Evento reúne ganhadores do 3° Concurso de Qualidade dos Cafés de Caratinga e região para tratar de mercado e fortalecimento da rede
CARATINGA- Um debate sobre o mercado do café especial e elaboração de uma agenda para o fortalecimento da rede de produtores. Esse foi o objetivo do Encontro de Campeões do 3° Concurso de Qualidade dos Cafés de Caratinga e região, realizado na manhã de ontem. O evento é uma realização da Emater e Sicoob Credcooper.
Sebastião Jorge Braga, coordenador técnico regional, destacou o trabalho que tem sido feito em Caratinga, para despertar a consciência dos produtores do potencial de produção de cafés especiais. “A Emater, juntamente com o Sicoob, identificou esse potencial. Trabalhando com alguns produtores que entenderam essa importância de produzir cafés especiais, identificaram potenciais produtores, desenvolveu-se um programa de reconhecimento, capacitação e aprimoramento desse setor. Teve um alicerce, um alavancamento muito grande, através do Concurso de Qualidade, é o terceiro ano seguido e estamos caminhando para o quarto”.
Sebastião frisa que a participação nos concursos não se restringe a mandar uma amostra e ver a melhor qualidade. “O objetivo talvez maior é sensibilizar toda a região desse potencial de produzir cafés que concorrem em qualidade com os cafés do Sul de Minas, do Cerrado, de outras regiões produtoras. Os produtores estão sendo catalogados e reconhecidos, através da premiação. Esse encontro de hoje (ontem) é uma consequência desse concurso, uma proposição de trabalho, de acompanhamento, para que esse setor não pare, evolua. Ele é dinâmico, estático, não se chega num local de produção de café de qualidade e se para por aí, cada vez agrega-se mais valor e tecnologia. Esperamos que no próximo ano esses campeões continuem, novos campeões sejam agregados ao grupo e que a região se desponte cada vez mais como extremamente apta a produzir café de qualidade”.
O coordenador técnico enfatiza que a assistência técnica é essencial nas propriedades. “Lógico, os produtores hoje se autocapacitam, procuram informações, mas, um apoio técnico, principalmente do Poder Público, é obrigação do Estado, do município, apoiar esses produtores nessa jornada. Uma jornada, sozinho, é muito mais difícil que uma jornada orientada. Nosso papel é apoiar, incentivar essa produção e estando sempre ao lado do produtor”.
As inscrições para o 4° Concurso de Qualidades do Café já estão abertas. A expectativa é ampliar o número de participantes. “Os nossos técnicos já estão recolhendo amostras, os produtores já estão sendo sensibilizados. Posso adiantar que a evolução da participação está sendo extremamente satisfatória, a cada ano. Ano passado tivemos mais de 170 amostras participantes e esse ano tenho certeza que já passamos de 200 e vai ser um número mais expressivo ainda. Isso é reflexo interesse que os produtores passam a ter do setor. Isso está demonstrada no número de participantes, as pessoas estão vislumbrando estar nesse grupo de produtores de qualidade”.
Hugo Leonardo Mendes Graciano, diretor financeiro do Sicoob Credcooper destaca que a cooperativa segue investindo no incentivo ao produtor. “Mais uma vez, estamos nesse evento que vem prezar pela qualidade dos cafés. O Sicoob Credcooper tem em um dos seus princípios cooperativistas o interesse pela comunidade e sempre trabalhamos com esse foco. Além do financeiro, pensamos no desenvolvimento econômico, social e ambiental. E falar do café é falar da nossa base econômica, nossa região é voltada para o café. Daqui sai os melhores cafés, isso faz com que nossa região tenha visibilidade no mercado nacional e internacional, agregando valor para os produtores e, consequentemente, melhor renda”.
ANÁLISE DE MERCADO
A reportagem também conversou com Bernardino Cangussu, coordenador técnico estadual de Café e Certifica Minas da Emater, que fez uma palestra sobre o cenário do café especial.
Conforme Bernardino, o café mudou um pouco o comportamento, principalmente na questão do hábito de consumo. “O consumo que era muito feito fora do lar, migrou para dentro lar. Novas formas de consumo, consumidor novo se formando dentro de casa. Não chegou a afetar tanto o volume porque houve essa transferência. Esse período de pandemia também foi de aprendizagem do café para uma instrução nova aos consumidores”.
O coordenador também incentiva a capacitação técnica para o produtor rural. “É primordial que o produtor de café tenha uma assistência técnica de qualidade, pois são muitos os fatores de produção. Costumamos falar que um pequeno furo pode afundar um grande navio. Ele tem que compreender todo esse processo, mirar cada detalhe dele e é através dessa troca de conhecimento entre o produtor e o técnico que se consegue o sucesso na atividade. Um produtor que não está extraindo tudo que pode daquela planta, realmente vai estar com risco de prejuízo”.
A respeito do cenário de exportação de café, Bernardino considera como muito favorável. “Esse ano estamos batendo novos recordes de exportação, o estado de Minas é o maior produtor de café arábica do Brasil, 70% da safra brasileira é nossa e temos um Market share muito forte, os principais países que exportamos são Alemanha, Estados Unidos; a Europa através da Itália, Bélgica e o Japão”.
Se tratando do pós-pandemia, ele ainda afirma que a tendência é que o mercado de café continue bem aquecido. “O consumo mundial tem crescido bastante, o consumo nacional também, tivemos alguns eventos agora que afetaram bastante a nossa safra, então, devemos ter uma quantidade menor de mercado. Espera-se agora preços um pouco mais elevados, por um período, até que a safra se recupere”.