Estados Unidos, Finlândia e Itália foram os principais destinos de exportações em 2021. Rodrigo Sobreira analisa resultados
CARATINGA- A balança comercial de Caratinga segue em crescente nas exportações ESPECIAL
CAFÉ DE CARATINGA PARA O MUNDO
. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Em 2021, US$ 105,92 milhões em exportações no acumulado do ano e US$ 0,6 milhão em importações. Na corrente de comércio (soma das exportações e importações) o resultado foi de US$ 106,49 milhões, um incremento de quase 57% com superávit. De janeiro a maio de 2022, já foram US$ 55,13 milhões em exportações.
Para analisar estes dados e a participação de Caratinga na balança comercial, a reportagem conversou com o produtor e exportador Rodrigo Sobreira. Confira a entrevista:
Como Caratinga tem se posicionado no cenário da balança comercial?
Esses últimos anos temos visto uma crescente em volume e exportação. Os números que temos de origem governamental falando sobre as exportações de Caratinga, vemos que o volume da produção agrícola tem aumentado em quantidade e em valor. De 2015 para cá multiplicou cinco vezes. Saiu de 2020 de mais de 67 milhões para 105 milhões em 2021 e agora esse ano já está em 55 milhões, provavelmente vai ultrapassar o volume do ano passado e ultrapassar bem porque o valor do café também subiu bastante, o dólar também. Acredito que teremos um avanço bem favorável novamente nas exportações daqui. Aparentemente, o café ainda é o carro-chefe nosso da Agricultura. E a Agricultura é o carro-chefe do nosso país, então, estamos bem acoplados com o crescimento da Economia no Brasil.
Se tratando de exportações, Caratinga teve como principais parceiros comerciais, no topo, Estados Unidos, seguido por Finlândia e Itália. Qual sua análise?
Muitíssimo interessante, está acontecendo um movimento, temos visto associação de produtores, ações individuais de produção de café de altíssima qualidade aqui na região. Digamos nossa região de Inhapim até Santa Bárbara, pegando essa região de Santa Luzia, Imbé, nós temos qualidade de café excelente sendo produzido e quando se pega um destino desse como Finlândia é café especial. Podemos ver que estamos sendo colocados no mapa de exportação de cafés muito finos, cafés especiais, a partir dessas iniciativas que estão ocorrendo. Muito bacana, muito promissor e acreditamos que dentro de pouco tempo vamos ser referência em qualidade mundial.
A pandemia afetou de alguma forma a balança comercial?
A Agricultura em si não teve problema com a pandemia, muito pelo contrário, continua sendo um ponto muito forte da nossa economia e dentro da pandemia permaneceu sem problema. O que tivemos foram dificuldades com a colheita por causa da questão do isolamento social, mas, esse ano está mais complicado que na pandemia. Acho que estamos exportando muito é trabalhador, está indo muita gente para os Estados Unidos e estamos tendo uma dificuldade não sei se só por conta disso, acredito que não tem como termos mandado tanta gente para os Estados Unidos para faltar tanta gente para trabalhar igual está acontecendo. Mas, temos uma situação acontecendo agora, que não aconteceu na pandemia que foi a falta de mão de obra.
O conflito Rússia x Ucrânia afetou também a balança comercial?
Afetou da seguinte forma, nós temos uma dependência muito grande de adubo da Rússia. Então, as fontes de Nitrogênio, Fósforo e Potássio, principalmente, que vêm de lá são a base para os nossos fertilizantes. Então, quando iniciou o conflito a própria expectativa da falta já subiu demais o preço do adubo. Esse último mês agora, chegaram 600.000 toneladas, esse mês já chegou um milhão de toneladas de adubo da Rússia nos portos aqui do Brasil. Isso vai criando uma folga novamente, tanto que teve uma queda agora no valor dos adubos, esperamos que ele reduza mais um pouco ainda, mas, nesse início do conflito, realmente foi muito complexo. Vi uma notícia hoje (quarta-feira), que talvez a Rússia não vá fornecer gás para a Europa agora em dezembro. Para se fazer Ureia, por exemplo, utiliza gás, acredito que se não for fornecer o gás para a Europa, eles vão ter que transformar esse gás em outra coisa. Tudo é um equilíbrio dentro da economia. Vamos ver como isso vai acontecer de agora para frente. Já tivemos o estresse muito grande em relação a isso o ano passado, esperamos que seja já normalizado agora.
Também foram registradas outras dificuldades na importação?
Na importação, tivemos também um problema que está vindo de três anos para cá, talvez desde o início da pandemia. Primeiro tivemos problema de logística, faltou contêiner, navio, então, o frete aumentou quatro vezes e ainda falta. Não foi só aumentar o valor, teve realmente uma falta, você não conseguia trazer as coisas para cá. Tivemos problema com defensivos, que são da grande maioria importados, principalmente a base, o princípio ativo deles é importado; o adubo, como já disse é importado. Faltou navio, cargueiro, o frete subiu muitíssimo e tudo isso impactou as importações. Dependemos, em ordem de significância, primeiro adubo, depois temos os defensivos e, no restante, as matérias primas necessárias, por exemplo, os plásticos de sacaria, das lonas que usamos para colher café, o próprio maquinário dos equipamentos que usamos nas propriedades, tudo isso subiu o valor.
Muitas pessoas comparam a produção e o mercado de café de Caratinga e Manhuaçu. Qual seu paralelo quando se trata do café, para essas duas localidades?
É difícil de comparar, porque a região de Manhuaçu é muito maior do que a nossa. Enquanto a região de Manhuaçu dá 3,5 milhões de saca, a nossa dá 1,2 milhões. Então, não podemos em números quantitativos trabalhar dessa forma. Eu acredito até, pelo volume de exportação nossa que estamos até fazendo muito bonito, pelo volume de café que temos aqui. Claro que poderíamos ter ações mais efetivas de deslocar mais exportadores para Caratinga. Temos potencial, a média da qualidade dos cafés nossas é muito boa. Manhuaçu também está tendo um crescimento, principalmente na região do Caparaó em relação a qualidade.
Hoje temos duas exportadoras principais. Caratinga tem potencial de receber mais exportadoras?
Com certeza. Hoje temos duas exportadoras principais que fazem mais volume, que são a Coopeavi e a Volcafé, dentro de Caratinga e mais algumas menores que estão menos significativas em volume, porém, com qualidade boa, principalmente, nessa área do café especial com um movimento muito interessante de exportação, onde inclusive acredito nessa sustentabilidade do café, principalmente para o pequeno produtor, para a agricultura familiar. Eles estão conseguindo produzir e vender bem esse café fino. Caratinga é um polo, na região do Sul de Minas você tem polos de venda a 70, 100, 150 km; na região nossa só temos praticamente Manhuaçu e Caratinga está com a função subsidiária. E a nossa localização é muito boa, a logística, o café de Manhuaçu poderia tranquilamente vir para cá pela distância, muito próximo. Uma ação dessa de incentivo, trazer grandes armazéns e exportadores para cá seria, com certeza, extremamente viável.