Paratleta caratinguense busca ser ultramaratonista

Carlão saiu de Caratinga em 1993, aos 25 anos de idade, e atualmente reside no Espírito Santo

CARATINGA- O paratleta caratinguense Carlos Eugênio Bastos Ramos, o Carlão, está em visita à sua terra natal. Em um bate-papo com o DIÁRIO ele falou sobre sua trajetória e os projetos de se tornar um ultramaratonista.
Carlão saiu de Caratinga em 1993, aos 25 anos de idade e há 31 anos mora fora. Atualmente, ele reside no Espírito Santo. “Muita lembrança daqui, muita saudade da terra, dos amigos que eu fiz, família. Caratinguense nato. Por coincidência, estava com a agenda marcada pra vir pra Caratinga sem saber que era aniversário da cidade. Na estrada, que descobri que era feriado em Caratinga, sinceramente, me perdi nessa data. Mas, sempre bom estar aqui”.
Ele se recorda que iniciou na natação aos 9 anos de idade, devido à bronquite. Mas, um acidente mudou tudo na vida de Carlos Eugênio, ainda na adolescência. “Minha mãe me colocou pra nadar no Esporte Clube Caratinga, mas só mesmo por causa da saúde. Aos quinze anos de idade, passando férias em Piúma, sofri um acidente de moto, onde eu vim perder a minha perna direita. Vida normal, vida que segue. Mas, dos 15 anos, em 1985, onde foi meu acidente, até 1997 nunca mais participei de nada, nunca mais nadei. Até que um dia pensei, morando no Espírito Santo, que, poxa, o que eu mais gosto é fazer é nadar. Tô morando de frente pro mar. Comece a nadar. Em 2011, tive um problema de circulação, onde tive que amputar a segunda perna. Tive que parar mais um ano, me cuidar para depois voltar. Mas, voltei no tênis de mesa, pois, não tinha minha cadeira anfíbia”.
Já com vontade de fazer competição no mar, em 2009, Carlão teve a oportunidade de ir para Itajaí/Santa Catarina, onde conheceu o paradesporto. Através de uma paratleta, ele foi apresentado ao Clube Roda Solta. Ao mesmo tempo, começou a jogar handebol em cadeira de rodas.
Questionado sobre o que o esporte representa, ele destaca uma palavra importante: vida. “Muito feliz de dentro do paradesporto conhecer pessoas com várias deficiências, dificuldades e ali tive a certeza de que os problemas que achamos muito grandes, são pequenos. O esporte me ensinou muita coisa também nesse sentido, de aprender, olhar pra trás. Vi pessoas sem os dois braços, as duas pernas, nadando, jogando handball, fazendo atletismo. É o que o esporte mais me deu, valorizar as pessoas. E sou uma delas, né?”.
O paratleta deixa sua mensagem de motivação. “Qualquer um pode. Você que está sentado aí, tendo uma certa deficiência ou tem uma pessoa, um parente que tem uma deficiência, não ficar só esperando. Ir atrás dos seus sonhos. Tentar para conseguir”.
Colecionando conquistas, como primeiro atleta com deficiência masculino a completar o desafio de 10km na Lagoa de Cima, Carlão destaca que a busca por patrocínios e apoiadores é uma batalha. “A cada dia, a gente bate na porta, ouve muitos nãos, mas é essencial o apoio, porque, por exemplo, sem o apoio dos patrocinadores, não seria possível estar realizando esse sonho de me tentar tornar um maratonista. É um esporte que se torna caro, porque é muita viagem, é muita coisa, então, sem o apoio dos colaboradores, dos patrocinadores, seria impossível”.
Os agradecimentos vão para o Programa Bolsa Atleta da Prefeitura Caratinga, Supermercado Soares, Fervel, Livia Lyra Saúde Vascular, Brunner Automóveis, Ascari Assessoria, Clube do Farol, Estação Azul, Adefi e Engita Naval.
E os projetos continua. “Retorno para Piúma, treinar duro até dia 7 de setembro, quando viajo para Angra dos Reis, para tentar fazer o desafio 16 km. Esse é o objetivo principal de 2024”.