
Sessão foi presidida pelo juiz Consuelo Silveira (ao fundo). Réu contou com a defesa do advogado Alexandro Delabela (em destaque)
Crime aconteceu em abril de 2016, no Bairro Colina, em Bom Jesus do Galho
CARATINGA- O réu Luciel Leomar Bitarães foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri da Comarca de Caratinga, por homicídio cometido contra a vítima Maicon Lopes Soares, no dia 27 de abril de 2016, na Rua José Moreira Lopes, Bairro Colina, em Bom Jesus do Galho. A sessão ocorreu na manhã da última terça-feira (28) e foi presidida pelo juiz Consuelo Silveira Neto. A defesa foi feita pelo advogado Alexandro Delabela Pereira. O Ministério Público esteve representado pelo promotor Mateus Beghini Fernandes.
De acordo com a acusação, Luciel teria ido até a casa de uma pessoa, identificada como Leonardo e de posse de um revólver, sem qualquer discussão, atirado em Maicon “pelas costas”, atingindo-lhe a região do crânio e tórax. Não satisfeito, o réu ainda golpeou a face da vítima com uma enxada. Segundo a denúncia, ele usou de meio cruel “golpeando com extrema violência o rosto da vítima”, tanto que acabou quebrando o cabo da ferramenta.
Luciel foi detido no dia seguinte ao crime, na Rua José Altivo Rocha, centro de Bom Jesus do Galho. Ele foi encontrado junto de sua namorada e admitiu a autoria do crime, relatando que foi ameaçado por Maicon.
VERSÃO DO ACUSADO
Durante a sessão do julgamento, os jurados puderam assistir aos depoimentos das testemunhas e interrogatório, gravados em meio audiovisual, novo recurso utilizado no Fórum de Caratinga.
Em depoimento à Justiça, Luciel alegou que trabalhava como carroceiro e não tinha uma renda certa, mas, para complementar o orçamento, trabalhava em lavoura de café no período de colheita. Ele ainda negou ser usuário de drogas e ter sido preso em outra oportunidade, mas admitiu que já teve o vício.
Luciel ainda relatou que conhecia Maicon e confirmou ter sido o autor do homicídio. Como justificativa, ele alegou que a vítima costumava passar de motocicleta pela rua, “pulando quebra-molas”, ameaçando a segurança de crianças que passavam pelo local. Ele disse que foi procurado por algumas pessoas que reclamaram sobre a situação e decidiu ir até Maicon, para adverti-lo sobre o perigo de sua atitude.
Segundo Luciel, Maicon não gostou de seu comportamento e chegou a ameaçá-lo. Em outra ocasião, após ter sido procurado novamente, Maicon teria ido até a casa de Luciel e apontado um revólver para a cabeça dele e de familiares, os ameaçando de morte. O acusado afirmou que esse foi o estopim para que ele decidisse matar a vítima.
Sobre a dinâmica do crime, Luciel destacou que não atirou pelas costas. “Atirei no peito dele. Quando cheguei, o Maicon colocou a mão na cintura e atirei nele. O Maicon correu para dentro da casa do Leonardo, mas o primeiro tiro foi na calçada. Corri, fui atrás e dei mais dois tiros. O revólver mascou, peguei a enxada”, descreveu.
Em depoimento na delegacia, Luciel disse que já comprou drogas de Maicon, quando “era usuário”.
SENTENÇA
A sessão que teve início às 9h foi finalizada apenas no período da tarde desta terça-feira (28). O réu foi condenado a 10 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado, 10 dias multa e advertência sobre os efeitos drogas.