Ildecir A. Lessa
Advogado
O macedônico filósofo Aristóteles já afirmava que o homem é um animal político, o que remete à sua natureza social. Heródoto, historiador grego e Sófocles, escritor, também já afirmavam que o homem sem a cidade, teria um destino trágico. No período áureo do pensamento grego, surgiram muitas ideias e definições sobre a ética que até hoje fundamentam os conceitos histórico-sociais no campo da moral.
O termo ética é de origem grega (ethos). O ser humano se manifesta não apenas na natureza, mas também na ação humana, no ethos, isto é, hábitos, costumes e instituições produzidos pela sociedade. O ethos se refere à morada e a organização de um povo ou de toda a sociedade. O ethos é o espaço da liberdade, da diferença. E esta liberdade não é meramente subjetiva. Com a evolução da sociedade moderna, deflagrou-se uma grave crise ética. As muitas crises que abalam o mundo tem como campo de ação o próprio homem. Os sinais desta crise são evidentes. O povo brasileiro despertou o tribunal da consciência e abriu os olhos do entendimento para essa realidade ética. Passou a focar que a ética serve para conduzir ações humanas a respeito das boas ações (virtudes) ou das não éticas, às más (vícios). Isso principalmente, com relação à ética pública, traduzida na falta de honradez na vida política, profissional e particular.
Importante saber que a ética não se ocupa do irracional, retratado nos níveis de violência, discriminação social, abuso do poder, corrupção, permissividade, cinismo e impunidade. Com a concepção e do entendimento de que ações humanas podem ser abordadas por uma perspectiva psicológica, pode-se contemplar estágios de verdadeira deformação das consciências que aceitam como normal ou inevitável o que não tem nenhuma justificativa ética. O entendimento clássico de ética não permite a simples aceitação de práticas depreciativas da vida humana. A crise ética está profundamente ligada a um longo processo histórico. O grande desafio que deflagra no presente, é, antes de tudo, compreender as raízes desta crise que afeta a sociedade moderna em geral, especificamente no meio urbano.
A ética é vinculada com o termo moral. Esse dualismo é de dupla dimensão. A moral se traduz em normas aceitas íntima e livremente pelos indivíduos, por convicção pessoal, sendo reconhecidas como obrigatórias por refletirem os princípios, valores e interesses dominantes na sociedade na qual estão inseridos. As normas morais ditam como devem agir os membros de uma determinada sociedade. Não se recorre à força ou à imposição coercitiva. Mas, o que vem a ser a moral? Um conjunto de valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou uma organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica, a moral corresponde às representações imaginárias que dizem aos agentes sociais. A ética se caracteriza como a ciência que investiga a moral. Não encontramos na ética uma norma de ação para cada situação concreta. O problema de como agir de maneira a que a sua conduta seja boa, ou seja, moralmente valiosa pertence à moral. A ética, diferentemente, preocupa-se com problemas gerais de caráter teórico, como definir a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral e as fontes de avaliação moral. Ética e moral, portanto, são diferentes, embora guardem estreita relação. A missão da ética é explicar a moral. A ética e moral caminham juntas, independente da direção, espaço e grupo. A ética é um princípio que devemos fazer uso no cotidiano, não importando a situação. Assim, é imprescindível que seja retomado na conduta pessoal de cada cidadão, comportamentos condizentes com a postura ética em volta de responsabilidade e comprometimento. Com a velocidade em que ocorrem as transformações, há necessidades de valores intangíveis para que haja um alinhamento na tomada de decisões com mais rapidez. Toda conduta social é instituída por valores morais diferentes, mas a conduta correta é imposta a todos sem distinção. Desde o nascimento nos é ensinado o que é certo e errado e a partir daí reproduzimos valores impostos pela sociedade. Desta forma, somos “programados” para agir conforme regras impostas, sendo recompensados quando seguimos as regras e punidos quando as infringimos. A Ética como conjunto de normas e valores que regem uma sociedade deve necessariamente refletir a consciência e as ações de um povo, assim como trazer consigo o tipo de organização que alimenta essa sociedade. Ética e moral devem andar lado a lado com a liberdade, mas esta liberdade tem algumas limitações que a própria “Lei Natural” impõe ao ser humano. A ética deve ser incorporada pelos indivíduos, tendo como princípio uma atitude diante da vida social cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos da moral que vigoram em nossa sociedade. A ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de verdades fixas e imutáveis, mesmo porque, a ética sempre se movimentou dentro de um contexto histórico.
Refletir sobre a ética é contribuir para aumentar a reflexão sobre a ação humana, tornando-nos mais sensíveis e mais sensatos, porque ela nos aproxima da realidade e nos torna mais conscientes das ações que praticamos em qualquer espaço da nossa vida. Ultimamente a ética e a moral estão sendo relegadas por certas classes sociais e políticas, muitos valores estão sendo quebrados em prol do individualismo. O bem comum deu lugar ao “cada um por si” e com isso ética e moral vêm perdendo o sentido no seio da sociedade moderna .
Um comentário
anderson brandino
A ética e a moral vão voltar um dia se nós colaborarmos com as coisas mais importantes ela vai se fortalecer e vai ser como era nos séculos passados por que o mundo precisa hoje em dia de moral e ética.