Hélcio está numa casa de recuperação em Dom Modesto. Mas, após sua internação, teve sua casa arrombada e alguns pertences foram furtados
CARATINGA – O caso de Hélcio Alves da Silva, de 52 anos, morador da Rua Coronel Chiquinho, Bairro Esperança, chocou a população. O homem foi encontrado no dia 26 de janeiro deste ano, vivendo em situação sub-humana. O vizinho dele decidiu ir até a casa e ver como ele estava e precisou acionar os bombeiros, pois Hélcio havia sofrido uma queda e estava bastante debilitado.
Ele não se alimentava adequadamente há dias. Havia muito lixo espalhado pela casa e comidas feitas há dias e que ainda estavam sobre o fogão. Hélcio estava em sua cama e não conseguia se levantar. Ele foi internado Pronto Atendimento Microrregional (PAM), com quadro de hipoglicemia (taxa de glicose no sangue muito baixa).
Diante da situação de Hélcio, a Secretaria de Desenvolvimento Social de Caratinga providenciou a sua internação na casa de recuperação “Desafio Jovem El- Shadai”, no distrito de Dom Modesto, que funciona há quase 16 anos com o objetivo de receber pessoas com vício em álcool e drogas. O espaço oferece cinco refeições diárias e conta com diversas atividades.
O DIÁRIO DE CARATINGA esteve no local e reencontrou Hélcio. Ao contrário daquele dia, hoje ele está melhor e se recuperando. O diretor da casa de recuperação, José Carlos, relembra a chegada de Hélcio ao local e se diz otimista com a sua recuperação. “Ele chegou aqui através da Secretaria de Desenvolvimento Social, estava internado e nos comunicaram, pedindo uma vaga pra ele. Estava bem debilitado, em uma cadeira de rodas e hoje já está bem, andando normal, se recuperando a cada dia mais. Acredito que se ele continuar com a gente aqui, porque o tempo de recuperação é nove meses e a pessoa sair antes do tempo não é aconselhável, vai sair daqui normal”.
José Carlos explica que atividades não faltam aos recuperandos. “Durante o dia nós temos reuniões, manutenção da obra e também na sexta-feira; temos um trabalho na unidade III do Centro Universitário de Caratinga. Eles ficam o dia inteiro lá, almoçam e fazem atividade física, tem psicólogo, são atendidos pelo Casu (Centro de Assistência à Saúde), em uma parceria que a gente fez com eles”.
RECUPERAÇÃO
A Reportagem conversou com Hélcio, que está mais tranquilo. No entanto, a sua primeira preocupação veio através de uma pergunta: “Tem ninguém mexendo no meu barraco não?”.
Durante toda a entrevista, ele se mostrava preocupado com a sua casa e manifestava o desejo de se recuperar logo para cuidar do local, que segundo ele, seria uma herança de seu pai, onde sempre morou.
Ele afirma que tem dois irmãos. Morou por 14 anos com uma mulher, mas não tem filhos. Segundo ele, já está prestes a completar um mês na casa de recuperação. Ainda não recebeu nenhuma visita de familiares.
Hélcio relembrou como era sua rotina antes de ser internado. “Eu andava catando latinha, essas coisas assim para vender. Todos os dias eu juntava. Não tinha horário certo para chegar em casa, variava entre 1h e 3h. Eu amassava a latinha com o ferro e colocava tudo dentro de casa”.
Sobre o dia em que foi encontrado em situação precária e precisou ser internado com auxílio dos bombeiros, Hélcio minimizou a situação, como se aquela ocasião se trata-se de um caso isolado. “Aquele dia eu caí. Mas, eu não era de cair não. Aconteceu isso. Meus vizinhos sempre me ajudavam e estavam na minha casa lá”.
Questionado sobre como se sente no lar provisório, ele se mostrou um pouco agitado e ansioso, mas reconheceu que está sendo bem tratado. “Estar aqui não é ruim, é bom. Mas, eu quero olhar minha casa como está por dentro, minhas coisinhas, meu fogãozinho. Quero melhorar a saúde para voltar. Estou parado demais aqui”.
CASA INVADIDA
Atendendo ao anseio de Hélcio, o DIÁRIO esteve na sua casa, no Bairro Esperança. Alguns vizinhos – que preferiram não se identificar; revelaram que quase todos os pertences que estavam dentro do imóvel haviam sido levados. A porta da casa estava completamente aberta, o cadeado estava ‘estourado’. Não há praticamente mais nada lá dentro. É possível perceber a invasão do local.
Durante a entrevista realizada com Hélcio, ele citou ainda o seu botijão de gás. O que ele não sabe é que até mesmo isso foi levado. Só resta o fogão e a cama (sem o colchão). Mas, se não forem tomadas
providências para ‘lacrar’ a casa, ele corre o risco de voltar e não encontrar nenhum objeto no local; além de uma possível depredação do imóvel.
Empresários e demais pessoas que se interessarem sobre a história de Hélcio e desejarem ajudá-lo neste recomeço, podem entrar em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Caratinga ou visitá-lo na casa de recuperação. Qualquer ajuda será bem-vinda, para que, quando ele estiver apto a voltar para casa, possa viver em condições dignas.