Após ter sido capturado novamente, animal silvestre passou pelos cuidados do Hospital Veterinário Joaquim Felício – CASU e foi devolvido à natureza ontem
CARATINGA- No início de setembro, um lobo-guará com idade estimada em torno de 9 a 10 anos, sendo considerado idoso, foi resgatado em Manhuaçu com diversos ferimentos. Em seguida, ficou sob os cuidados dos veterinários da USIPA, em Ipatinga, tendo sido solto depois em uma região de mata de Caratinga. No entanto, o animal precisou ser capturado novamente, pois ainda estava doente, tendo permanecido no Hospital Veterinário Joaquim Felício-CASU por 38 dias.
Ontem, após criteriosa avaliação dos profissionais, o animal foi considerado apto para retornar à natureza. De acordo com o sargento Gleyson Simplício explica que os incêndios que acontecem anualmente fazem com que o lobo-guará tenha que se deslocar do seu habitat natural. “Aqui na nossa região de mata atlântica, a partir do momento que uma floresta entra em chamas, ele não tem o habitat mais para sobreviver. Se aproxima das residências, outro problema que temos hoje também, as residências rurais muito próximas das nossas florestas, então, isso faz esse convívio do animal silvestre com a população”.
O militar ainda explica como a população deve proceder, no caso de visualizar o animal próximo à sua propriedade rural. “Se o animal estiver machucado tem que comunicar com a Polícia Ambiental, IEF (Instituto Estadual de Florestas), que vamos tomar as providências, mas caso apareça na propriedade por algum momento, proteja seus animais domésticos, galinha, porcos para que ele não coma e só espante, que ele vai voltar para o habitat natural dele. O lobo-guará não ataca seres humanos, ele come fruta, roedores e também animais domésticos”.
Ele também registra seu agradecimento ao Hospital, que acolheu o animal silvestre, permitindo que ele fosse tratado dentro da cidade de Caratinga. “Quero agradecer ao hospital veterinário da Unec, que de prontidão aceitou fazer o tratamento sem custo. Aqui mesmo conseguimos solucionar o problema com esse excelente trabalho, se precisar levar para Ipatinga ou Belo Horizonte.”
O TRATAMENTO
O médico veterinário André de Paula Monteiro Resende detalha como se deram os procedimentos de tratamento do animal. “Este animal chegou caquético para a gente, muito magro e também apresentava uma lesão muito grave no ouvido esquerdo. Foi feita a coleta de sangue, do material biológico, para saber o que realmente ele tinha. Foi constatado Babesiose, uma doença do carrapato, que causa uma anemia muito intensa no animal, podendo levar até a óbito o acidente. Foi tratado e fomos fazendo uma limpeza do ouvido, aplicando o antibiótico. No começo era um animal muito arredio, ainda continua, mas, como estava muito fraco, não tinha tanto esse comportamento de agressividade. Agora, ao final do tratamento, já está um animal bem mais agressivo, mais apto para a soltura e também está conseguindo caçar melhor”.
Roger Bordone, médico veterinário e coordenador do curso de veterinária do CASU, detalha toda a estrutura que é ofertada. “Ficamos muito felizes de o Hospital Veterinário CASU, vinculado ao curso de Medicina Veterinária do Unec, poder prestar esse serviço, essa parceria com a Polícia Militar e o IEF, para que os animais tenham um atendimento clínico e até cirúrgico, dependendo do caso, e possam ser bem atendidos e reabilitados para a soltura. Temos hoje uma equipe com oito médicos veterinários, juntos decidimos a melhor condução de cada caso. 24 horas de atendimento, os estagiários da veterinária que se interessam por animais silvestres, estão sempre juntos para fazer o cuidado no período de 24 horas, que é muito importante para a reabilitação. Observamos bem a carência desse animal, as necessidades e quando já teria condições para ser solto”.