CARATINGA – José Moisés Nacif Júnior, ex-deputado estadual do PMDB na década de 80, agora diretor do partido na regional metropolitana do Vale do Aço, esteve ontem no DIÁRIO DE CARATINGA e concedeu entrevista. José Moisés falou sobre os últimos acontecimentos políticos, como a grande manifestação do povo nas ruas do país pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff no último domingo (13) e das pretensões e movimentações do PMDB caratinguense.
Em relação a tudo que está acontecendo no cenário político nacional, o PMDB ficará com o governo ou não?
Às vezes fico muito triste quando vejo as pessoas criticarem o PMDB. Toda família grande tem filhos bons e, às vezes, um filho ruim. O PMDB é o maior partido do país, que sempre se fez presente nas necessidades, participou do movimento Diretas Já, da elaboração da Constituição… Em todo movimento grande no Brasil o PMDB está presente. Então as críticas, às vezes, são até construtivas, o momento atual, não é de briga. Todos nós temos que dar as mãos, estamos passando por um momento muito difícil e o PMDB não tem culpa nenhuma disso. Nós estamos no governo, mas não somos “o governo”. Queremos ajudar a governar e acho que neste momento o PMDB tem que estar junto com PSDB, PR, PTB, PT, para passarmos com este momento difícil. Não é com briga que resolvemos nada, se o PMDB vier a assumir o governo, com certeza será um grande governo, como foi o Itamar Franco, quando assumiu. O que falta no Brasil hoje é credibilidade. As pessoas não confiam nesse governo, tem que haver uma mudança salutar para que o povo volte a confiar, o empresário volte a investir e os outros países voltem a colocar dinheiro no Brasil e a gente voltar a ser a pujança que era.
Michel Temer foi reconduzido ao cargo de presidente do partido. Em sua visão ele está preparado para ser o gestor do país, caso a Dilma saia?
Tenho convicção absoluta que o Michel Temer é um homem preparadíssimo e está preparado. Governar um país continental como o Brasil não tem que ser só você; tem que ter uma grande equipe ao seu lado e o PMDB tem. Está preparado para assumir o poder. Se ele vier a ser o presidente da república, será um grande governo para os brasileiros.
Estava sendo cogitado o deputado Mauro Lopes como ministro da Aviação Civil. O que você fala sobre isso e do fato do partido de se abster de indicar mais um ministro?
Sou muito amigo do Mauro, prezo muito e o respeito demais. Estamos sempre juntos, acho que ali está um grande gestor, passa pela vida pública ocupando grandes cargos sem nunca ter deixado um deslize e sei que ele foi convidado, foi sondado e a vaga é dele. O Mauro é um partidário, mas foi decidido na reunião do PMDB que durante 30 dias não indica ninguém que está lá se quiser fica, mas não entra ninguém. Mauro está no “stand by”, mas se ele o for, será um grande ministro.
Nas últimas eleições em Caratinga, o PMDB tem sido o partido que dá a vitória a quem ele apoia. Mauro Lopes disse que desta vez o partido não será “garupa”, terá candidato. Como você vê esta questão em Caratinga?
É um quadro muito complicado, tivemos aqui prefeitos brilhantes do PMDB, o senhor Dário, Fabinho, que tinha zona rural muito grande, Zé de Assis, que foi um grande injustiçado, pois foi um brilhante prefeito. E o PMDB tem participado como prefeito ou vice como aconteceu nas últimas eleições com Odiel. Quando ficamos juntos com Marco Antônio tínhamos um projeto. Mas tem reeleição e o direito é do Marco Antônio, então o PMDB está junto do prefeito, mas não sei até as eleições o que acontecerá. Magalhães Pinto já dizia que “política é uma nuvem, ela muda toda hora de lugar”. É uma aspiração do PMDB ter uma candidatura própria e temos hoje um movimento grande lançando Odiel para ser candidato do PMDB, mas eu, assim como vários peemedebistas, espero a palavra final do nosso comandante que é o Mauro Lopes. Se falar que é Odiel, será ele, se for para compor com Marco Antônio, assim será, se for com João Bosco também. Naturalmente o PMDB sempre compôs com PT, é uma ideologia do social do PMDB estar junto com PT. Há um leque de opções, o PMDB é a “noiva” cobiçada e em quem o Mauro Lopes colocar a mão será o vencedor das eleições.
O Brasil está que os políticos façam as mudanças. O que percebe que pode acontecer nos próximos meses de acordo com sua experiência?
Estamos sentindo que esta insatisfação é mundial. Império do mundo são os Estados Unidos, está despontando lá um bilionário que não tem nada a ver com política, empresário muito bem sucedido que é o Donald Trump, está sujeito a ganhar as eleições e estamos vendo uma preocupação grande dos outros grupos dos EUA, com a atitude que este homem terá lá na frente. Então o povo está realmente querendo novidade, mas não é só aqui em Caratinga, por todos os lados. Quando se lança um candidato com conhecimento maior, as pessoas vão para o lado dele. Acho que o político hoje é aquele que entusiasma, quando as pessoas estão te procurando na rua, estão formando grupos do seu lado, você é uma pessoa querida, então tem uma esperança muito grande nisso. Então acho que se tivesse uma novidade, um nome capaz de aglutinar todos os partidos seria ideal, mas isso é muito difícil. Tenho hoje uma satisfação muito grande porque nossa região fará vários prefeitos do PMDB. Em Entre Folhas, São Domingos das Dores, São Sebastião do Anta, Inhapim e em Santa Rita temos grande chance com “Alessandro da Farmácia”. O partido está crescendo muito, ficamos muito satisfeito. Então hoje com a perspectiva da gente ser governo federal melhora muito.
A Ilaehne que trabalhou com destaque na Secretaria de Agricultura, que é sua esposa, vem despontando como possível liderança. O que fala dela como provável candidata à vice-prefeita?
“Coruja que não gaba o pau, não é coruja”. É uma pessoa fantástica, muito inteligente, capacitada, tenho uma vida conjugal com ela de 27 anos. Tenho mais tempo de vida com ela, que com a primeira mulher. Aprendi a admirá-la, pelo conhecimento, pela força de convicção e pelo carinho com as pessoas. Ser político hoje é um sacerdócio. Você tem que ter dom para isso e vontade e a Ilaehne tem, onde passa faz amizade, participa de grupos religiosos, do Núcleo do Câncer, é uma pessoa muito dinâmica. Agora, novidade? É uma novidade, mas não sei se quer e está preparada para isso. É uma companheira, é do PMDB e o futuro a Deus pertence.
Quais são suas considerações finais?
Foi muito importante responder esta entrevista. Não somos políticos, mas participamos da vida pública. A preocupação do PMDB e do deputado Mauro Lopes é com Caratinga, com o progresso e o bem estar do nosso povo.