Ildecir A. Lessa
Advogado
Todo brasileiro sabe que a história do Brasil é marcada por uma variada gama de crises, desacertos, conflitos e contradições, que afetaram política, econômica e culturalmente a população. Tudo isso fruto de uma, política equivocada perpetrada pelos dirigentes da nação brasileira, em todos esses anos de atraso, aliada à má gestão do Estado. Esse estado de coisas, afeta diretamente a educação, aliado a outras circunstâncias tão exaustivamente debatidas na área educacional. Ora, com a complexidade do mundo moderno, aumentam as necessidades relativas à formação educacional do ser humano.
Não ter uma preparação que possibilite a participação no mercado de trabalho implica dificuldades de ajustamento pessoal, social e profissional. A escola é a responsável por excelência pela construção do sujeito que acontece de forma sistemática ao longo da infância, adolescência e juventude. Mas, verdadeiramente, o Brasil não é uma pátria educadora. Particularmente, não tenho apreço em buscar lições de outros países sobre a educação. Como o Brasil não está nem fazendo o dever de casa, não resta outra alternativa, senão copiar a lição de casa, de outros países.
E vamos lá. No Vietnã, um professor é perguntado nos primeiros dias de trabalho sobre as metas que deseja alcançar na carreira. Quer trabalhar na linha de frente com as crianças e adolescentes? Almeja um cargo de gestão? Ou gosta mesmo de pesquisar e desenvolver técnicas e metodologias de ensino? A partir disso, professor e diretor da escola atuam em conjunto para estruturar a carreira de acordo essas preferências. No Japão, bônus salariais, a possibilidade de acelerar promoções e a ideia de desafio tornam atrativo dar aulas nas escolas mais pobres do país. Na Estônia, a forte evolução salarial nos últimos anos e a autonomia para aplicar métodos criativos de ensino fazem da carreira de professor uma das mais cobiçadas. Na Coreia do Sul, o alto status social dos professores combina estabilidade, bons salários e rigorosos requisitos de admissibilidade na carreira. Já na Finlândia, o salário não é dos mais altos quando comparado à média das demais profissões; mas o prestígio, sim. O que esses cinco países têm em comum? A contratação de professores é seletiva, a profissão é valorizada e, mais importante, a carreira é estimulante, o que atrai bons profissionais para as salas de aula. E esse foco na qualidade dos professores se reverteu em bons resultados no influente ranking Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), organizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que avalia o desempenho de jovens de 15 anos em ciências, matemática e leitura em 75 países.
“A qualidade da educação de um país nunca será maior que a qualidade dos seus professores“, definiu Andreas Schleicher, o idealizador do Pisa e diretor da área de educação da OCDE. E, para ter bons professores, é preciso atrair as pessoas mais talentosas para a profissão, oferecendo uma carreira desafiadora, além de boas condições de trabalho, diz Schleicher do Pisa. Nesses quesitos, o Brasil está longe de ser exemplo. Numa pesquisa da OCDE com 100 mil professores do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos), o Brasil aparece no topo de um ranking de violência em escolas. Soma-se a isso o fato de a profissão de professor não ter prestígio social, salários abaixo da média da OCDE, ausência de uma carreira bem estruturada e de um período mínimo de experiência prática em salas de aulas como parte da formação.
Todos esses fatores puxam para baixo a qualidade da educação no Brasil, que ficou entre os 10 países com piores resultados no Pisa de 2015. Replicar um modelo de um país para o outro, sabe-se que, não é algo tão factível, uma receita mágica que poderia resolver os déficits educacionais. Cada país é diferente. Mas, o Brasil deve saber que, a Educação é parte fundamental do motor de desenvolvimento de um país. E a educação somente se realiza com, um pacto social de obediência, que assegura segurança social e bem-estar, sem índices altos de violência nas escolas. A obediência e disciplina são elementos imprescindíveis na engrenagem da educação do país. Somente assim, o Brasil vai passar na tarefa de casa do Pisa.