A depressão pode ser mais simplesmente tratada por uma recente modalidade de tratamento a terapia de ativação comportamental, segundo conclusões de um estudo publicado recentemente. A terapia de ativação comportamental nada mais é do que uma alternativa mais simples de terapia cognitivo-comportamental – uma das formas mais usadas de tratamentos para depressão. Nessa modalidade o foco está na mudança de hábitos específicos que estejam associados a altos índices de depressão.
A depressão clínica afeta cerca de 350 milhões de pessoas ao redor do mundo, mas apenas uma fração recebe cuidados adequados. A terapia de ativação comportamental pode ser uma boa alternativa que permite o acesso a uma terapia mais simplificada por um número maior de pessoas. Claro que nem todos os casos irão se beneficiar desses métodos sem olhar mais profundamente para dentro até chegar na ferida causadora de tal sofrimento, mas pessoas com depressões leves podem ser amplamente ajudadas.
A terapia em si se concentra em incentivar as pessoas a participarem de atividades significativas que estão ligadas aos seus valores fundamentais. Ela ajuda as pessoas a descobrirem quais atividades fazem com que elas se sintam melhores.
Infelizmente, muitas pessoas com depressão se envolvem em atividades que fazem com que elas se sintam pior. A principal delas é a ruminação: deixar pensamentos depressivos rolarem na mente. Essa forma simplificada da terapia ajuda as pessoas a fazerem a conexão entre o que fazem e o efeitos dessas atividades no seu humor. Ela também é destinada a lutar contra a evasão e mover a pessoa em direção a experiências pessoalmente gratificantes.
Professor David Richards, o primeiro autor do estudo, disse:
“Tratamento da depressão efetivo a baixo custo é uma prioridade global. A nossa descoberta é a evidência mais robusta que a Ativação Comportamental é tão eficaz como a TCC, o que significa que uma força de trabalho eficaz poderia ser treinada muito mais fácil e com menor custo, sem qualquer comprometimento ao alto nível de qualidade. Esta é uma perspectiva animadora para reduzir os tempos de espera e melhorar o acesso ao tratamento da depressão de alta qualidade em todo o mundo, e oferece esperança para os países que estão atualmente lutando com o impacto da depressão sobre a saúde de seus povos e economias.”
O próprio estudo de David recrutou 440 pessoas que foram divididas em dois grupos, um dos quais receberam terapia de ativação comportamental, a outro recebendo terapia cognitivo-comportamental. Os resultados mostraram que a terapia de ativação comportamental forneceu resultados semelhantes a TCC. Cerca de 2/3 das pessoas em ambos os grupos se sentiam melhor um ano depois. O estudo foi publicado na revista The Lancet (Richards et al., 2016 ).
O que fica de informação para todos nós é a certeza de que a depressão não irá embora se não mudarmos nossos hábitos e atitudes. Enquanto insistirmos na rotina dos mesmos comportamentos iremos colher os mesmos resultados. E quando tudo o que você conhece falhar, procure a ajuda de um profissional adequado!
Luciana Azevedo Damasceno – Neuropisicóloga e Terapeuta Cognitivo-Comportamental formada pela PUC Rio. Elogios, dúvidas e sugestões: [email protected]