62° BPM abre campanha do Setembro Amarelo com palestra sobre ‘Comportamento Suicida: Autogestão’
CARATINGA- Conhecer e acolher para prevenir. Com este objetivo, o 62º Batalhão de Polícia Militar de Caratinga deu início ontem à segunda edição da campanha do Setembro Amarelo- Mês de Prevenção ao Suicídio. A programação é composta por palestras sobre o tema e terá encerramento no dia 30 de setembro, em uma mobilização que acontecerá na área central, envolvendo professores e alunos do Centro Universitário de Caratinga (Unec), além dos militares.
Ontem, foi realizada palestra com o psicólogo Caio Farias, tendo por tema ‘Comportamento Suicida: Autogestão’. Policiais civis, agentes penitenciários e bombeiros militares também participaram do evento. Conforme Caio, falar sobre suicídio é um tema que relaciona as pessoas, de modo geral. “Se pensarmos nos fatores de risco ao suicídio, vamos perceber que todos nós de uma maneira ou outra somos potenciais a desenvolver, ter esse comportamento. É extremamente importante, a Polícia Militar é uma profissão considerada pela literatura como um risco, tem o alto grau de responsabilidade, estresse e sobrecarga. Recentemente, terminei um mestrado em Segurança Pública, minha defesa foi sobre suicídio na PM do Espírito Santo, então, a partir daí, venho tendo mais curiosidade em buscar estudar mais e poder atuar nessa área”.
Para o psicólogo, é preciso refletir sobre esta temática mais que uma vez ao ano, é um trabalho que necessita ser contínuo, visando transformar a vida das pessoas. “Temos, por exemplo, a questão do sexo masculino como um grupo de alto risco e na Polícia Militar as pesquisas mostram muitos homens, isso faz a profissão ser um risco. É permitir que as pessoas percebam que falar de suicídio não é uma atitude de fraco, é possibilitar a fala, para que entendam que é necessário pedir ajuda. Nosso tema é autogestão de saúde mental. Entendo que o autoconhecimento, autoanálise é extremamente importante para a prevenção ao suicídio. O ser humano se conhecer, permitir se compreender é extremamente importante. Ninguém melhor que nós mesmo para entender quando algo não está legal”.
Além dos fatores de risco, Caio também chama atenção para os fatores que podem proteger uma pessoa de um comportamento suicida. “Como a família, boas relações entre amigos, condição de trabalho legal, a própria religião é um fator protetivo. O suicídio não pode ser considerado algo místico, ele tem um porquê, existem situações que podem ser evitadas. A prevenção é muito possível e sempre melhor prevenir que remediar. O comportamento suicida tem fases, a ideação que é o pensamento, a tentativa, o para-suicídio e o suicídio consumado. Precisamos intervir mais, podemos sim evitar muitas vezes”.
BALANÇO
Conforme o subcomandante do 62° BPM, major Márcio, o trabalho realizado na primeira edição, que ocorreu no ano passado, obteve bastante sucesso. “Desenvolvemos ano passado com muito sucesso, em toda a área do batalhão, com a participação do maior número de militares possível. Tivemos o desenvolvimento de outras atividades, inclusive, em continuidade àquilo que trabalhamos como tema, tivemos um seminário que doou o mês todo, trabalhando termos de chefia e liderança, melhorando o relacionamento entre os militares no seu dia a dia de trabalho. Vários atendimentos foram feitos em decorrência das orientações que recebemos de alguns problemas que foram identificados envolvendo os militares nas cidades onde nós trabalhamos”.
Nesta segunda edição, o seminário, que ocorrerá que durante todo o mês de setembro, contará com participação de vários palestrantes. “Um apoio muito importante do professor Caio do Unec, também da nossa Gerência Regional de Saúde, que é a tenente-psicóloga Luciana, que trabalha em Ipatinga e tem nos apoiado. E nas cidades de Inhapim, Raul Soares, Bom Jesus do Galho, Ipanema, hoje (ontem) também serão desenvolvidas atividades com os policiais militares”.
Para major Márcio, tratar deste tema é cuidar da saúde mental dos servidores, para que tenham melhor prestação de serviço à comunidade e possam orientar também o cidadão. “Apoiar as pessoas com as quais eles lidam no dia a dia, sejam familiares, a própria comunidade e este ano conseguimos por meio do sucesso do ano passado, buscar a participação de outros militantes na área de segurança pública; convidamos policiais civis, bombeiros militares e agentes penitenciários. Teremos um evento exclusivo para os nossos veteranos, policiais militares que se doaram a vida toda para o trabalho e hoje também precisam dessa atenção nossa com relação a esse tema. Os seus familiares e dependentes também serão o público alvo do nosso trabalho esse ano. Procuramos ampliar as atividades para conseguir atingir ainda mais pessoas com essa finalidade”.