Profª Zilanda Souza – Neuropsicopedagoga
Eu vivo hoje a experiência de ser mãe de adolescentes. Já fui mãe de bebês, de crianças e hoje eu sou mãe de adolescentes. Acreditem! Sinto-me aprendendo! Saber trocar fraldas, deixar o bebê arrastar no chão, conversar com ele, colocar música boa para ouvir, incentivar a autonomia, evitar o andador, era o máximo da minha educação! Sentia-me uma mãe muito especial, acompanhando a agenda das crianças e monitorando o dever de casa. Eu guardei álbuns de atividades, eu chorava na mostra cultural da escola. Postava umas 30 fotos de cada evento nas redes sociais. “Que mãe bacana eu fui!” Pensava lá no meu íntimo. De repente, o cenário muda. Eles crescem. A rotina altera. O corpo transforma. O foco é outro. Surge a primeira nota perdida. O primeiro bilhete de “não fez o dever”. O primeiro trabalho que não foi entregue. O primeiro beijo na boca na porta da escola. E ao contrário da mãe de criança, que recebia as orientações de uma professora só, as notificações vinham dos 10, 12 professores. (eu exagero aqui). De repente, eu senti que minha medalha de ouro de “melhor mãe” foi retirada de mim. Eu fui uma boa mãe de crianças. Precisava aprender a ser mãe de adolescentes. Eu e eles, vivendo uma estação de novas experiências. Amor e bronca! Bronca com amor. Limites. Dinheiro encurtado. Presente sem motivo? Jamais! A regra era clara: esforço e recompensa. Metas e bronca, com direito a cara feia. Fui me tornando uma mãe mais firme, mas também, mais observadora. Errei e aprendi. Não impedia a liberdade, mas atrelava a responsabilidade. Eu recomeçava todo dia. Eu amava todo dia. Minha voz era a gota insistente, caindo todo dia naqueles ouvidos. Eu me cansava, mas nunca desistia. Comecei a observar como eles eram diferentes. Como eu os amava! Como algumas coisas me incomodavam! Não via neles minhas preferências, mas aprendi a apreciar e a respeitar as preferências e as habilidades que cada um ia construindo. Eles saíram de dentro de mim, mas não se tornarão minha cópia (graças a Deus!). Virei fã! Tiete! Acreditem! Eu acompanhei campeonatos de futsal e vôlei da escola. Xinguei o juiz, (não queria decepcionar vocês, mas xinguei mais de uma vez). Patrocinei o time do meu filho. Gritava gol de uma forma despudorada. Pulava em cada set que o time da minha filha vencia. Assisti a partidas de videogame e a saga Crepúsculo. Aprendi algumas técnicas de maquiagem. Ouvi funk e pagode (eca!). E permaneci firme, dando bronca, estabelecendo metas, encurtando a grana. Toda noite, a mesma checagem: fez o dever? Onde está o cronograma de provas? Quais são as prioridades da semana? A geladeira virou um mural. A porta do guarda roupa, uma agenda lançada aos olhos. Eu me tornei uma mãe mais apaixonada, firme, brava e observadora. Hoje eles estão com 16 e 17 anos. Nesta semana chorei emocionada por duas vezes. Numa delas, meu filho me convidou para cozinhar com ele. Juntou todos os ingredientes e deu a partida. Na outra situação, minha filha, que já encerrou o ensino médio me pede uma agenda, espontaneamente, para organizar suas prioridades para o novo ano. Puxa vida! Sabem quantas vezes eu insisti no uso da agenda escolar? Milhões de vezes! Sabem quantas vezes eu insisti para que aprendessem a usar a cozinha, a valorizar as pessoas que preparam os alimentos? Outras milhões de vezes! De repente, eu sou surpreendida com o fruto de um investimento de amor imensurável. A estação está mudando! A semente está florescendo! Eu estou aprendendo a ser mãe de adolescente, enquanto educo insistentemente!
Você é mãe ou pai de adolescente também? Às vezes vocês se sentem cansados? Tem a sensação que as coisas não mudam? Também são gotas insistentes? Recebam meu abraço! Bem-vindos ao time dos que estão aprendendo a serem pais de adolescentes. Regra número 1: proibido desistir! Regra número 2: tudo deve ser regado com amor, até as broncas e os limites! Regra número 3: toda semente plantada, regada e bem cuidada, vai florescer no tempo certo! E a lei do universo. A estação da colheita há de chegar!