OSCAR 2017 – ENTRE ERROS E TROPEÇOS, LA LA LAND E MOONLIGHT SAEM VENCEDORES
A premiação do Oscar 2017 ocorreu no domingo passado, 26/02/2017, e foi um carnaval de confusões. A entrega da estatueta para 24 categorias seguiu o protocolo até o final, em que os atores Warren Beatty e Faye Dunaway entraram no palco para anunciar o prêmio de Melhor Filme. O ator visivelmente estava confuso ao ler o envelope, dando para Faye Dunaway, que anunciou “La La Land” como vencedor. O elenco do filme subiu ao palco para receber o Oscar e em meio ao discurso, percebeu-se que havia tido um erro: o grande vencedor da noite era na verdade Moonlight. O equívoco histórico foi notícia em todo mundo nesta semana. Vamos conferir abaixo o balanço de toda a premiação.
CATEGORIAS TÉCNICAS
O filme de guerra dirigido por Mel Gibson, “Até o Último Homem”, surpreendeu e conseguiu 2 Oscar técnicos, o de mixagem de som e o de edição, derrotando o favorito “La La Land”. Mel Gibson evitou ao máximo efeitos de computador, utilizando explosivos de verdade nas cenas para dar maior realidade à história já baseada em fatos reais de Desmond T. Doss, que queria servir ao Exército na Segunda Guerra Mundial, porém sem pegar a mão em nenhuma arma.
A ficção científica “A Chegada” tinha 8 indicações ao Oscar, porém sem muitas chances claras de vencer em alguma categoria. Conseguiu pelo menos 1 Oscar, o de edição de som. A história conta a chegada de extraterrestres no planeta Terra e a tentativa de comunicação com eles pela linguista Louise Banks.
O musical “La La Land”, recordista de indicações neste ano, com 14, poderia ter ganho mais prêmios técnicos mas acabou com apenas 2, o de direção de arte e o de fotografia. Este último não deixou de ser surpreendente por estar concorrendo com pesos pesados como “A Chegada” e “Silêncio”, novo filme de Martin Scorsese, com belas paisagens.
Apesar de compor várias categorias do Framboesa de Ouro, dedicado aos piores filmes do ano, a aventura “Esquadrão Suicida” conseguiu o Oscar de maquiagem, derrotando Star Trek. Já na categoria de melhor figurino, outra surpresa: Animais Fantásticos e Onde Habitam, faturando o primeiro Oscar de um filme do Universo Harry Potter.
Nos prêmios musicais, a melhor canção ficou mesmo com “City of Stars”, de “La La Land”. No filme, a música é cantada pelo ator Ryan Gosling e na cerimônia ficou a cargo de John Legend, cantor que também atuou no longa. A trilha sonora também ficou com o musical.
CATEGORIAS COADJUVANTES
O divertido e crítico “Zootopia” ganhou o prêmio de melhor animação, derrotando, dentre outros, o elogiado “Kubo e as Cordas Mágicas” e o outro filme da Disney, “Moana”. O curta de animação foi o da Pixar, “Piper”, que passou nos cinemas antes do longa “Procurando Dory”.
Nos documentários, o favorito OJ: Made in America confirmou o favoritismo e ganhou melhor documentário de longa-metragem, tornando-se o filme mais longo a ganhar um Oscar, com suas quase sete horas e meia de duração. O documentário de curta metragem vencedor foi “Os Capacetes Brancos”, também favorito. Já na categoria curta metragem quem faturou o Oscar foi o húngaro “Sing”.
O filme estrangeiro vencedor foi “O Apartamento”, do iraniano Asghar Farhadi. O cineasta não compareceu à cerimônia, mandando representantes, que leram um manifesto contra a decisão do presidente americano Donald Trump de impedir a entrada de imigrantes de sete países, dentre eles o Irã.
CATEGORIAS PRINCIPAIS
Os roteiros são parte essencial dos filmes e por isso bastante importante nas premiações. Com indicações de filmes que não aparecem em outras categorias, como “O Lagosta” e “20th Century Women”, o Oscar de Roteiro Original acabou nas mãos de “Manchester à Beira-Mar”, drama que conta a história de um sujeito que ganha a guarda do sobrinho, mas para isso precisa voltar à cidade pequena em que saiu no passado e não guarda boas lembranças. Já o Oscar de Roteiro Adaptado só tinha indicações de filmes também indicados ao Oscar de Melhor Filme. Desta vez, o premiado foi “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, outro drama que mostra três fases de Chiron, na infância, adolescência e vida adulta, onde sofre os mais diversos tipos de preconceito.
O ator “Mahershala Ali”, que tem uma participação pequena porém marcante em Moonlight, acabou faturando o prêmio de melhor Ator Coadjuvante, derrotando nomes como Jeff Bridges, do faroeste moderno “A Qualquer Custo” e Dev Patel, que emocionou no drama “Lion: Uma Jornada para Casa”, que conta a história real de um indiano que se perdeu do irmão quando criança e acabou sendo adotado por uma família australiana. Depois de adulto, ele tenta reencontrar sua família. Já o prêmio de Atriz Coadjuvante ficou com Viola Davis pelo premiado “Um Limite entre Nós”, dirigido e estrelado por Denzel Washington e baseado em uma famosa peça de teatro. Viola Davis foi a responsável pelo discurso mais emocionante da premiação.
O prêmio de Melhor Ator premiou a atuação contida e emocionante de Casey Affleck em “Manchester à Beira-Mar”. Concorrendo com ele, tinha Denzel Washington, Andrew Garfield, Ryan Gosling e Viggo Mortensen, do elogiado “Capitão Fantástico”, tido como um dos melhores filmes do ano. Já o prêmio de Melhor Atriz foi para Emma Stone, por “La La Land”, derrotando nomes de peso como Meryl Streep, por “Florence: que mulher é essa?”, que conta a história real de uma mulher da alta sociedade que era cantora lírica mas cantava muito mal, e Natalie Portman, por “Jackie”, que retrata a ex-primeira dama Jackeline Kennedy dias após o atentado que vitimou seu marido.
O prêmio de Melhor Diretor foi para Damien Chazelle, pelo musical “La La Land”, o que fez o cineasta ser o mais jovem a ganhar o Oscar de direção. Ele conseguiu derrotar Barry Jenkins, que ganhou como roteirista de Moonlight, e Kenneth Lonergan, que ganhou como roteirista de Manchester à Beira-Mar, além do veterano Mel Gibson, de “Até o último Homem” e do promissor Denis Villeneuve, de “A Chegada”.
O grande prêmio da noite, de Melhor Filme, foi para o drama Moonlight: Sob a Luz do Luar, tendo como também indicados “Estrelas Além do Tempo”, que conta a história real de três mulheres que lutaram na década de 60 para crescer na NASA, além dos já falados “A Qualquer Custo”, “Manchester à Beira-Mar”, “Um Limite Entre Nós”, “La La Land”, “A Chegada”, “Lion: Uma Jornada para Casa” e “Até o último Homem”.
Warny Marçano é blogueiro do WCinema (www.wcinema.blogspot.com), composto por resenhas de filmes e notícias em geral da sétima arte.
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