Mãe fala da indignação e constrangimento do filho, que não quer mais voltar para a escola. Ela aguarda posicionamento da Superintendência Regional de Ensino para vaga em outra instituição
CARATINGA – Uma brincadeira que teve sérias consequências. A hora do recreio deixou de ser um momento de lazer dentro das escolas, onde a palavra de ordem era a diversão. As brincadeiras saudáveis deram espaço a agressões. Um destes casos foi registrado na última quinta-feira (16), na Escola Estadual José Augusto Ferreira.
Um adolescente, de 14 anos, foi agredido por pelo menos 10 outros adolescentes em uma brincadeira chamada de racha, que funciona da seguinte maneira: chutar uma garrafa ou uma bola. Caso um dos objetos acerte um dos jogadores, ele leva chutes e socos dos outros competidores. Ele estava brincando com garotos menores, quando os maiores, que gostam de “bagunçar” se aproximaram. A garrafa acertou no rapaz, que correu para se defender, mas sem sucesso.
As marcas da agressão ficaram evidentes em seu rosto, como roxo na região do olho e cortes no queixo. As fotos foram cedidas pela mãe do adolescente. A família do estudante reclama omissão de socorro por parte da escola, já que o menino não foi encaminhado ao serviço médico. Um colega, que percebeu o estado do garoto, levou-o até o banheiro para limpar os ferimentos, pois estava sangrando bastante. Não bastasse ter sido agredido, ele foi mostrado de sala em sala como exemplo das consequências desta brincadeira.
Diante do constrangimento, o menor não quer mais voltar para a escola. A Reportagem conversou com a mãe do adolescente, Kátia Aparecida Rodrigues Placides Matias. Ela ainda busca junto à Superintendência Regional de Ensino (SRE) providências sobre o caso, inclusive, a matrícula em outra escola.
De acordo com Kátia, a sua indignação começa principalmente pela falta de comunicação diante da agressão. Ela e o marido só ficaram sabendo do problema no fim da tarde. “A diretora não fez nada. O colega dele que ajudou. A direção alegou que me ligou, mas não conseguiu falar. Porém, acredito que deveriam ter ido até a minha casa ou no meu serviço. Até mesmo pelo menos levá-lo ao PAM (Pronto Atendimento Médico), ao invés de mostrar o menino como exemplo. Sai as 18h do serviço e tomei conhecimento do que tinha acontecido e nós tivemos que tomar as providências; chamamos a polícia”.
Para Kátia, o filho passou a ser conhecido na escola como “o aluno que apanhou”, o que impede que ele prossiga na Escola Estadual José Augusto Ferreira. Por isso, o garoto está há praticamente uma semana sem frequentar a escola. A mãe ainda aguarda um posicionamento da SRE. “Ainda não arrumaram uma escola para ele. Estou acompanhando, sempre cobrando porque ele não pode ficar sem estudar. Meu filho é um menino bom, tranquilo e o que aconteceu com ele não desejo para o filho de ninguém. Não vou deixar por isso mesmo, vou atrás dos meus direitos”.
O DIÁRIO procurou a SRE de Caratinga, que informou que está escutando escola, pais e alunos envolvidos para apurar os fatos e, posteriormente, tomar as medidas cabíveis. A vaga para o adolescente em outra escola também está sendo estudada.