Câmara homenageia Paróquia Nossa Senhora do Carmo
CARATINGA- A Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Esplanada foi homenageada pela Câmara na reunião desta segunda-feira (25), pelos seus 70 anos, a partir da chegada dos carmelitas em Caratinga.
O HISTÓRICO
Ana Maria Eymard Scarabelli, leiga consagrada da Ordem dos Carmelitas Descalços, destaca o histórico da Paróquia. Ela acrescentou que foi no exercício missionário que em 4 de setembro de 1951, os frades carmelitas descalços chegaram a Caratinga. “Aqui foram pouco a pouco se instalando. Eram eles, Frei Arcanjo de Santa Tereza e Frei Inácio de Santa Tereza Margarida, que no primeiro momento se hospedaram no Palácio Episcopal e depois no porão do Hotel São João e, por necessidade e gratuidade, no Colégio das Irmãs Carmelitas da Divina Providência. E ali também receberam o apoio das mesmas, onde aprendiam falar o Português. Quando se ama, tende a falar em linguagem do outro, para compreender e compartilhar o amor”.
Conforme Ana Maria, em 1952, já com a capelinha construída por Monsenhor Aristides Marques da Rocha, os frades, padres e missionários vindos da Itália, já “instruíam o povo de Deus”, dando assistência espiritual aos que frequentavam a capela e a todos que vinham buscar também esse apoio. “O terreno foi doado por José Miranda Lopes, documento de 20 de maio de 1950 e assinado com o testemunho de Manoel Gonçalves de Castro e Sebastião Adão, a pequena igreja da Rua da Piedade, assim chamada, já era semente da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, que agora, com parte do caminho feito recebe esta homenagem”.
O tempo prossegue. Era ano de 1954, quando chega Frei Carlos de São José, com espírito empreendedor. “Quem não conheceu Frei Carlos? No desejo também de servir formando o povo numa dimensão espiritual e intelectual, tendo grande participação na educação desta cidade, na faculdade. Então, nossa diocese é agraciada com a presença do Carmelo Descalço, no trabalho com o povo de Deus”.
Os carmelitas conseguiram uma casinha no Bairro Esplanada e nela se instalaram em 4 de novembro de 1954, primeiro convento da Ordem em Caratinga. “No início, os padres acompanhavam o bispo e vigário episcopal, sendo confiada a eles a administração dessa capelinha dedicada a Nossa Senhora do Rosário, no Esplanada”, afirma.
A história da paróquia foi se fazendo, no exercício dos que iam administrando, no “desejo e apoio da obra de Deus”, que por ali foram chegando e colocando também a dedicação do povo, cada um, da sua forma.
Em 1954, a igrejinha foi demolida para ser reconstruída e, assim, as celebrações por um tempo aconteceram em um armazém alugado. “Após tempo de trabalho, em 20 de julho de 1957 foi oficializada a atual matriz, que ainda não estava com as obras concluídas, mas, já se podia celebrar na mesma o primeiro culto. Em 10 de fevereiro de 1960, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário era legalmente criada e transferida para os carmelitas. Mas, como assim? Do Rosário? Não estamos tratando da homenagem à Paróquia Nossa Senhora do Carmo? Do Rosário, de Lourdes, Aparecida, de Fátima ou de inúmeros títulos, a Paróquia é de Nossa Senhora, mãe de Deus e nossa. Portanto, está sob os cuidados dela”.
Então, em 28 de janeiro de 1961, passaria a se chamar, a pedido dos carmelitas, de Paróquia Nossa Senhora do Carmo.
PRESENÇA MISSIONÁRIA
Frei Afonso analisa as transformações e evolução da Paróquia. “Na época que os italianos chegaram, a extensão da Paróquia era muito mais ampla. Eles atendiam ao que hoje é a Paróquia Santa Rita de Minas, de Ubaporanga, Ipanema, Santo Antônio de Manhuaçu, as comunidades de São João do Jacutinga e Piedade de Caratinga. Lembrando que as condições para nós hoje são muito tranquilas, tem asfalto para todo lado, mas, nos relatórios que nós temos, eles faziam tudo isso de jipe, tantas vezes esperando carona, à cavalo, do jeito que podiam. Inclusive nos períodos de chuva tem muitas peripécias, mas, a missão se impunha também como aventura. Sempre por amor a Deus, era o que os motivava”.
Ele recorda a criação do Instituto Monte Carmelo, hoje Escola Estadual Moacir de Mattos, que foi um protagonismo muito grande na formação educacional e profissional dos jovens. “Com muita frequência aparecem pessoas que querem revisitar o Monte Carmelo, pois, aprenderam também profissões rudimentares, uma espécie de estribo depois para a vida profissional”.
Na Paróquia Nossa Senhora do Carmo também fica a recordação do seminário menor, onde os futuros frades carmelistas terminavam o Ensino Médio. “Dava-se assim oportunidade para tantos e tantos jovens, que mesmo não tendo intuito de seguir a carreira vocacional, tinham ali com os padres italianos a oportunidade de terminar o Ensino Médio”, explica Frei Afonso.
Para frei Afonso, existe um carinho “contagioso” dos que passam pela Paróquia em relação à cidade e à população de Caratinga. “Hoje a Paróquia Nossa Senhora do Carmo tem as suas características como carmelistas, pois, quem caminha mais próximo da igreja sabe que um instituto religioso sempre leva para a Paróquia aquilo que é próprio dele. Aquela especificidade do carisma carmelitano, fundado por Santa Tereza de Jesus e São João da Cruz, que outra coisa não é senão a intimidade com Deus. Criar pessoas humanamente fortes e fortes amigos de Deus. Isso se dá, sobretudo, através da oração e das relações com as pessoas. É uma presença missionária, porque não vivemos fechados no ângulo da Paróquia, estamos abertos a todas as necessidades que pudermos colaborar”, finaliza.