É, mais uma copa. Lembro da copa de 1994, a qual eu estava apenas com 10 anos de idade, torcia junto com meus pais e meus tios, foi um momento vibrante. É a minha primeira lembrança de torcer pelo meu país em uma copa do mundo.
Hoje estou com 34 anos, e com toda sinceridade, continuo torcendo muito pelo meu país, porém perdi o ânimo de torcer pela seleção.
Com o alto número de desempregados, o estado lamentável da saúde pública o descaso com as escolas, famílias vivendo com o mínimo de dignidade sem saber o que esperar do futuro, falta de segurança, enfim… Que me perdoe os amantes do futebol, porém não consigo compactuar com isso.
Há poucos dias estávamos talvez não todos, mas a maioria, tensos e animados em lutar por um país melhor, sem corrupção ou ao menos amenizá-la. No último domingo, 17 de junho de 2018, dia do primeiro jogo da seleção na copa deste ano, vi muitos vestindo a camisa e com suas cornetas nas mãos, se aglomerando para juntos torcerem pela seleção brasileira em busca do hexa.
Já ouviu falar da expressão, “pão e circo?”
A política do Pão e circo (panem et circenses, no original em latim) como ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio.
Então hoje, é assim que eu vejo a copa do mundo, uma forma de entreter os expectadores, a fim de que se desvie o olhar, de uma realidade presente, no intuito de promover uma alienação coletiva, pequenas migalhas de endorfina na mente de um povo, que realmente ao que me parece, têm um sério problema com amnésia.
Agora o que me resta é aguardar as eleições.
Eliane M. T. S. Barbosa
Empresária e estudante de Psicologia no Unec