* Henrique Fonseca Genelhu Soares
No filme ‘Tempos Modernos’ (1936), Charles Chaplin representa o homem da modernidade, pressionado, cada vez mais, a acelerar sua produtividade. Esta caracterização da sociedade feita pelo cinema demonstra que, a partir do início do século XX e do surgimento de novas tecnologias, o conceito de tempo passou a ser supervalorizado. Desta forma, é importante refletirmos sobre a influência dos avanços tecnológicos no comportamento, nos valores e nas relações sociais da sociedade contemporânea.
Um reflexo da rápida disseminação das novas tecnologias e das mudanças que elas trazem à sociedade está na fragilização dos laços sociais. Cada vez mais o homem tende a se relacionar de forma superficial e criar laços menos duradouros. Dados do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram, por exemplo, o aumento de aproximadamente 1,5% nos divórcios. O crescimento do número de brasileiros divorciados demonstra que as relações sociais estão se tornando descartáveis e efêmeras.
Além disso, a cultura do consumismo atingiu o próprio homem, que se tornou uma mercadoria. Assim como descartamos objetos que não servem mais e compramos novos, trocamos de relacionamentos, valores e até mesmo desejos. Esta “coisificação” das pessoas permite que os laços sejam desfeitos de forma mais fácil e mais frequente. Desta forma, é importante refletirmos sobre o nosso papel nessa sociedade de intensas transformações. Devemos ser críticos quanto à nossa conduta nos relacionamentos e priorizar laços mais duradouros.
* Henrique Fonseca Genelhu Soares é Mestre em Economia pelo Ibmec-RJ e economista pela UFJF. Atua como Professor dos cursos de Economia, Administração e Ciências Contábeis da Unec – Centro Universitário de Caratinga.