* Juliana Carvalho Reis
A hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como pressão alta é uma doença bastante comum e merece nossa especial atenção por ser também bastante democrática. Acomete pessoas desde a infância até a terceira idade. Atualmente, 5% das crianças, 30% dos adultos e mais de 60% dos idosos têm pressão alta.
Consideramos pressão alta o aumento persistente da pressão arterial a valores superiores a 14 por 9. Tal aumento acontece em virtude da elevação da resistência que os vasos sanguíneos impõem contra o bombeamento de sangue pelo coração, fazendo com que ele tenha que bater mais vezes e com mais força para conseguir fazer o sangue circular por todo nosso corpo o que consequentemente, faz a pressão se elevar.
Muito nos preocupa o fato dela ser uma doença silenciosa. Quando aparece algum sinal de que a pressão está alta, a doença já está instalada há algum tempo e já pode ter gerado algum dano a saúde. O sinal mais comum é a dor de cabeça, mais concentrada na nuca, mas também podem acontecer vômitos, falta de ar e visão borrada.
Quando esses sinais surgem, o corpo está indicando que alguns órgãos podem estar com seu funcionamento comprometido, e se não bastasse a sobrecarga imposta ao coração, a pressão alta também tem predileção pelos olhos, cérebro, artérias e rins. De tal forma, quando não tratada de maneira adequada fatalmente irá acometer esses órgãos vitais, podendo ocasionar infarto, perda da visão, derrame cerebral, insuficiência renal e impotência sexual masculina.
Embora muito já se conheça sobre a pressão alta, suas causas ainda não estão definidas. Sabemos que alguns fatores contribuem para a mesma, os chamados fatores de risco. São eles: idade acima de 40 anos, genética, sedentarismo, excesso de peso e obesidade, estresse, tabagismo, consumo excessivo de sal e bebidas alcoólicas.
A idade e a genética são fatores que não podemos modificar, mas os demais podem ser modificados de forma a prevenir o aparecimento da pressão alta. Hábitos saudáveis de vida devem ser adotados desde a infância e adolescência. Primar por uma alimentação saudável, rica em frutas e hortaliças e com consumo controlado de sal e álcool, diminuir o estresse, praticar atividades físicas regularmente e cessar o tabagismo são medidas eficazes para evitar pressão alta.
Mas e para aquelas pessoas que já tem a pressão alta? O que deve ser feito?
Para as pessoas que já tem a pressão alta é muito importante a modificação dos fatores de risco, contudo, é essencial o acompanhamento médico. Muitas vezes será necessário o uso de medicamentos para controlar a pressão, e o médico é o único profissional que poderá indicar qual medicamento deverá ser tomado.
Nesses casos, a disciplina será fundamental para o sucesso do tratamento. Se quisermos ter a pressão controlada, devemos tomar os medicamentos nas doses e horários recomendados pelo médico, retornar às consultas de revisão periodicamente e aderir fielmente às mudanças dos hábitos de vida.
Para quem já tem a pressão alta, os exercícios físicos devem ser iniciados quando a pressão estiver mantida abaixo de 16 por 10, os mesmos devem ser realizados no mínimo três vezes por semana, por pelo menos 40 minutos, com intensidade moderada, de forma que seja possível conversar durante a realização dos exercícios sem ficar ofegante.
Preferência deve ser dada aos exercícios aeróbicos, como a caminhada, ciclismo e hidroginástica, eles são mais eficientes para reduzir a pressão, porém isso não significa que não podemos fazer exercícios para fortalecimento muscular.
Se optarmos pelos exercícios de fortalecimento, tais como musculação, ginástica localizada e pilates, devemos realiza-los de 2 a 3 vezes por semana, com cargas que permitam a realização das repetições sem prender a respiração, sob supervisão de um fisioterapeuta ou profissional de educação física habilitado para tal.
Outra modalidade terapêutica hoje muito difundida para controle da pressão alta, de fácil aplicabilidade e de eficiência semelhante a dos exercícios físicos, é a prática da respiração lenta diariamente. Ela pode ser feita sentado ou deitado, o importante é puxarmos o ar profundamente até enchermos completamente os pulmões e soltá-lo lentamente até esvaziarmos totalmente os pulmões durante 10 minutos.
O ideal para quem tem pressão alta é manter a pressão abaixo de 14 por 9 e para quem já tem comprometimento de algum dos órgãos vitais, abaixo de 13 por 8. Porém, infelizmente manter a pressão controlada não significa que a pressão alta foi curada. Não existem tratamentos que curem a pressão alta, somente existem medidas de controle da doença.
Pode ser, que nesse momento, não mais tenhamos condições de optar por ter ou não a pressão alta, mas entusiasticamente temos a opção de ter uma vida saudável. Para isso, só é preciso atitude: essa é a hora de mudar!
* Juliana Carvalho Reis é fisioterapeuta especialista em Reabilitação Cardíaca e Fisioterapia Respiratória, coordenadora e professora do curso de Fisioterapia do Centro universitário de Caratinga.
Mais informações sobre a autora: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4550986P7