Sepultamento aconteceu na sexta-feira (26) em Inhapim. Ele deixa seu nome marcado nos setores de saúde e educação
INHAPIM – Morreu aos 98 anos uma das figuras mais importantes da história de Inhapim e região: Dr. Thomaz Lucca. O sepultamento aconteceu na tarde da última sexta-feira (26), em Inhapim. Em virtude da pandemia do coronavírus não houve velório. A causa da morte não foi divulgada. O médico deixa seu nome marcado nas áreas da medicina e educação.
HISTÓRICO
Thomaz Lucca nasceu em maio de 1922, filho do italiano José Lucca e de Palma Cimini, mineira de Barbacena. Eram 11 irmãos. Ele foi alfabetizado por sua irmã Maria Catarina (D. Quita) em São Domingos das Dores. Em 1932 veio para Caratinga para terminar os primeiros anos do ensino fundamental.
Em 1936 foi para Ubá continuar os estudos no Ginásio São José, que era internato em tempo integral. Permaneceu nesse ginásio por cinco anos.
Em 1941 foi para Belo Horizonte para fazer o que se chamava Ensino Complementar e o fez na Escola de Farmácia. Esse curso dava direito a prestar vestibular em outras áreas, inclusive medicina.
Prestou vestibular na Universidade de Minas Gerais e foi aprovado em 3º lugar.
Em 1945, foi convocado para 2ª Guerra Mundial e foi para São João Del Rei para treinamento. Em agosto deste ano partiria para Europa, porém a 2ª Guerra terminou em maio.
No quarto ano de Medicina começou a trabalhar em vários a ambulatórios e no Pronto Socorro em Belo Horizonte. Passou no concurso para médico residente e foi a residir no Pronto Socorro, dando plantão noturno a partir das 22 horas.
Em 1948 se formou em Medicina. Foi para Resplendor, porém resolveu começar a vida profissional em Inhapim, lutando contra todas as carências: chuva, lombo de cavalo, pernoitar na casa do paciente até que tudo tivesse resolvido. Sem hospital, muitas vezes, seu consultório era improvisado para socorrer as vítimas de acidente da BR-116 que eram muito frequentes. As vítimas mais graves iam para Caratinga e as outras ficavam no Asilo Padre José Faustino, que era próximo de sua residência e improvisado como enfermaria.
Na década de sessenta surgiram os primeiros casos de paralisia infantil na cidade de Inhapim, Dr. Thomaz foi encarregado de catalogar e vacinar toda a região. Nessa época não existia Posto de Saúde em Inhapim. Foram vacinadas as crianças de Inhapim, São João do Oriente, Dom Cavati, Cachoeira da Escura e Barra Mansa. Foram os estudantes que ajudaram na vacina de crianças até cinco anos.
Essa atitude sensibilizou os governantes e foi criado o Posto de Saúde sob a Direção de Dr. Mário Gomes. Com a aposentadoria de Dr. Mário Gomes, assumiu o Posto de Saúde em 1976, onde continuou as atenções à Hanseníase, tuberculose e doenças mentais. Trabalhou no Posto de Saúde, cumprindo seu horário durante vários anos como único médico e atendendo toda a região até se aposentar pelo Estado de Minas Gerais. Mais tarde passou a trabalhar pelo município de Inhapim, junto com outros médicos.
Fora da área da saúde, colaborou com o Professor Otávio Dias de Souza e Dr. Guilhermino de Oliveira para a vinda da CNEC (Campanha Nacional de Ensino Gratuito), com o Dep. Altair Chagas para instalação da Escola Normal (EE “Alberto Azevedo”) Muitas vezes saiu de bicicleta para angariar fundos para aquisição do prédio da escola.
Cooperava diariamente com a polícia, com o Fórum, com vários juízes auxiliando com a realização de laudos médicos periciais.
Dr. Thomaz casou-se com D. Nilza Azevedo Lucca. Desta união nasceram seis filhos: Mônica, Simone, Patrícia, Silvana, Bethânia e Fernando.
Seu trabalho junto à Medicina em Inhapim foi muito bem-sucedido, pois atendia a todos as pessoas carentes gratuitamente.
Dados biográficos extraídos do trabalho da professora e pesquisadora Áurea Maria Chagas Portugal