CARATINGA – O Brasil já teve 102.855.719 doses de vacina contra a covid-19 aplicadas, segundo dados atualizados nesta sexta-feira, 02/07, pelo Ministério da Saúde. Dentre elas estão a contagem de primeiras doses (totais), segundas doses (parciais) e doses únicas. Em Caratinga, já foram aplicadas 29.637 doses da vacina de acordo com os últimos dados divulgados pela Prefeitura Municipal no dia 30/06.
Aos poucos a população está tendo acesso à vacina que é a esperança para o controle da pandemia do novo coronavírus. Mas alguns comportamentos estão preocupando os especialistas, entre eles estão: o não comparecimento para o reforço com a segunda dose do imunizante, o medo de possíveis efeitos colaterais e a tentativa de escolher a vacina, o que tem feito muitos brasileiros peregrinarem pelos postos de vacinação em busca de marcas específicas de vacina.
O infectologista do Casu – Hospital Irmã Denise, Klinger Faico, destaca a importância da imunização completa contra a covid-19, ou seja, com as duas doses da vacina quando for a recomendação. “Essa já é uma prática rotineira quando falamos de vacina. Várias delas possuem duas, três doses, doses de reforço e outras recomendações específicas como repetir a cada 10 anos, por exemplo. Essa estratégia serve justamente para que a eficácia da vacina com a produção de anticorpos seja ativa por maior tempo e estimulada com a dose de reforço. Por isso, a maioria das vacinas, não só as da Covid-19, contam com uma segunda dose. Esse mecanismo já está estabelecido há muito tempo na prática médica, e por isso, quando se desenvolve uma vacina ela já é planejada contando com essa resposta”.
Portanto, a imunização completa se faz necessária e é sim muito importante. A recomendação do médico infectologista Klinger para as pessoas que perderam o prazo da segunda dose, ou que por qualquer motivo, ainda não compareceram é: “procurar o mais rápido possível o posto de vacinação para alcançarmos uma melhor cobertura vacinal de toda população”. Quem não completa o esquema vacinal está mais sujeito à infecção, em comparação com pessoas que recebem as duas doses. Até por isso, esse indivíduo passa a não contribuir tanto para o controle da circulação do vírus em um cenário em que a maioria das pessoas ainda não têm acesso à vacinação.
EFEITOS COLATERAIS
Muitas pessoas estão se mostrando mais preocupadas com os chamados “efeitos colaterais” da vacina do que com a imunização contra a covid-19, e estão deixando de se vacinar. Fato que é bastante preocupante, uma vez que os especialistas reforçam que os imunizantes são seguros, e que os sintomas são comuns e esperados, e que as reações adversas graves são raras. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), as reações mais comuns após a vacinação incluem dor ou sensibilidade e inchaço no local da injeção, além de febre baixa e dor no corpo, e que tais sintomas podem aparecer no momento da aplicação, ou entre 24 e 48 horas, e cessam em poucos dias.
Para o médico infectologista Klinger se faz necessário relembrar o histórico de sucesso de campanhas de vacinação anteriores, e, além disso, provocar uma reflexão importante para o momento. “As pessoas esqueceram os benefícios que a vacinação trouxe para a vida dos seres humanos e como conseguimos até mesmo erradicar algumas doenças, como é o caso da poliomielite. E também esqueceram que as vacinas têm efeitos colaterais sim. Quem aí não tem a marquinha no braço da vacina da BCG? Isso também é uma reação. Então, quando um paciente me questiona sobre efeitos colaterais eu levanto uma reflexão que gostaria que nosso leitor também fizesse: E se você pegasse a covid-19, desenvolvesse a forma grave da doença, fosse intubado e enfrentasse uma internação prolongada. Quais seriam as suas sequelas? O risco dos efeitos colaterais é maior que o benefício da proteção da vacina? Tenho certeza que várias pessoas que não tiveram a oportunidade de tomar a vacina e faleceram decorrente d e complicações da doença não pensariam duas vezes em se vacinar”.
EFICÁCIA DAS VACINAS
A eficácia das vacinas é outro tema que tem circulado muito entre as discussões sobre a vacinação no Brasil. Mas essa não é uma preocupação que o brasileiro precisa ter. De acordo o infectologista: “A eficácia de cada vacina depende de vários fatores. Não há como comparar vacina X com Y porque os estudos têm variáveis e análises diferentes. O que a população precisa saber é que a vacina é eficaz, protege contra a doença, evita casos graves e internações”. A busca por marcas específicas de vacina está tão acirrada, que algumas cidades mineiras já adotaram regras que colocam o cidadão que se recusar a se vacinar com determinada marca no final da fila de vacinação, adiando por tempo indeterminado a sua chance de se imunizar.
Klinger Faico destaca ainda que tentar escolher a marca do imunizante não é uma opção e classifica a atitude como lamentável. “Essa é uma das situações mais lamentáveis que estamos vivendo nos dias de hoje. O que a gente escolhe é a roupa que vestimos, o que comemos, em quem votamos, onde moramos… Vacina definitivamente não é uma opção, não existe um cardápio. E para essas pessoas que estão preocupadas com o laboratório que produziu a vacina, deixo o questionamento: qual laboratório produziu a vacina de Hepatite B, Sarampo e Febre Amarela que você tomou?”.
VACINA: ÚNICO CAMINHO PARA O FIM DA PANDEMIA
Apesar de não haver doses suficientes de vacina para toda a população brasileira, a campanha de vacinação contra a covid-19 já mostra resultados significativos no número de internações e casos graves da doença entre os vacinados. Mas enquanto país não alcança a meta de imunização é necessário manter as medidas de segurança já preconizadas pelas autoridades de saúde: uso de máscara, higienização constante das mãos, evitar aglomerações, e a principal, quando chegar a sua vez vacine-se! “A vacinação é a única forma de controlarmos a pandemia. Já estamos vendo vários países que conseguiram atingir a meta de imunização e estão retomando as atividades. O Brasil ainda está longe, mas estamos no caminho”, finaliza médico infectologista Klinger Faico.
- Infectologista do Casu – Hospital Irmã Denise, Klinger Faico, destaca a importância da imunização completa contra a covid-19, ou seja, com as duas doses da vacina quando for a recomendação
- A vacinação é a única forma de controlar pandemia (imagem ilustrativa)