Ano 2017, século XXI, não há dúvidas de que a caverna habitada pelo homem pré-histórico ficou no passado… Mas não podemos dizer o mesmo sobre a caverna platônica…
Quanto mais o tempo passa e o mundo se moderniza, quanto mais nosso povo, população e nação se embrenham na perigosa selva da modernidade, do modernismo, com todas as suas ideias e conceitos de o que é ser “moderno”, com todos os seus valores e ideais líquidos, rompendo com todas as normas, leis, e regras, se opondo a todo tipo de absoluto, mais podemos notar a regressão do homem “moderno” quanto à histórica e, até agora incansável, busca pela razão, e pelo sentido da vida.
Quanto mais o tempo passa, vemos nossa população, atualmente tão bem equipada para a busca da razão, andar de marcha ré pelo caminho da ascensão até o esclarecimento, da razão pura e, até mesmo, do sentido de “ser humano”. Caminhamos hoje no sentido totalmente contrário ao que Platão nos mostra e ensina em seu famoso Mito da Caverna.
Mesmo depois de tantos anos, a maioria absoluta das pessoas de nossa sociedade, ainda preferem viver “comodamente” amarradas em suas cavernas, ainda se prontificando a aceitar como correto e verdadeiro tudo aquilo que lhe é posto diante de seus olhos sem, no entanto, utilizar o mínimo de senso crítico.
Infelizmente, a nossa sociedade “moderna” caminha a passos largos de volta aos recôncavos mais escuros e negros de suas cavernas, procurando uma forma de se esconder, e se acomodar, se protegendo e fugindo das investidas da razão e das pessoas que a detêm, dando as costas à realidade, acusando de estarem loucos aqueles que realmente detêm a razão e dela dão numerosas provas, preferindo viver sob o controle de pessoas perversas, que exploram sem piedade nossa sociedade que, em sua maioria, por razões que muitas vezes fogem ao seu próprio controle, privados até de sua própria vontade, não é mais do que maça de manobra, e números em estatísticas berrantes, frias, e vergonhosas.
Como uma nação é formada por pessoas, para que a nação possa melhorar, cada um de nós deve mudar. Cada um de nós deve se tornar uma pessoa melhor, desencadeadora de boas ações, que aspira compreender as tão faladas “ética” e “moral”, e a essência do “amor” e do “respeito ao próximo”, em todas as nossas relações humanas. Primeiramente, reconhecendo nosso fracasso nessa corrida louca dos chamados “homem moderno” e “mundo moderno” rumo ao futuro, na tentativa descontrolada de alcançar algo parecido com uma fórmula mágica que nos dará, quando quisermos, as coisas mais valiosas e de mais alta estima para o homem em toda a sua história, como a paz, o amor, a amizade, a felicidade, a compaixão, o respeito, satisfação, e tantas outras coisas iguais a essas, das quais não se consegue criar uma fórmula, falhando então o “mundo moderno” em nos dar aquilo que mais almejamos.
Wanderson Reginaldo Monteiro
– Vencedor do Prêmio “Marilene Godinho” de Literatura nas categorias Conto (2016) e Crônica (2017).
(São Sebastião do Anta – MG)