DA REDAÇÃO – Caratinga já teve nomes no Senado Federal. O primeiro foi José Augusto Ferreira Filho, que ocupou uma cadeira entre 1972 e 1975. Depois foi a vez de José Alencar, senador entre 1999 e 2002. Porém, embora ambos tenham seus nomes ligados à história de Caratinga, nasceram em outras cidades. José Augusto nasceu em Caeté e José Alencar é natural de Muriaé. Agora Caratinga terá, a partir de 1º de janeiro de 2015, a primeira pessoa nascida na Cidade das Palmeiras a ocupar uma cadeira no Senado Federal. Trata-se de Rose de Freitas, eleita no último dia 5 de outubro pelo estado do Espírito Santo. A peemedebista Rose de Freitas recebeu 776.978 votos, ou seja, 46.23% dos votos válidos concedidos aos candidatos ao senado federal.
Rose de Freitas nasceu em 1949 e iniciou sua vida política como militante com extinto MDB (Movimento Democrático Brasileiro) em meados da década de 1970. Deixou o MDB em 1979 e um ano depois se filiou ao PMDB, permanecendo no partido por oito anos. Fez parte do PSDB entre os anos de 1988 e 2003, voltando ao PMDB logo em seguida, onde está filiada até hoje.
Alcançou seu primeiro cargo eletivo em 1982, quando eleita deputada estadual, na eleição seguinte foi eleita deputada federal constituinte. Depois foram cinco legislaturas. Agora Rose de Freitas tem pela frente o maior desafio de sua carreira política e diz que levará para o Senado a bandeira do municipalismo, “com a distribuição de renda e melhoria de qualidade de vida da nossa população”.
A senhora é eleita sucessivamente desde 1982. A que a senhora credita tanta confiança junto ao povo capixaba?
Me acostumei a enfrentar os desafios junto com o povo do meu Estado. Os problemas dos municípios, das comunidades, das instituições e tudo que compromete a qualidade de vida da população e o desenvolvimento. Considero minha responsabilidade a obrigação de legislar. Por isso, com representatividade política do meu Estado, tenho dedicação exclusiva às causas do Espírito Santo. Dessa relação nasceu a confiança mútua e a integração nas decisões e nos debates. Esse é o nosso trabalho.
Como a senhora se sente sendo a primeira mulher eleita ao Senado pelo estado do Espírito Santo? Como será essa mudança da Câmara para o Senado?
O trabalho vai continuar sendo o mesmo. Empenho na elaboração das leis, na busca de investimento e a com retorno em obras. Nosso trabalho pelo pacto federal, reforma tributaria e reforma política será a base de discussão dos nossos principais projetos nacionais. Levarei para o Senado a bandeira do municipalismo, com a distribuição de renda e melhoria de qualidade de vida da nossa população.
Sua militância política começou em pleno período da ditadura. A senhora poderia nos contar o que te motivou a entrar para a política e como foi este período em sua vida? Nesta época havia poucas mulheres na política. Como à senhora avalia a ascensão da mulher neste setor?
O que me motivou foi o compromisso com os ideais baseados na igualdade de direitos e na democracia plena. A falta de liberdade para buscar a representatividade popular através do voto direto e supressão dos direitos do povo brasileiro, reprimido e acuado pelo regime militar me incentivaram ainda mais. A tortura daquelas que lutaram contra o autoritarismo nos mobilizou para esta luta. A maior participação das mulheres na conscientização das culturas, da desigualdade e discriminação, levou-as à militância política e a maior representatividade na política brasileira. Sou resultado dessa luta, como mulher e representantes das lutas pela igualdade de direito.
Essa pergunta é inevitável, a senhora nasceu em Caratinga. Ainda tem algum vínculo com a cidade e quais suas recordações de Caratinga?
Saí de Caratinga aos 4 anos de idade. Todas as lembranças da minha infância me remetem ao que vivi nas ruas de Caratinga. Indo à Catedral com minha família, percorrendo ruas como a Rua do Sal, brincando com pipas e bolinhas de gude, além dos pequenos espetáculos de marionetes apresentados na praça principal. As memórias remetem a vida e a minha está em Caratinga. Um tempo que não volta, mas que me alegra e me ilumina. Fui homenageada com o selo da cidade e nunca vou esquecer o carinho com a filha ausente e que procura com trabalho honrar a sua cidade.