CARATINGA- Em um clima bastante amistoso, o ex-prefeito Marco Antônio Junqueira (PTB) entregou oficialmente a Prefeitura de Caratinga a Dr. Welington (DEM) e Dr. Giovanni (REDE), eleitos a prefeito e vice-prefeito, respectivamente, no pleito de outubro de 2016. A transmissão de cargo, que ocorreu às 17h do último domingo (1°) ainda foi acompanhada por membros da equipe de governo e demais apoiadores do prefeito eleito.
Sobre a situação do município, Marco Antônio afirmou que Dr. Welington ainda receberá recursos do governo estadual e federal, necessários para a conclusão de algumas obras, como ligação do Bairro Santa Cruz aos distritos, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Em relação à infraestrutura, conseguimos melhorar muito na área de Educação, mas ele vai encontrar muitas dificuldades na Obras, peguei sucateada e continua ainda muito sucateada. É a realidade que ele vai ter condições financeiras melhor do que encontrei, mas não tão saudável, por exemplo, aquela questão do Império (Operação Império deflagrada em junho de 2016, que apura possíveis desvios de recursos públicos) do último prefeito, a multa chegou de R$ 37 milhões e vai ter que negociar e parcelá-la. Ele vai encontrar ainda em janeiro e fevereiro certa dificuldade, mas acredito que consiga deslanchar”.
Outra medida que trará certo alívio à gestão se deu após o depósito dos valores decorrentes das multas do programa de repatriação de recursos do exterior, que aconteceu no último dia 30 de dezembro, mas o valor só pôde ser movimentado ontem. Caratinga tinha uma projeção de receber R$ 1.862.103,47. Marco Antônio ressaltou a luta dos gestores por programas como este, que contribuem para o trabalho do gestor. “Falo para o povo caratinguense que acompanha isso, que 2017 ainda vai ser muito difícil economicamente para esse país, mas 2018 promete crescimento. Disse ao Dr. Welington para se engajar no movimento ‘Frente dos Prefeitos’, que trabalha por mais recursos aos nossos municípios, chamado Pacto Federativo. Ele pode ingressar nessa luta, que tem tido avanços, ganhamos, por exemplo, nesta semana a repatriação, que deixou em condições de melhorar um pouco o município pra ele e lutas de justiça de repasses financeiros”.
O orçamento geral do município aprovado pela Câmara Municipal no ano passado, estima a receita bruta em R$ 182.479.299,60, com uma dedução de R$ 14.246.002,60; referente à dedução do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) e descontos concedidos, apresentando uma receita líquida de R$ 168.233.297,00, cujo valor da despesa foi fixado no mesmo valor, em obediência ao princípio do equilíbrio orçamentário. O valor estimado teve aumento de R$ 7.870.864,24 em relação a 2016.
Em relação ao Fundo de Participação dos Municípios, as estimativas das cotas de janeiro e fevereiro de 2017 para Caratinga são de R$ 2.527.240 e R$ 3.133.778, respectivamente. Marco Antônio acredita que será possível reverter o quadro mais crítico do início do governo. “A dívida empenhada é pequena, já a dívida de INSS, PIS/PASEP que é parcelada é alta, são quase R$ 70 milhões. Herdamos, pagamos uma parte, Welington vai pagar e o próximo ainda vai pagar. São dívidas de prefeitos passados. Ele vai encontrar os primeiros meses com dificuldades financeiras, mas depois com os recursos de FPM de janeiro, fevereiro e março, IPVA, IPTU, será um semestre muito bom. Está consciente, tanto é que vai enxugar a máquina e fez uma transição bem anterior, mas ele tem experiência com administração pública e não vai ter dificuldade”.
Com o mandato concluído, o ex-prefeito fez questão de destacar que continuará nos bastidores, dando todo apoio necessário à nova gestão. “Política você não sai dela, você perde pleito, mas não perde política, pela liderança que a gente tem, os contatos que tem, vamos continuar ainda buscando emendas parlamentares para Caratinga, através dos vereadores. Mas, agora a gente sai de cena, é ele que tem que trabalhar. Vamos trabalhar nos bastidores tentando trazer os recursos. Eu vivi uma política de impedimento de avanços, todos nós perdemos com isso. Vou tentar ajudá-lo, mas entendo que as dificuldades locais só vão ser resolvidas quando a gente conseguir, os prefeitos de Minas Gerais, lutarem pelos recursos. A gente vai manter ainda o acompanhamento do projeto dentro do que ele precisar, mas, agora é a vez dele, esse é o momento dele, Deus abençoe e dê muito sucesso na vida dele”.
EXPECTATIVA
Nos momentos que antecederam a posse, o prefeito Dr. Welington afirmou que a expectativa era de muito trabalho e uma análise detalhada da situação da Prefeitura. “O sentimento é de um objetivo alcançado com muito trabalho, dificuldades, mas que hoje está se concretizando. Objetivamos a partir desse momento, fazer uma administração totalmente voltada para a população de Caratinga. Sobre a dívida, a gente vai precisar fazer um levantamento bem profundo do patrimônio que a Prefeitura realmente tem líquido e verificar a possibilidade de fazer a alienação de bens do município, para que, se não conseguir o pagamento efetivo, pelo menos diminuir essa dívida, que vai nos dar um fôlego maior, para trabalhar com menos problemas ao longo dos quatro anos”.
Segundo Dr. Welington, o primeiro objetivo será enxugar a máquina pública, com um número controlado de secretarias e que espera contar com a compreensão da população. “A gente percebeu durante a transição que a folha de pagamento do município está exageradamente alta e que parece que a máquina administrativa estava sendo utilizada com objetivo de empregar as pessoas. Na verdade temos que utilizar essa máquina administrativa com objetivo de gerenciar a vida do município. Isso que vamos buscar, com muita parceria e trabalho. Sei que não será fácil, mas nos 31 anos de serviços públicos desenvolvidos por mim, nunca tive problema com trabalho. A gente tem prazer em trabalhar e agora muito mais, a gente fez essa opção, não por questão salarial, mas objetivo de vida. A gente tem certeza que teremos o aval da população, participação e entendimento de que se fazem necessárias essas medidas mais austeras no início de governo”.