Livro, composto pelos textos utilizados na celebração das missas, apresenta nova tradução
CARATINGA- Na liturgia da Igreja, o Missal Romano é o segundo livro litúrgico mais importante. Nele, estão as orações e orientações para as celebrações eucarísticas.
Conforme a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a tradução brasileira desta terceira edição do Missal Romano levou 19 anos de trabalho. E desde o primeiro domingo do Advento, 3 de dezembro, o novo Missal Romano passou a ser obrigatório em todas as Igrejas do Brasil.
O DIÁRIO conversou com o liturgista da Diocese, padre José Geraldo, para explicar as principais mudanças. Ele lembra que a jornada começou após a promulgação, em 2002, pelo Papa João Paulo II, da nova edição típica. Desde então, foram anos de intenso trabalho de tradução, revisão e aprovação do conteúdo do Missal, coordenados pela Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel).
Saiba mais na entrevista:
O que é o Novo Missal?
O Novo Missal causou muito impacto para nós. É uma espera de quase 20 anos, desde 2002 o papa João Paulo II estabeleceu uma nova organização do missal e pediu que as conferências fizessem novas atualizações. Então, nossa Conferência do Brasil começou em seguida esse trabalho, fazendo novas traduções do latim e foi um trabalho intenso. Claro que a pandemia atrasou também esse trabalho, porque já no processo final dele precisava dos bispos se reunirem para fazer votação, o que tem que ser canonicamente votação presencial. E após fazer todo esse processo de consulta, análise, novas traduções, tendo o cuidado de olhar o Português, o Latim, a Teologia do texto, enfim, todo o cuidado exímio; os bispos aprovaram e então foi enviado pra a Santa Sé para que fizesse a aprovação. Foi aprovado, teve a devolutiva e agora a CNBB preparou essas edições do Novo Missal que é acolhido pela igreja.
A missa muda com o Novo Missal Romano?
Muitos têm a curiosidade, os católicos mesmo perguntam se vai mudar o rito, como vai ser a missa agora, porque ainda é um reflexo do Conselho Vaticano II, que trouxe uma nova forma de rezar a Liturgia. Só que algo necessário de ser sempre recordado é que a missa não muda, muda a expressão, às vezes a forma na questão vernácula da língua, a inculturação, mas, as mesmas orações que rezamos nos primeiros séculos da igreja, ainda rezamos hoje. Essas orações que são o modo da igreja crer, da igreja rezar, porque nós rezamos o que cremos, então, isso não muda. Contudo, há algumas atualizações da nova tradução, até para nós padres. Quando se traduz às vezes pode não corresponder tão fielmente à tradução, então, essa nova tradução procurou muito olhar o latim, a linguagem para o português e ser o quanto mais fiel possível. Para nós padres, agora que nos acostumamos a rezar a missa e às vezes algumas orações já estavam até memorizadas, temos que novamente rezar com muita atenção o Missal, para ser fiel a tradução atualizada e que mudaram as palavras. Para os fiéis muita atenção porque as respostas da oração eucarística que é algo somente nosso aqui do Brasil, que tem essas aclamações do povo, as aclamações mudaram. Havia algumas aclamações que causavam um certo rompimento no fluir da oração, que foram colocadas, mas, depois perceberam que não era tão satisfatório que ficassem ali. Por exemplo, a Oração Eucarística II, houve mudança significativa e ainda ao longo dessa semana, já rezando Eucaristia, ainda percebemos dos fiéis esse tempo de adaptação. Eles já tinham memorizado as respostas, mas, isso é um processo. A Igreja vai se adaptando e os fiéis memorizando as novas respostas.
Qual a importância do Novo Missal para a Igreja Católica?
Cada igreja local tinha a liturgia da missa, que é a mesma, mas, rezava a seu modo. Já por volta do ano 1200 a 1500 houve uma necessidade de ter um Missa único para toda a Igreja Católica. A necessidade de ter um Missal único quer dizer da unidade da igreja e quanto mais a igreja vai se estendendo por toda a terra, o perigo de nós começarmos a criar uma divisão até teológica de pensamento, correndo o sério risco de nos perdermos. Então, o Missal é a forma da igreja rezar. Um fiel católico do Brasil, dos Estados Unidos, da Coreia, enfim, qualquer lugar do mundo que fale línguas diferentes, esse fiel católico vai estar na missa, entender o rito, mesmo que ele não entenda a língua. Então, a importância do Missal Romano é para dizer daquilo que nós rezamos e cremos, daquilo que nós somos, da nossa fé. O Missal preserva essa unidade da fé, da oração, é um sinal visível da comunhão da Igreja. Por isso, que a partir desse primeiro domingo do Advento todas as igrejas do Brasil devem arquivar o Missal Antigo e adotarem o Missal Novo.
- Padre José Geraldo apresenta o Novo Missal Romano
- Conforme o padre, fiéis devem ficar atentos às mudanças nas respostas das orações eucarísticas
- Tradução brasileira desta terceira edição do Missal Romano levou 19 anos de trabalho