na economia do país. O setor cada vez tem ganhado atenção, devido à sua sobrevivência, mesmo em meio à severa crise econômica do Brasil. Um papel muito importante nessas ações de desenvolvimento e incentivo é atribuído à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA).

Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento comenta ações da pasta (Foto: Éllida Alves)
Sua finalidade é planejar, promover, organizar, dirigir, coordenar, executar, disciplinar, controlar e avaliar as ações setoriais a cargo do Estado, relativas ao fomento e ao desenvolvimento do agronegócio, nele incluídas a agricultura familiar e as atividades agrossilvopastoris, e ao aproveitamento dos recursos naturais renováveis, ao desenvolvimento sustentável do meio rural e à gestão de qualidade, transporte, armazenamento, comercialização e distribuição de produtos.
Em janeiro deste ano, o caratinguense Pedro Claudio Coutinho Leitão, assumiu o comando da pasta. Nesta entrevista, ele faz um balanço sobre as primeiras ações à frente da Secretaria, projeções do agronegócio mineiro e potencial do município para exploração de novas culturas agrícolas, como a agroindustrialização (processo de transformar alimentos in natura em produtos diferenciados e com valor agregado).
Qual balanço o senhor faz desses pouco mais de cinco meses à frente da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento?
O agronegócio é a locomotiva da economia brasileira. O PIB do primeiro trimestre de 2017 apresentou um crescimento de 1%, em relação ao trimestre anterior. O setor agropecuário contribuiu com um crescimento de 13,4%, confirmando a importância deste segmento para o desenvolvimento socioeconômico do país. Em Minas Gerais a nossa expectativa também é positiva. Estamos colhendo uma safra de grãos recorde. A cada crescimento nas safras agrícolas e na produção pecuária há um efeito positivo na economia dos municípios. Em maio passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Minas foi o Estado que mais gerou empregos formais, com a criação de 22.931 postos de trabalho; esse resultado foi motivado principalmente pela expansão do setor de agropecuário (18.727 postos). Diante desses bons resultados, existe a necessidade de uma articulação constante com as lideranças do setor para atender à crescente demanda por políticas que assegurem o contínuo crescimento do setor. E a Secretaria é um espaço de articulação e formulação de políticas públicas para o agronegócio. Dentre elas podemos registrar a disponibilização do Portal do Produtor, que vem facilitar os serviços prestados pelo IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) aos pecuaristas; parcerias com agentes financeiros para ampliar os recursos destinados ao Crédito Rural e o atendimento aos produtores mineiros; o mapeamento geoespecializado do parque cafeeiro de Minas; parceria com a Defesa Social para formar e ampliar a segurança no campo; a valorização da produção mineira por meio da certificação das propriedades cafeeiras, das que cultivam sem agrotóxicos, da produção orgânica e de cachaças, dentre outros produtos. Esses são alguns exemplos.
O senhor já foi secretário de Educação da Prefeitura de Caratinga, na gestão do prefeito João Bosco Pessine e de Desenvolvimento na gestão do prefeito Marco Antônio Junqueira. Além disso, é graduado em Administração e Comunicação Social, mestre em Administração e doutor em Ciência da Informação. Apesar de áreas distintas, acredita que toda esta bagagem contribui para sua atuação na Secretaria?
Aprender e ter novos desafios, sempre foi algo que me motivou. Adquiri experiência em gestão e liderança no setor educacional, aonde cheguei a ocupar a vice-presidência de uma rede com 25 mil alunos e 14 unidades. No que se refere à experiência em Gestão Pública, atuei como secretário Municipal de Educação (2009/2011) e como secretário Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (2012/2013), em Caratinga. Sempre pautei minha gestão com o foco nas pessoas, pois são elas que fazem as coisas acontecerem e os projetos saírem do papel. A experiência adquirida nesse período tem sido fundamental, contribuindo muito na gestão e nas tomadas de decisão à frente da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
O que o senhor pensa da integração da Secretaria com as vinculadas – IMA, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig)?
O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Agricultura planeja, coordena e executa diversas ações relativas à política agrícola, ao desenvolvimento sustentável do meio rural, à competitividade do agronegócio; à execução de projetos de logística de infraestrutura rural e de engenharia, inclusive os de engenharia agrícola e hidroagrícola, visando o desenvolvimento social e econômico do meio rural. Para desenvolver essas competências, a Secretaria conta com o trabalho de suas vinculadas Emater-MG, Epamig e IMA, que são responsáveis pela extensão rural e assistência técnica, pelo desenvolvimento de tecnologias agropecuárias e pela defesa sanitária animal e vegetal. Elas são as executoras dos principais instrumentos de políticas agrícolas em nosso Estado. O sinergismo das vinculadas com a equipe técnica da Secretaria contribui no fortalecimento e crescimento do agronegócio mineiro.
A primeira estimativa para o Produto Interno Bruto do agronegócio 2017 apontava uma queda de 16,7% para o faturamento do café. Seria uma consequência da produção inferior ou da retração no preço dos grãos?
A cultura do café é caracterizada pela alternância entre safras altas e baixas. Neste ano, há estimativa de uma colheita de 25,7 milhões de sacas. Este valor é 16,3% inferior à safra passada, ou seja, são cinco milhões de sacas a menos a serem comercializadas. Este menor volume de café afetou negativamente em 0,48% o valor estimado para o PIB do Agronegócio Mineiro em 2017, em relação ao ano passado. A contribuição das culturas como a cana-de-açúcar, milho, mandioca, banana, laranja, algodão e atividades da pecuária (leite e suíno) contribuíram para neutralizar o impacto negativo do café no PIB do Agronegócio Mineiro.
Um caratinguense na Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento traz muitas expectativas à população. Recentemente, o senhor fez a entrega de um kit feira aos agricultores familiares. O que mais está previsto para o município de Caratinga?
O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Agricultura e suas vinculadas; executa diversas ações no município e na microrregião de Caratinga. Podemos citar o Programa Certifica Minas Café, que certifica as propriedades cafeeiras dentro de critérios de sustentabilidade econômica, social e ambiental, com ênfase em gestão da atividade. Somente em Caratinga são 14 propriedades certificadas e mais 18 em processo de certificação. Uma novidade para este ano será a realização, em setembro, de uma etapa do Circuito Mineiro de Cafeicultura, promovido pela Secretaria de Agricultura e Emater-MG. O evento, que acontece pela primeira vez em Caratinga, busca o aperfeiçoamento profissional dos cafeicultores, abordando temas tecnológicos e gestão da atividade cafeeira. A Secretaria ainda apoia efetivamente iniciativas locais. Um exemplo é a nossa participação na Feira de Negócios Agropecuários (Fenasc), prevista para o período de 24 a 26 de agosto.
O café sempre foi considerado o ‘carro chefe’ da produção de Caratinga. O senhor acredita que o município tem potencial para exploração de novas culturas agrícolas?
Sim, o café sempre foi e continuará sendo o carro-chefe, pois é uma cultura tradicional e que possui uma cadeia produtiva consolidada no município e na região. No entanto, identificamos a grande potencialidade que existe para outras atividades, como a horticultura e fruticultura, que também apresentam estruturas de comercialização consolidadas e que poderão atingir outros mercados consumidores. Outro segmento que tem possibilidade de crescimento é a agroindustrialização dos produtos da região. Pois desta forma, agregaremos valor e, consequentemente, os produtores poderão auferir maiores rentabilidade.
Comenta-se que o senhor é apontado como um possível candidato a deputado. Disputar um cargo político realmente está em seus planos?
No momento, a prioridade é realizar um trabalho de excelência à frente da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, contando sempre com a parceria de nossas vinculadas Emater-MG, IMA e Epamig. Essa é também uma grande oportunidade de aprendizado e preparação para novos desafios.
Caratinga está comemorando 169 anos. Qual mensagem o senhor deixa para a população nesta data?
Caratinga é a minha cidade Natal. Lugar, que pelas suas qualidades, aprendi a respeitar e amar. Minhas raízes estão aqui e tenho orgulho disso. A história de Caratinga é rica, de destaque na região, e mostra o valor de seus cidadãos. Pessoas inteligentes, dedicadas, trabalhadoras e felizes. Nesse dia tão importante, desejo que Caratinga tenha um futuro brilhante (sem se esquecer de suas raízes), de muitas conquistas e avanços em todas as áreas. Que o setor agropecuário se fortaleça cada vez mais, levando riquezas e qualidade de vida aos agricultores, aos caratinguenses. Parabéns Caratinga!