CARATINGA- A Rua Ângelo Porcaro foi uma das mais atingidas pelas chuvas da noite de sexta-feira e madrugada deste sábado (25). Desabamento de casas, água invadindo e destruindo os pertences de famílias. O desespero e o pedido de ajuda aos vizinhos, diante da falta de um lugar para se abrigar.
Jaqueline Cristine de Souza, 26 anos, viveu momentos tensos. A mulher que tem dois filhos – um de três anos de idade e outro de 11 meses, viu sua casa desabar e precisou deixar o local com urgência após perder tudo. Por pouco, uma tragédia não aconteceu, pois a criança foi atingida por escombros.
Ela afirma que acionou a Defesa Civil por volta de 2h40 deste sábado. “Eu estava na varanda com a minha bebezinha no colo, preocupada que o barranco estava descendo. Daí a pouco caiu tudo em cima do meu menino de três anos, ele arranhou, mas graças a Deus não aconteceu algo mais grave”.
Jaqueline se sente grata pela vida do filho, mas, ainda tem com o que se preocupar. São muitos prejuízos e é preciso recomeçar. “Perdi tudo. Preciso de alimentação, fraldas para os meus filhos”, lamenta.
Edilaine Eduarda da Silva acompanhou de perto o drama enfrentado por Jaqueline e ofereceu sua casa para que a família pudesse se abrigar. Ela enfatiza que a situação da rua já é preocupante há bastante tempo. “Minha rua está precária. Já tem vários anos que estamos reclamando, solicitando. Esse ano que passou agora nenhuma autoridade, defesa civil, nada veio alertar a população que estava em área de risco. Essa moradora tem pouco tempo que morava aqui, não sabia dessa área de risco, lógico, não tem estudo para isso. Agora a casa dela veio a desabar, tem mais de 15 anos que moro nessa rua e até hoje nada foi feito para nós”.
Leila Aparecida Ribeiro, presidente da Associação de moradores da Comunidade Santa Isabel reitera a necessidade de providências para aquela localidade e afirma que muitas pessoas não tinham conhecimento do risco que estavam correndo. “Há anos já é mapeado, os órgãos públicos já sabem do risco que é essa região nossa. Infelizmente ninguém veio aqui fazer visita, ver como estava a situação das famílias, quantas famílias tinham no local e essa noite quase morreu uma criança, os vizinhos que estão socorrendo e abrigando. Estamos vendo uma omissão do poder público na nossa região, precisamos que eles venham dar apoio, as famílias estão sem casa. São umas 14 ou 15 famílias em área de risco, tem um barranco muita grande. É uma área muito perigosa. A criança foi tirada pela mãe de baixo das paredes e do barranco. Mas, infelizmente, pode vir a ocorrer algo mais grave”.
Francislene Vicente Corrêa também teve sua casa danificada. O deslizamento de um barranco provocou a queda de um muro e, consequentemente, atingiu sua residência. Ela vive com dois filhos, de 13 anos e dois anos e nove meses, além da mãe e relata momentos de pânico, até deixar o local em segurança. “Foi aquele barulho e tudo descendo. Eu quase fiquei presa, porque estava tentando tirar a televisão e os documentos, tive que pular a janela para sobreviver, achei que o barranco ia me prender lá dentro. Agora estou na casa da minha irmã”.
A comunidade esperava ansiosa pela chegada da Defesa civil nesta manhã, o que ocorreu por volta de 11h. Uma equipe fez um relatório dos danos e orientou os moradores.