Como os Relacionamentos São Importantes
O tema é difícil, ou até impossível de ser tratado desse jeito, isto é, como se desse para alinhavar passos ou etapas na passagem por um sofrimento. Não dá. Como posso saber se vou conseguir chegar ao final dele, e sair para uma vida livre do que me fazia sofrer?
Contudo – e nesse “contudo” eu gostaria de considerar realmente tudo o mais que poderia ser incluído:
– O que pesquisadores, médicos, psiquiatras, psicólogos, a ciência enfim, qual é a posição mais atualizada na compreensão de sofrimento;
– Mas – também, reconhecendo que a causa de sofrimento e dor não é sempre física, ou psicológica – há muito sofrimento que talvez nem se reconheça como tal: o que para um nem é, pode ser para outrem, e o que eu me adaptei, me condicionei – será que pode ser considerado “sofrimento”, pois se me adaptei, então não sofro mais???
Uma coisa sei (e falando do meu coração para o seu): se ALGO dói, se isso causa algum sofrimento; e sofrer sempre nos para, e faz levanta perguntas e reflexões: Por quê? Por que tenho de passar por isso? Por que isso me aconteceu, ou acontece? E até: Será que vale a pena?
Estou trazendo esse assunto porque nos meus quase oitenta anos tenho passado por muitas coisas que me fizeram sofrer – ou até continuam a doer.
Mas RECUSO a estacionar meus pensamentos aí.
A vida tem muitas outras coisas – e eu preciso acrescentar: o sofrimento, ou a dor NÃO precisa ser meu enfoque principal.
Ouvi semana passada uma pessoa que eu conheci há tempos – a quem vou chamar de ‘sr. Magister’, e que é um pouco mais avançado na idade que eu – e cuja palavra, a história da doença que ele mesmo contou-me deixou muito impressionado.
Creio que todos concordam que um dos maiores sofrimentos é quando nosso cérebro é atingido, e nós não estamos mais totalmente presentes – ou, até, bem ausentes, e dependentes em praticamente tudo que fazíamos anteriormente em nossa vida normal: levantar, andar, alimentar-se, fazer as necessidades fisiológicas, e por aí vai.
Esse senhor foi operado no cérebro e as faculdades mentais afetadas foram restituídas – o que dependeu também de sua paciência e esforço pessoal, fazendo terapias; porém, o mais interessante foi seu relato de o que ele fazia durante aquele tempo de ‘desligamento’ de si mesmo.
O sr. Magister sempre tinha sido muito ativo, e principalmente, em sua mente. Não se sabe a causa, mas, talvez, por causa dessa atividade, essa área não foi afetada. Isto é, mesmo incapaz de tudo, ele podia pensar. O que ele fez? Lembrou-se de muitos trechos bíblicos que tinha estudado, especialmente de Salmos, ou das histórias de Jesus – e foi entrando mais e mais na comunhão com o seu Criador.
Ele disse: FOI O TEMPO MAIS LINDO DE MINHA VIDA!
Eu fiquei muito tocado: imagine, uma pessoa – como se diz – no estado vegetativo, falar tão positivamente daquele tempo!
Essa história me faz lembrar do salmista que em alta idade faz sua súplica a Deus (Salmo 71). O título é: O Senhor é a minha esperança
1 Ó SENHOR, confio na sua proteção, não deixe que me humilhem.
2 Proteja-me e livre-me, … 3 Peço ao Senhor que seja … o lugar onde me sinto seguro,
… o Senhor é a minha rocha, minha fortaleza. 4 Ó meu Deus, livre-me…
5 O Senhor DEUS é a minha esperança. Confiei no Senhor desde a minha juventude.
6 Mesmo antes de nascer já dependia do Senhor. O Senhor me ajudou quando eu ainda estava no ventre da minha mãe. Eu sempre o louvarei.
7 O Senhor é o meu refúgio seguro…
8 Todo o dia o honro e louvo, estou sempre falando do Senhor. 9 Não me rejeite agora que sou velho, não me abandone quando já não tiver forças… 20 Ainda que tenha me feito passar por momentos difíceis e de sofrimento,
SEI QUE ME DARÁ VIDA DE NOVO,
e me irá tirar das profundezas da terra.
23 Cantarei louvores ao Senhor
porque me salvou… Cantarei louvores ao Senhor
com todas as minhas palavras e com todo o meu ser.
24 Falarei sempre da sua justiça, pois aqueles que me queriam destruir
foram derrotados e humilhados.
É difícil imaginar como essa pessoa – o sr. Magister – enfrentou seu sofrimento. Muito provavelmente ele se entregou totalmente nas mãos de Deus e das pessoas que o amavam – e buscou estar ligado com sua Fonte, com o seu Criador.
Não tenho nenhuma dúvida sobre a importância de nossos relacionamentos.
Vamos cuidar deles. Nós nunca saberemos como será o nosso amanhã.
Um grande abraço para você, caro leitor amigo.
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum; E-mail: [email protected]