Ipatinguense Diego Costalonga faz sucesso nas redes sociais com a história de suas conquistas como vendedor ambulante de doces
CARATINGA – O DIÁRIO entrevistou o ator, modelo e empreendedor Diego Costalonga. O ipatinguense faz sucesso nas redes sociais, conhecido como “vendedor de felicidade”. O apelido é fruto de abordagem que ele realiza pelos bares de Ipatinga, como ambulante vendedor de doces. Com o ofício, ele conseguiu inclusive custear viagens para fora do País.
Confira a entrevista com a repórter Nohemy Peixoto.
Como você começou essa venda de doces?
Essa venda de doces começou bem antes da pandemia, já tem uns dois anos. Estava sem emprego e queria para a Colômbia, eu tinha um amor lá, uma ex-namorada. E depois disso comecei um trabalho, queria ver ela e o trabalho não estava me rendendo muito dinheiro. Pesquisei no YouTube uma forma de me agregar dinheiro de forma rápida. Vi um cara que vendia brigadeiro, ele disse que fazia R$ 1.000 por semana. Inicialmente pensei que fosse mentira, mas, resolvi investir. Peguei R$ 30, comprei leite condensado, cacau e fiz minha primeira remessa. Saí para vender nos bares perto de casa. Vendi todos. Voltei com uma renda boa para a casa. Daí coloquei mais dinheiro, comprei mais leite condensado, fui fazendo mais e vi que era verdade. Dá para fazer muito dinheiro vendendo brigadeiro. Assim começou, em um mês comprei a passagem.
E a receita?
Vi esse cara fazendo, na primeira vez fiz de uma forma simples, quando eu vi que estava tendo uma repercussão, comecei a pesquisar mais na internet para fazer um excelente produto. Já estava entrando uma grana, comprava o melhor leite condensado, o melhor cacau. Ia fazendo, aperfeiçoando e medindo na minha receita. Eu como também (risos). Mas, eu ia experimentando, está forte demais, está fraco. E achei o ponto, o meu sabor, a minha felicidade.
Você começou com brigadeiro comum e foi passando para outros tipos de doce?
Sim. E hoje faço um de café, que é um sucesso. Quando fui na Colômbia, lá eles têm um toque muito forte para o café, tem muita coisa de café. Quando voltei de lá, pensei: “Cara, posso fazer o de café em Caratinga também”. Brasileiro gosta de café, mineiro adora café. Comecei a testar algumas receitas, chamo de laboratório de criação. Já fiz brigadeiro de acerola, de capim limão. Então, comecei a testar sabores para fazer um brigadeiro de café. Hoje tenho um brigadeiro de café bem forte e bem conhecido na minha cidade, que sai muito. Ele sai mais que o brigadeiro tradicional.
Além dessa viagem, você conseguiu visitar outros lugares vendendo doces…
Com brigadeiro, eu que estava sem trabalhar e comecei com R$ 30, fui para a Colômbia duas vezes, para a Costa Rica, no Panamá e uma outra viagem que fiz foi um mochilão pelo Brasil de três meses. Fui para Santa Catarina e fui conhecendo toda a costa, todo o litoral do Brasil até o Rio de Janeiro. Por que eu fiz isso? Porque eu queria explorar outra coisa. Percebi que o que eu estava empreendendo eu podia fazer em qualquer lugar, só precisava ter uma cozinha. E a coragem. A coragem eu já tinha, pegar meus doces, colocar em uma bandeja e sair de bar em bar. Vendo à noite, nos bares, como ambulante. Chego nas pessoas e ofereço o meu produto, elas olham, comem, gostam, comem mais, falam para outras pessoas. Nesse ciclo viajei para vários lugares. É possível fazer isso.
Como são as particularidades de vender de um lugar para outro?
Tem diferença. Em Ipatinga já sou um pouco conhecido nos bares pela constância de passar sempre sexta, sábado e domingo; na semana seguinte e na semana seguinte. A pessoa fala que comprou de mim e gostou, que gosta de café… Quando vendi em Florianópolis, por exemplo, ninguém me conhecia lá. Era a primeira vez, então, eu tive que voltar lá na minha primeira vez que vendi em Ipatinga, claro, já com mais experiência na minha fala, no como abordar, porque ninguém sai de casa para sentar num bar e pegar um brigadeiro. Tenho que conquistar aquela pessoa e fazer ela ter desejo de ter meu doce. No início, numa outra cidade, outro lugar, é um pouquinho diferente para entender quais palavras eu uso. Mas, não vendo brigadeiro, eu vendo felicidade. Só nessa fala aí, a pessoa já fica curiosa para o que eu tenho na caixa. Eu mostro, gera uma risada, alguma coisa, dá uma quebrada no escudo que a pessoa tem de um ambulante chegar e consigo converter em venda. Mas, dá um nervosinho de estar em outra cidade para vender (risos).
E quem não está à procura da felicidade?
Verdade. E é muito fácil ser feliz, aceito pix, cartão de crédito, débito (risos).
A abordagem é muito importante na hora de vender um produto…
Sim, é muito importante falar sobre isso. Recentemente, fiz uma live com um amigo, que eu estava falando disso. Eu vendo na rua, quem está ali no barzinho, bebendo cerveja, não saiu para comprar um brigadeiro, mas, para a cerveja e estar com os amigos. Vem alguém, a primeira coisa é já fazer tipo um ‘não’. Mas, eu tenho que ser ouvido, pelo menos rapidinho, preciso de pelo menos 30 segundos daquele cara. Fui desenvolvendo uma estratégia de fala, a partir de muito erro, de ‘não’ e ‘sim’. Quando eu tinha o ‘sim’ entendia qual palavra usei para converter em venda e também qual usei que a pessoa não quis.
Você leva quantos doces, em média?
Uns 200 mais ou menos. Vende tudo. Todo mundo quer a felicidade.
E como é lidar com o público?
Lidar com humano, meu Deus! Acho que já estou acostumado a ser ignorado, que está tudo bem. Ninguém saiu de casa para ser abordado ali. Mas, teve uma vez que fiquei triste, estava oferecendo meu produto, era um casal, falei que tenho um 100% cacau. Ele começou a discutir comigo dizendo que não é, que se fosse ninguém ia comer, que é muito forte. Eu expliquei que não é forte, que podia comer. Sempre tiro fotos dos produtos que eu compro, que alguém quiser ver a marca, e u mostro. Mostrei para o cara e mesmo assim ele não me acreditando, me colocando como mentiroso. Sou muito sensível, nesse dia fiquei muito triste, pensando porque aquele cara queria pensar que alguém estava mentindo. Mas, foi uma questão de sentimento minha. Existem coisas que às vezes acontecem, teve uma vez que estava oferecendo, deixei a bandeja na mesa e uma moça fez algum movimento e bateu a mão na bandeja. Caíram todos os meus doces no chão, uns 40 mais ou menos. Olhei para o pessoal da mesa, todos parados, pensei, vou esperar um pouquinho, respirei fundo, fiquei olhando e disse: “Alguém vai ter que arcar com isso”. A menina disse que coloquei na mesa, eu argumentei que ela derrubou. Eu já tinha entendido que perdi o dinheiro, mas, tem gente boa. Tinham dois caras sentados na mesa do lado, não tinham nada a ver. Perguntaram se aceito cartão, disse que sim e eles falaram que iriam comprar todos os doces pra eu não perder. Eu falei que caiu, eles disseram para não preocupar que ia comprar. Contei rapidinho, falei o valor, o cara pagou. Da mesa que derrubaram, ninguém abaixou para pegar. Os dois caras que não tinham nada a ver com a história estavam ali catando os brigadeiros comigo no chão. Voltei para o carro e chorei de felicidade por ter encontrado pessoas que foram no chão comigo para pegar, não pela venda. Fui ver a ação daqueles caras que não me conheciam, não tinham nada a ver com meu problema, só querendo fazer o bem.
No início, você tinha o objetivo romântico. Agora qual seu objetivo com a venda dos doces?
Começou com as viagens e eu fiz. Agora, já está em um patamar diferente. Agora tenho reconhecimento que no início eu não tinha, pela constância, repetição, por mostrar nas redes sociais, estão achando bacana. O lucro que faço com meus doces, invisto também no mercado livre para ter mais um tipo de renda, fazer girar e agora um pequeno spoiler, pela repercussão que está dando, vou montar um ebook para ensinar outras pessoas a vender como eu. Quero que você também tenha coragem de começar, vou mostrar como abordar na rua, criar seu próprio roteiro para falar e criar desejo na pessoa. Com brigadeiro, picolé, biquíni, qualquer coisa. Só é preciso ter coragem.
Para encerrar, qual sua mensagem para os internautas e leitores do DIÁRIO?
Meu instagram é @diegocostalonga. Lá todos os dias posto alguma coisa sobre empreendedorismo, como é comprar o material e fazer. Aproveitando, você que quer começar alguma coisa do zero, tenha coragem, vendo brigadeiro na rua, no barzinho, com uma bandeja e já fui em vários lugares fazendo isso, outros países. É possível, só precisa ter coragem.
- O ator, modelo e empreendedor Diego Costalonga
- Diego Costalonga concedeu entrevista para a repórter Nohemy Peixoto