A paciência com treinadores novos e com ideias é visivelmente menor em relação aos chamados ‘medalhões’. O motivo, não sabemos. Ou até temos uma noção do que acontece. Mas com certeza passa pelo fato de que os dirigentes sentem medo da cobrança exagerada da torcida. E em alguns casos, próprios jogadores pedem um treinador mais velho, com o estilo de paizão, que passe a mão na cabeça.
Treinadores como Thiago Larghi, Odair Hellmann e Rodrigo Santana são alguns desta nova safra que com certeza já contribuíram para o futebol brasileiro e ainda têm muito a acrescentar. Claro que seus primeiros trabalhos serão marcados por muitos, mas a verdade é que todos precisam de sequência. Cruzeiro com Abel Braga, Palmeiras com Mano Menezes e o São Paulo, até pouco tempo com Cuca, mostram como os clubes preferem o que pode dar resultado por uns meses do que olhar para o futuro e se organizar como um clube que tem ideias e uma proposta de jogo.
O futebol brasileiro é imediatista e aprova o futebol feio, porém eficiente. Muitos concordam, mas uma hora isso muda e aquilo se perde quando enfrenta algum time minimamente organizado. Flamengo, Santos e Athletico são clubes que fugiram do óbvio e pensaram em montar times com ideias e são fiéis a elas. Óbvio que todo processo requer tempo e todo começo é complicado. Porém, são os times que atualmente se destacam no cenário nacional. Ofensividade, qualidade coletiva e organização tanto na defesa quanto no ataque. Clubes que odeiam o jogo feio e evitam o máximo dar chutão pra ganhar jogo. Valorizam o futebol bem jogado e a boa relação de seus goleiros com os pés.
É bonito e importante vê-los jogar para a gente lembrar que nossos jogadores não são extraterrestres e sabem tratar bem a bola. Basta alguém exigir e dar a cada um sua função. Time bem e treinador trabalhando, com tempo para desenvolver suas ideias, é fundamental para o sucesso. Nem sempre o título virá, mas saber que foi feito o máximo para acontecer, vale muito.
Matheus Soares