Jesus disse: Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá sua vida pelas ovelhas. É impossível que Ele tenha instruído os seus seguidores a “cristianizar”, como foi feito a partir da Idade Média, e cujos resquícios continuam até hoje, do ponto-de-vista externo, exterior. Jesus sempre e em todas as situações, agia de dentro para fora – Ele queria atingir o coração!
Por isso, podemos perguntar, também, Como se atinge o coração? Com cerceamento, coação, e, numa escala crescente, chegando à diferentes meios bárbaros, brutalidades – usando ameaças, decretos, linchamentos, armas?
A pergunta que me vem é, Como é que a igreja pôde aceitar (ou determinar) isso? E como a própria igreja da reforma (e outros movimentos de ‘reforma’ da história) agiu do mesmo jeito – em casos específicos?
A conquista do mundo, segundo o nosso Mestre e Senhor, era pra ser através do amor. Através da doação. É crendo que o ser humano é dotado de um coração NO QUAL JESUS PODE MORAR.
Essa é uma grande verdade, imutável: Jesus quer morar no nosso coração. Ele é o maior gentleman que já existiu. Isto é, Ele não invade pessoa alguma! Ele espera. Ele não chega com exigência. Ele vem com cuidado, com toda a sensibilidade que se possa imaginar.
É como alguém que quer conquistar um grande amor. Você não joga o laço, amarra sua amada, e dá ordens, diz o que ela deve fazer, pensar, crer, amar.
Simplesmente – tudo isso, ao lembrar dos movimentos de “cristianizar”, uma aberração tamanha, um pecado institucional, um pecado coletivo, que carece de reconhecimento, arrependimento, confissão, clamor por perdão, e reparação!
(O que seria reparação àqueles que foram “cristianizados”? Dinheiro pagaria o dano?) Não é objetivo desta coluna de julgar pessoas. Contudo, precisa ser dito que os conquistadores, sejam eles brancos, europeus, americanos, asiáticos, africanos, brasileiros – todos eles, cultos ou não, precisam fazer algo. (Quem sabe a partir de hoje você também começará a refletir sobre esse passado que ainda não passou: a verdade é que o sangue das vítimas continua clamando ao céu, e cada vez, mais alto!
Sem dúvida, creio que as lideranças religiosas devem estar à frente disso.
O Rev. Uriel chegou à Caratinga nos anos 40 do século passado – há oito décadas e mais anos. Ele não chegou apenas para assumir um cargo, uma função já estabelecida. Ele chegou como alguém que é um filho do Deus vivo, e que age. Pois quando Deus iniciou a Criação de tudo, nenhum dia existia. Ele decidiu que iria criar, que haveria beleza, e que os homens fariam coisas boas, lindas, cheias da mesma paixão e compaixão com a qual Ele criou todas as coisas. Em outras palavras, COM UM PROPÓSITO!
O Salmo 90 v. 12 diz, Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos um coração sábio.
O verbo “contar” na língua original na qual foi redigido esse poema-oração, a palavra é “manah”. (Não confundir com ‘maná’, o pão-do-céu do deserto!)
Aqui o sentido é bem mais amplo e tão profundo, que até contém um segredo. Vamos descobrir esse segredo?
Este mesmo verbo é usado no livro de Jonas em três ocasiões diferentes: … Deus preparou um peixe (1.17), … Deus enviou uma lagarta (4.7), e … Deus mandou um vento (4.8). Em português, o que esses três verbos – reparar, enviar e mandar – tem em comum com o verbo CONTAR do Salmo 90.12?
Parece que não tem nada a ver um com o outro. Mas tem, sim. Na história de Jonas, ele estava totalmente desnorteado no dia em que … ele entendeu que era pra fazer uma coisa … e ele fez outra: Deus mandou que fosse para Nínive, e ele foi para Társis: acredite, era a direção totalmente oposta!
O que aconteceu? O navio no qual Jonas fugia de sua missão ia naufragar. Jonas, confrontado pelos companheiros de viagem, confessou que fugia de Deus. Eles ainda tentaram prosseguir, mas o mar ficava cada vez mais bravo, e finalmente, jogaram o fugitivo no mar. Acabou? Creio que o próprio Jonas achava que tinha acabado – que tudo tinha acabado quando bateu na água gélida do mar.
Surpresa! Deus tinha preparado (manah) um peixe. Aí está o nosso verbo com um sentido incrível. Não é apenas “contar (os dias)”, como no Salmo, mas tem um lado proativo. E o mesmo verbo manah aparece mais duas vezes: … manah (enviou) uma lagarta; e … manah (mandou) um vento.
A ideia é – claro – alguém que tem capacidade, poderes de determinar o depois, ou o amanhã, ou o futuro. Se Deus não tivesse preparado o peixe, Jonas teria morrido afogado, comido pelos seres marinhos, ou seu cadáver teria sido levado à praia pelas ondas.
Mas, também, a cidade de Nínive não teria ouvido a Palavra que a salvou da destruição (que Deus, na Sua sabedoria e propósito, também estava preparando!!!!).
Paulo, em Atos 19.21, toma uma decisão: Paulo resolveu, em seu espírito, ir para Jerusalém, passando pela Macedonia e pela Acaia, porque dizia: Depois de ir para lá, preciso ir também para Roma.
Paulo tinha tido uma grande vitória na cidade de Éfeso (leia o cap. 19 de Atos): pela sua pregação, muitos aceitaram livre e espontaneamente o Evangelho, e convidaram Jesus em seus corações. E suas vidas foram transformadas pelo poder não de Paulo, mas de Deus. Eles deixaram suas práticas maléficas e maliciosas (tanto de explorar ao próximo, como de outras ações e práticas, as quais só deixavam as pessoas da elite, do governo, ainda mais poderosas, e mais ricas, e as pobres, mais miseráveis e com sofrimento maior.)
Mas lá naquela cidade houve uma grande transformação, profunda, de dentro para fora…
Quando o Rev. Uriel chegou a Caratinga, ele viu o nível de educação que era oferecido ao povo. (Época em que mesmo as missas ainda eram faladas em latim: – Alguém entendia alguma coisa que era lido naquelas celebrações?) O povo era controlado, dominado e, possivelmente, explorado (como na Idade Média, como em todo o lugar onde o PASTOR NÃO É O BOM PASTOR, porque – exceto raríssimas exceções – está, sobretudo, a serviço da instituição).
Qual era o nível de ignorância 80 anos atrás? Quem era alfabetizado? Quem podia prosseguir seus estudos? Somente aqueles quem tinham condições de enviar seus filhos para cidades maiores… E, impressionante: o único ginásio estava morrendo! As lideranças de então, se não se expressaram, podiam estar pensando assim: – Tudo bem, deixa morrer! Melhor pra nós – o povo não precisa estudar…
O Reverendo Uriel veio sabendo o sentido do verbo “manah”, isto é, de ordenar, preparar, de enviar, de fazer – como foi ensinado na Bíblia a Jonas, a Paulo, e a tantos mais.
Creio, sinceramente, que nossa cidade é hoje um centro universitário, com amplas oportunidades de aprender, dando mais esperança a todos – por causa de homens e mulheres como o fundador de nossa instituição educacional, Rev. Uriel de Almeida Leitão. Esse é o segredo – e que cabe no bolso de cada um!
– Temos analfabetos ainda? – Temos, sim. – Temos gente que gostaria de sair da miséria e não consegue? – Temos! – Temos gente que não consegue se alimentar regularmente… – Temos gente que é encarcerada (por algum ato criminoso) e que depois de cumprir a pena, não consegue emprego? E que, infelizmente, na prisão aprendeu outras técnicas de enganar, roubar, matar?…
Há muito trabalho pela frente. O evangelho pregado muda uma cidade para melhor. Líderes egoístas, materialistas, presos a si mesmos, ou a uma empresa ou instituição com princípios maus, injustos – precisam ser transformados, ou substituídos.
As pessoas que foram injustiçadas – precisamos de justiça de verdade, a partir de nossa Corte de Justiça, e, principalmente, de nossos Governos – municipal, estadual, federal. Não esquecendo, porém, que deve iniciar a partir de cada um de nós que tivemos mais sorte!
Deus tem ideias próprias – Ele sempre foi contra discriminar pessoas! Se você ouviu algo diferente, examina bem de onde veio essa voz! Não é dEle, não!
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum [email protected]