DIÁRIO teve acesso a proposta da Secretaria de Saúde, que sugere uso de hidroxicloroquina e ivermectina, por exemplo, em fases iniciais da síndrome gripal causada pela covid-19
CARATINGA- O DIÁRIO teve acesso a um documento de uma proposta de orientações quanto ao manejo clínico e medicamentoso precoce para pacientes com suspeita ou casos confirmados de covid-19, elaborado por autoridades de saúde de Caratinga.
Com o avanço do número de casos confirmados na cidade, principalmente de contaminação dentro do domicílio entre familiares, a Prefeitura, através da Secretaria de Saúde, pretende disponibilizar medicamentos para o tratamento domiciliar em fases iniciais da síndrome gripal causada pelo coronavírus. Dentre as indicações, o antibiótico azitromicina, associado a hidroxicloroquina (que costuma ser usado para tratamento de doenças como lúpus, malária e artrite reumatóide), nitazoxanida (antiparasitário, que também possui ação antiviral), sulfato de zinco ou ivermectina (vermífugo).
Em resposta à reportagem, a prefeitura disse que a estratégia está em fase de implementação. “Algumas medidas estão sendo estudadas. Assim que tivermos mais informações, serão repassadas para a população”, disse.
A PROPOSTA
A proposta são esquemas de tratamento, baseados em protocolos já utilizados em várias cidades e sistemas de saúde público e privado e em estudos científicos de fases e gravidade da doença. “Ressaltamos que pacientes já em fase avançada da doença, ou que evoluam com sinais de gravidade, continuarão sendo notificados como síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e encaminhados para internação hospitalar”, afirma.
A indicação e o critério de escolha dependerão da avaliação do médico assistente e deverá ter o aval do paciente através do termo de consentimento assinado, ressaltando a falta ainda de confirmação científica do uso destas drogas, até o presente momento. Pacientes assintomáticos não necessitam de tratamento específico. “As drogas disponibilizadas só serão dispensadas mediante receita médica devidamente identificada com o nome, assinatura e número do CRM do médico e notificação do paciente no sistema e-sus”.
O diagnóstico será baseado nos sinais e sintomas do paciente (sintomas inespecíficos associados a sintomas de alta probabilidade) e bem como na sua história epidemiológica, que levem ao diagnóstico clínico de suspeição de infecção viral por covid-19.
Os exames complementares como hemograma, coagulograma, radiológico do tórax e eletrocardiograma, poderão ser solicitados a critério do médico assistente, para elucidar melhor o diagnóstico e a gravidade do quadro, assim como para excluir outros possíveis diagnósticos diferenciais e para decidir o esquema terapêutico mais adequado. Os exames sorológicos ou de RT-PCR para confirmação diagnóstica continuarão sendo realizados conforme orientação atual: sorologia – IgM e IgG a partir do 8º dia de sintomas e RT-PCR no swab nasal para pacientes com SRAG hospitalizados, preferencialmente até o 5º dia de sintomas.
Todos os pacientes deverão manter o termo de quarentena mesmo usando a medicação e deverão ser monitorados durante o tratamento. Ainda há recomendações específicas em relação ao uso dos medicamentos.
ADULTOS
Para adultos, com sintomas leves, do 1° ao 5° dia, tais como febre, dor na garganta, coriza/espirros, tosse escassa, dor abdominal, diarreia leve e fadiga; com alta probabilidade e dor torácica, por exemplo, de acordo com o estudo, as indicações seriam uso de:
Sulfato de hidroxicloroquina + azitromicina + sulfato de zinco; ou ivermectina + azitromicina + sulfato de zinco; ou nitazoxanida + azitromicina + sulfato de zinco.
Deve ainda ser considerado o uso de anticoagulante profilático, a exemplo de enoxaparina, indicado para pacientes com maior risco de tromboses: acamado, anemia falciforme, obesidade e outros.
Para adultos com sintomas moderados e inespecíficos, tais como, febre ou hipotermia, calafrios, tosse persistente seca, coriza, cefaleia persistente, dor abdominal, diarreia ou náuseas e prostração; e alta probabilidade de dor torácica, sensação de “bolus” na garganta e lesões vasculares nas extremidades; a indicação seria de:
Sulfato de hidroxicloroquina + azitromicina + sulfato de zinco + enoxaparina; ou ivermectina + azitromicina + sulfato de zinco + enoxaparina; ou nitazoxanida + azitromicina + sulfato de zinco + enoxaparina.
Também é recomendado considerar sempre a internação para pacientes com sintomas leves ou moderados, porém, com comorbidades descompensadas ou graves e idade avançada.
Para grávidas, a proposta é utilizar preferencialmente apenas sintomáticos em casos leves, avaliar o risco- benefício de cada medicação de acordo com os sintomas e a fase gestacional e considerar internação na presença de sintomas moderados. A hidroxicloroquina está contraindicada na gestação.
CRIANÇAS
Em sintomas leves a moderados, do 1º ao 7º dia como febre ou hipotermia, tosse persistente e seca, coriza ou congestão nasal, dor abdominal e náuseas/diarreia; os esquemas possíveis seriam sulfato de hidroxicloroquina + azitromicina; ou ivermectina + azitromicina; ou nitazoxanida + azitromicina.
Dentre as observações, considerar prescrever somente se estiverem presentes fatores de risco como: diabetes, hipertensão arterial, obesidade e asma grave; além de afastar outras causas de gravidade como desidratação, vômitos e irritabilidade. O profissional ainda deve considerar outros fatores, tais como necessidade de internação.
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A proposta é de que os medicamentos hidroxicloroquina e ivermectina também serão opcionais para o profissional de saúde que esteja na linha de frente do enfrentamento da pandemia ou em atendimento em asilos e outras instituições de internação.
PESSOAS ASILADAS E INDIVÍDUOS PRIVADOS DE LIBERDADE
Há indicação de medicamentos sob a avaliação, indicação e supervisão dos médicos que assistem estas pessoas nestas instituições, sendo uso de ivermectina e nitazoxanida.