*Danilo Bruno
- O QUE É
Ritual é uma prática periódica e repetitiva de caráter coletivo e/ou individual, submetida a regras precisas que mantém sua importância e eficácia durante os anos.
A consagração de determinadas práticas para ser considerada ritual advém da tradição, costumes e/ou normas que definem as cerimônias: estas devem ser invariáveis ou, no mínimo, manter um núcleo principal durante tempo considerável. Essa perenização possui o desiderato de atribuir importantes virtudes às palavras, gestos, fórmulas e símbolos utilizados, compondo o ritual propriamente dito e buscando a produção de efeitos e resultados benéficos para os envolvidos.
Todo o processo ritualístico envolve doutrinas e ações não delimitadas, presentes em todas as ações diárias, inclusive podemos considerar ritual como atividades habitualmente praticadas, seja como etiqueta, regra ou menos no trato interpessoal.
A execução do ritual pode ocorrer em intervalos regulares e/ou momentos específicos, pode ser executada individualmente ou de maneira coletiva; ocorrer em local específico ou delimitar qualquer local com requisitos mínimos para sua prática; pode ser restrito a determinado grupo que possua os requisitos previamente estabelecidos ou ser aberto a todo e qualquer interessado.
Possui os mais diversos propósitos, desde atendimento a obrigações religiosas e/ou espirituais até satisfação de necessidades emocionais, perpassando pelo fortalecimento de laços sociais ou até mesmo pelo simples prazer de executá-lo.
Os diversos rituais são característicos de praticamente todas as sociedades humanas, incluindo desde ritos de adoração e culto a divindades até rito de passagens, como maioridade ou funerais, até os extremamente formais como simpósios científicos ou extremamente informais como cumprimentos sociais.
Como o inevitável progresso social, o desenvolvimento de valores culturais e religiosos mostra-se marcante, passando os ritos a simbolizar ideologias, ensinamentos e tradições, transformando-se em verdadeira fonte de vivência e experiências aptas a melhorar os que o praticam de maneira consciente e contínua.
- QUAIS PRÁTICAS COTIDIANAS VOCÊ CONSIDERA RITUAIS
Como supramencionado, um ritual também pode ser caracterizado como ações rotineiras, regras de convivência, etiquetas de comportamento, enfim, práticas habituais.
Assim, podemos concluir que estes não estão apenas ligados a motivos religiosos, místicos ou espiritualistas, pois qualquer prática habitual que apresente padrões e procedimentos típicos e repetidos durante certo período de tempo pode ser considerado ritual. Nessa linha de pensamento e observação, podemos concluir que a vida social apenas é possível caso compreendamos os cotidianos rituais que a compõem.
Como exemplo típico, podemos citar os jantares sociais e/ou familiares, onde os presentes partilham de um dos rituais mais antigos da humanidade, dividir o alimento e histórias.
- DIFERENÇAS ENTRE RITUAIS COTIDIANOS E RITUAIS DE UMA ORDEM INICIÁTICA
Considerando tudo quanto retro mencionado, podemos resumir afirmando que toda e qualquer prática reiterada e apta a ser considerada ritual deverá, necessariamente, ser composto por gestos, palavras, ações e práticas bem definidas e determinadas, estas deverão visar a produção de efeitos ou a possibilidade de alcançar determinados resultados pretendidos.
Normalmente quando se menciona um ritual, logo vem à mente algo como uma prática mágica ou mística, associando-se de pronto a cerimônias realizadas em ordens esotéricas, exotéricas ou sociedades secretas. Esta visão é correta, conforme o quanto já explanado acerca de práticas ritualísticas.
Como vimos, até mesmo uma pessoa metódica que realiza suas coisas de forma notadamente organizada e segue sempre uma sequência pré-determinada, pratica diuturno ritual. Desse modo pode-se dizer por exemplo: “Preciso esperar minha esposa realizar o seu tradicional ritual de se arrumar para sair”. Neste sentido a palavra ritual pode ser usada com um sentido aproximado ao da palavra hábito.
Da mesma forma, certas práticas jurídicas ou políticas podem ser entendidas como sendo um ritual. Na atual conjuntura política, o assunto muito importante é a reforma da previdência e, em recente entrevista, o Ministro da Justiça explanou que preferia um rito mais célere para tramitação do projeto de emenda à Constituição, porém acatou conselho do presidente da Câmara dos Deputados, que sugeriu um rito diverso a ser seguido, esclarecendo que conduziria o processo da melhor forma possível, de acordo com o arcabouço legal, doutrinário e jurisprudencial pátrio.
Assim, percebemos a ampla gama de significados que um ritual pode conter, desde os mais simples atos diários, como as reuniões dos Clubes de Serviço como Lions, Rotary, até o cerne de Ordens Iniciáticas como a Maçonaria, Ordem Demolay, Filhas de Jó e Estrela do Oriente. Importante ressaltar a antiguidade e perenização de certas práticas ritualísticas que possuem a virtude de contribuir para o engrandecimento e evolução de seus membros, na esperança que estes sejam reverberados para a comunidade em busca de um mundo melhor.
DANILO BRUNO LOURO DE OLIVEIRA é advogado, Membro da Loja Maçônica União e Justiça Nº 27, de Poções – BA, filiada à Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia, Cavaleiro de Malta no Rito York, Orador Estadual do Grande Conselho da Ordem Demolay para o Estado da Bahia e Membro Correspondente da Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas-AMLM.