A generosidade começa de cima-5
Fiquei muito agradecido com os comentários que recebi de mais um caratinguense, Prof. Dr. Ulisses Azevedo Leitão, da Universidade Federal de Lavras, onde ele é o Coordenador do LITE – Lab. De Inovação em Tecnologias Educacionais. Assim, aqui está esta apreciação do livro A Generosidade Começa de Cima:
Resenha do livro “A generosidade começa de cima”
A liderança evangélica deve ter, em sua formação, uma visão da Justiça Social? A resposta a esta pergunta foi exaustivamente examinada pelo Pastor Rudi Krüger em seus livros gêmeos, recém lançados, “A generosidade começa de cima” e “Restauração acontecendo”.
Iniciei a leitura pelo primeiro livro…
Dentre as surpresas da leitura está o conceito de generosidade como marca primeira da vivência cristã, com implicações em todos aspectos da vida. Me surpreendi em especial por relembrar inúmeros sermões em que o meu pai, Rev. Uriel de Almeida Leitão, e seu irmão, Rev. Boanerges de Almeida Leitão, abordavam a parábola do bom Samaritano. Certa vez, tio Boanerges estava fazendo uma exegese do texto e chamou a atenção de como certos exegetas esqueciam a mensagem central do texto, de que os religiosos, o fariseu e o levita, passaram ao largo do necessitado caído à margem da estrada. O raciocínio era torto. ‘Um homem descia de Jerusalém para Jericó e foi assaltado. Bem feito, quem manda descer da cidade santa para a cidade gentia! Por que deveria ser acudido? E se os assaltantes ainda estivessem à espreita?’ – Mas nada destas elucubrações passava pela cabeça, ou pelo coração, do Samaritano, que viu no necessitado apenas o homem, de carne e osso, em necessidade. Aprendi destes pastores que, com a parábola, Jesus reverte a pergunta do doutor da Lei. Quem é o meu próximo? – foi a pergunta. De quem você será próximo? – foi a resposta. Quem será o objeto de sua generosidade?
Estas lembranças me voltaram ao ler o primeiro livro do Pastor Rudi, a generosidade como propósito e plano divinos. O foco do texto é estabelecer diretrizes para Faculdades de Teologia e Seminários de formação de lideranças, que encarnem a generosidade como princípio norteador. Na Parte I do texto, nos leva de volta à realidade do segundo século e à generosidade como vivência cristã nas comunidades cristãs primitivas. Então nos brinda, na Parte II, com um texto profundo, que resgata mensagens esquecidas. Iniciando pela análise da mensagem do Torah, investigando as leis de perdão de dívidas no ano da Remissão e no Ano do Jubileu. Perdão de dívidas a cada 7 anos e uma reforma agrária permanente, a cada 50 anos, com a finalidade de cumprir o “não haverá entre ti pobre algum”, (Dt 15.4). O texto passa pelos profetas, pelas denúncias de Isaías e Miqueias, de que “misericórdia quero e não sacrifícios”. Senti falta ainda de Amós e a denúncia das Vacas de Basã, a elite que se deleita, insensível ao sofrimento do pobre! O que só confirma a tese do Pastor Rudi: a generosidade permeia os mandamentos de Deus em toda a Bíblia como marca da regeneração. O texto continua na análise do Novo Testamento e, mais uma vez, a tese se confirma.
Na Parte III o autor apresenta diretrizes para orientar a generosidade como conceito e práxis norteadora da formação de lideranças nas Escolas de Teologia.
Generosidade, palavra resgatada pelo Pastor Rudi como marca cristã, se contrapõe, de forma contundente, ao ideário da Teologia da Prosperidade, tão em voga no neopentecostalismo brasileiro – uma teologia que faz escárnio do pobre e do necessitado, sem generosidade, em flagrante oposição à Palavra de Deus. Talvez por isto mesmo, as reflexões do Pastor Rudi sejam tão atuais e necessárias em nossos dias.
Aguardo ansioso a oportunidade de ler o segundo livro, gêmeo, “Restauração acontecendo”. Basta virar o livro de 180 graus e iniciar a leitura! Bem bolado.
Obrigado, Dr. Ulisses – vamos levar avante essa mensagem, agora mais do que nunca, em meio a essa terrível pandemia!
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – [email protected]