Acredita-se que a nossa maneira de pensar, de sentir, de internalizar as situações e experiências vividas, pode nos influenciar e ajudar a construir nossas conquistas e derrotas, nossos sucessos e insucessos. Há quem diga que a nossa maneira de lidar com as emoções interferem até, na nossa saúde, porquanto ajudam a definir a qualidade de vida que aplicamos em nosso cotidiano. Uma coisa é certa: pessoas reativas e que não aplicam a Inteligência Emocional em suas atividades pessoais e profissionais, normalmente são mais propensas ao que chamamos de “azar”, mas que costuma ser, apenas, o resultado de sua atuação frente aos problemas e aos desafios.
Aqueles que não buscam uma atitude mental positiva, que não conseguem alcançar o necessário equilíbrio entre razão e emoção, dificilmente, conseguirão os melhores resultados em suas ações, em seus relacionamentos, em sua busca pela felicidade. Pessoas que reclamam de tudo são propensas a não se satisfazerem com nada. Pessoas que acham todos chatos são chatas por natureza. Pessoas que duvidam de tudo e de todos jamais conseguirão “remover a montanha”.
Existe uma lenda que exemplifica muito bem o que pessoas assim são capazes de encontrar pelo caminho. Ela diz o seguinte: um jovem administrador resolveu mudar de emprego e de cidade e foi para outro estado. Lá chegando, candidatou-se a uma vaga em uma grande empresa, marcou a entrevista e dirigiu-se ao local que lhe fora indicado. Encontrou na portaria do grande edifício, sentado na poltrona ao lado da recepção, um senhor que já devia contar com os seus oitenta e tantos anos. Tratava-se de um aposentado da empresa e que passava horas ali, todos os dias, conversando com as pessoas.
Assim que entrou no amplo saguão, o jovem foi inquirido pelo ex-funcionário:
– Bom dia meu jovem!
– Bom dia senhor!
– O que veio fazer aqui? Está buscando por emprego?
– Sim, estou. O senhor trabalha aqui?
– Não, já trabalhei por muitos anos…
– Ah, que bom encontrar alguém que já tenha trabalhado aqui. Estou saindo de uma empresa e buscando outra, com vistas a trabalhar em um ambiente que me agrade mais que o anterior. Como são as pessoas que trabalham aqui?
– Como eram as pessoas do local onde você trabalhava?
– Ruins… Muito ruins. O ambiente lá não era bom, porque as pessoas também não eram boas. Nunca vi um lugar com gente tão perversa, fofoqueira, indisciplinada, egoísta e de caráter duvidoso… Saí de lá para me livrar daquela gente.
– A mesma coisa você haverá de encontrar aqui, meu jovem.
Depois de ouvir isto, o jovem decidiu cancelar a entrevista e procurar outra empresa para trabalhar. Mal deixou o prédio, chegou outro rapaz, sendo logo abordado pelo ex-funcionário:
– Bom dia meu jovem!
– Bom dia… Senhor!
– Jorge. Jorge de Castro. O que veio fazer aqui? Está buscando por emprego?
– Sim, estou. Meu nome é Bruno. O senhor trabalha aqui?
– Não, já trabalhei por muitos anos…
– Ah, que bom. Perdi o meu emprego e preciso conseguir uma colocação rápida. Como são as pessoas que trabalham aqui?
– Como eram as pessoas do local onde você trabalhava?
– Boas… Muito boas. O ambiente lá era excelente. Deixei um grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter que deixá-las, mas infelizmente a fábrica teve de demitir alguns funcionários.
– A mesma coisa você haverá de encontrar aqui meu jovem.
Terminado o diálogo, o jovem dirigiu-se à portaria e teve o seu acesso autorizado. O porteiro, que escutava atentamente a conversa, perguntou ao ex-funcionário:
– Jorge, como você pode dar respostas tão diferentes à mesma pergunta? Para um você disse que ele encontraria pessoas más, perversas, indisciplinadas, fofoqueiras, egoístas e, para o outro, você disse que ele encontraria pessoas boas, disciplinadas, amáveis, educadas, comprometidas… Como pode isso ser possível em uma mesma empresa?
– Meu caro amigo, aprenda uma coisa: cada um carrega em seu coração o ambiente em que vive.
Quando achamos tudo ruim, quando colocamos defeito em tudo e em todos, não importa o ambiente em que estejamos, pois sempre encontraremos pessoas e coisas defeituosas, porque o problema não está com eles, mas sim na nossa forma de olhar e sentir as pessoas e o mundo. Ao contrário, se nos permitirmos encontrar bondade e beleza por onde passarmos, certamente o mesmo encontraremos em nossa próxima parada.
O Mundo está repleto de espelhos, e os nossos olhos são as janelas da nossa alma… Então, normalmente, ao olharmos o Mundo, vemos o reflexo da nossa alma. A tristeza, a alegria, a dor, o egoísmo, a maldade, a dúvida e a desconfiança não estão nos outros, estão em nós mesmos… Os outros, apenas as refletem!
Mas, nós podemos ser melhores e mais felizes se associarmos à nossa inteligência, ao nosso intelecto, a capacidade de olhar pela janela e ver a lua, ao invés de ver, apenas, a grade… Para isso precisamos, tão somente, aprender também a usar os olhos do coração!
- Eugênio Maria Gomes é escritor, professor e pró-reitor de Administração da UNEC – Centro Universitário de Caratinga. Secretário de Cultura do Grande Oriente do Brasil – Minas Gerais (GOB-MG) e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.